Sunday, December 27, 2009

ESTAIS CHEIO DELE

O xeque Mansour Bin Zayed Al Nahyan, milionário “patrão” do Manchester City, terá feito uma proposta de mil milhões de euros para adquirir o Real Madrid, noticia hoje o diário desportivo espanhol As.

Uma fonte não identificada pelo diário revelou ao As que o xeque “mandatou um grupo de intermediários para oferecer mil milhões de euros pela propriedade integral do Real Madrid”, onde alinham os futebolistas portugueses Cristiano Ronaldo e Pepe.

Apesar dos valores em causa, a oferta do xeque do Abu Dhabi colidirá com os estatutos do clube madrileno, que apenas poderá ser alvo de um negócio deste calibre se for transformado em sociedade anónima desportiva, o que só será possível com o aval dos associados.

Segundo o As, os intermediários do xeque e o presidente do Real Madrid, Florentino Perez, deverão reunir-se no início do próximo ano para discutir a proposta.

Caso o milionário negócio avance, Mansour Bin Zayed Al Nahyan teria de se desfazer do Manchester City, pois os regulamentos da UEFA impedem que dois ou mais clubes tenham o mesmo proprietário

Thursday, December 24, 2009

CHAMA O XAMÃ

Na montanha, no deserto, no tribunal
chama, chama, chama o xamã
na multidão, no bordel, no bacanal
chama, chama, chama o xamã
no rock, no punk, no carnaval
chama, chama, chama o xamã
no México, na América, em Portugal
chama, chama, chama o xamã
na alegria, na festa, no ritual
chama, chama, chama o xamã

O POETA É LOUCO



O poeta é louco
e a TV dispara hipocrisias
o poeta é louco
e naufraga no café a meio da tarde
o poeta é louco
e vocifera contra os cidadãos de sucesso
o poeta é louco
e cai na ribanceira
o poeta é louco
e está longe da menina
o poeta é louco
e a vida é um tédio.

ESTADO DE GRAÇA

ESTADO DE GRAÇA

Há três dias consecutivos que estou em estado de farra e rock n' roll. Foi o cacau que veio do jornal, foi a festa do Manuel do "Guarda-Sol", foi o "meddley" a matar no "púcaros" com o "Poema de Amor Inocente Em Jeito de Manifesto Autárquico para a Cidade do Porto" e a "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro", foram também as palavras provocatórias introdutórias no "Art 7" de São João da Madeira do Angel e do Vitó. Depois houve aquela cena absolutamente "non-sense" nos Aliados, o gajo da câmara de filmar, o gajo do microfone a perguntar se eu era um homem que acreditava na sinceridade e depois a ficar 10 minutos calado e eu sem saber o que dizer. Uma cena absolutamente surrealista. Depois pediu-me para encostar o ouvido dele à minha barriga de cerveja. Eu deixei. As perguntas provocatórias sobre a homossexualidade, o abraço. Enfim, o gajo disse que o trabalho era só para ele. Vamos ver. Regressamos ao ecrã.
A verdade é que me sinto novamente em estado de graça, próximo dos deuses e do espíritos. Capaz de teorizar sobre a situação de palco. As bocas que tu mandas, as provocações, o gozo com a campanha política permanente têm resultado. Não é chegar ali e "vomitar" os poemas. Há que fazer um enquadramento quando nos sentimos à vontade para isso. É esta a nossa profissão, o nosso trabalhinho.

António Pedro Ribeiro

Tuesday, December 22, 2009

LIBERDADE

LIBERDADE



Vim ao mundo gratuitamente

não tenho de pagar o que como

nem o que bebo

não tenho de pagar

a ponta de um corno pela vida

nem tenho de trabalhar

para pagar o que como

e o que bebo

não tenho de me sacrificar

por coisa nenhuma

a vida é livre e gratuita

só faço o que quero

o que me dá na real gana

e é isto que vos tinha a dizer.

Friday, December 18, 2009

O AMOR

in PORTUGUESIA - a contraantologia (2009)



O AMOR



Os amigos dizem que eu só escrevo sobre mim

que eu só vomito poemas sobre mim

que ando com o ego inflamado

os amigos existem

tal como os bêbados e as flores

tal como os fofoqueiros pagos da tarde

tal como Cristo e o amor

sim, o amor

que eu sinto por ti

o amor que eleva

o amor para lá dos políticos

o amor para lá dos partidos

sim, o amor

essa coisa

que me tira da merda

essa coisa

que queima como o whisky

essa coisa

que desarma

e me despe de vaidades

que vem ter comigo quando ris

que vem ter comigo quando choras

que me dizes para parar de beber

o amor

o amor

essa coisa

essa coisa

essa coisa...

Sunday, December 13, 2009

ORFEUZINHO

Apesar de faltar o homem da concórdia, o "Orfeuzinho" é o café da concórdia. Os homens discutem a república e a cerveja da Alemanha. Os homens chegam a consenso sem necessidade de mediadores da ONU. Os homens coexistem pacificamente, amistosamente e trocam dinheiro por mercadorias. ESte é o lugar da sabedoria sensata. Os homens tratam-se como iguais e respeitam as mulheres. Este é o lugar da concórdia. Até vem cá o bigodes bebedolas que está preocupado com a morte e que pragueja. Aqui no "Orfeuzinho" fala-se da vida. Conta-se a vida. Vive-se. E o empregado ao balcão é um filósofo, faz maiêutica com os clientes. Um Sócrates atrás do balcão. O bigodes bebedolas protesta contra as leis. Até diz mal da polícia. Temos aqui perigosos subversivos. Aqui no "Orfeuzinho" há de tudo. Filósofos, conquistadores, subversivos. É assim que a vida rola. E eu acabo a segunda cerveja. O Pinto aperta o cinto. O autocarro vai cheio. Felizmente, deixei de andar de autocarro. Ontem é que estava bem com a Alexandra. Entendo-me bem com ela. Até me abraçou por causa do poema. Tenho uma luz por ela. É uma gaja muito fixe, sem preconceitos.

Thursday, December 10, 2009

UM POETA NO PIOLHO


POETA NO PIOLHO

Integrado nas comemorações dos 100 anos do café Piolho, no Porto, A. Pedro Ribeiro lança o livro "Um Poeta no Piolho" (Corpos Editora), só com textos escritos no Piolho, no próximo sábado, 12, pelas 17 h. A apresentação do livro vai estar a cargo do escritor Raúl Simões Pinto e conta também com a presença do editor Ricardo de Pinho Teixeira. A. Pedro Ribeiro é autor dos livros de poesia e manifestos "Queimai o Dinheiro" (Corpos, Março de 2009), "Um Poeta a Mijar" (Corpos, 2007), "Saloon" (Edições Mortas, 2007), "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" (Objecto Cardíaco, 2006), "Sexo, Noitadas e Rock n' Roll" (Pirata, 2003) e "Á Mesa do Homem Só. Estórias" (Silêncio da Gaveta, 2001). Foi fundador da revista literária "Aguasfurtadas" e colaborador de diversas revistas e fanzines como "Portuguesia", "Cráse", "Voz de Deus", "Bíblia" e "Conexão Maringá" (Brasil). Diz poesia e faz performances poéticas e poético-musicais, tendo actuado nos Festivais de Paredes de Coura 2006 e 2009 e recentemente nas "Quintas de Leitura" do Teatro Campo Alegre. Foi activista estudantil na Faculdade de Letras do Porto, onde se licenciou em Sociologia. Foi jornalista e é cronista. É vocalista das bandas Mana Calórica e Las Tequillas.

Wednesday, December 9, 2009

GLÓRIA-PARTE IV


Escrevo. São seis da madrugada. Não consigo dormir. Escrevo o que vem do coração. Sou Jesus. Sou Morrison. Sou Nietzsche. Amo a Humanidade. A Humanidade despojada de Poder e de Dinheiro. O meu único poder é o poder da palavra. Ultimamente tenho feito os outros rir. Se calhar, tenho de virar o disco. Cantar o caos e o amor. Este será um grande dia. Se não adormecer entretanto percorrerei as ruas de Braga manhã cedo. Percorrerei as ruas de Braga em busca de glória. Percorrerei as ruas de Braga e amarei o humano dos homens e das mulheres. O humano que resta nos corações dos homens e das mulheres. E levarei comigo o padre Mário. O livro do padre Mário, o "Novo Livro do Apocalipse ou da Revelação" faz-me renascer como o "Plexus" de Henry Miller. Já não sou o mesmo. Tenho mesmo uma missão na Terra. Escreverei livros e levarei a mensagem seja onde for. "Queimai o Dinheiro" já é um sinal, "Da Merda até Deus" será outro. Mas tenho de publicar as minhas prosas. Neste tom profético que já tem sido publicado na "Voz da Póvoa". Acredito no Homem, sou forçado a acreditar no Homem como Che Guevara acreditava. Não tenho nada a perder. Este é o caminho que tenho de seguir. Não há aqui dogmas, não há meias-palavras, não há cedências ao capitalismo ou ao Grande Irmão. Eu, António Pedro Ribeiro, 41 anos, renasço esta madrugada. Abençoado pela luz do padre Mário Oliveira. Abençoado pelo palco e pelos aplausos. Fascinado pela demanda do Graal, que é a mulher, que é Madalena. Eu, António Pedro Ribeiro, 41 anos, declaro-me revolucionário, filho das flores e do Maio de 68. Amante da Paz e da Liberdade. Poeta do caos e do amor. Profeta da rebeldia.

Tuesday, December 8, 2009


Regresso aos cafés
e ao "Nova Onda"
da senhora bonita
também há mulheres bonitas
na televisão
aqui na "nova Onda"
há alguma juventude
ontem no "Pinguim"
foi bom
não foi a glória
da semana passada
mas foi bom
no sábado tenho
a apresentação do livro
no "Piolho"
acaba-se o cacau
mas vem o livro
uma coisa compensa a outra
hoje não estou com grande pedal
estou como o tempo
cinzento
não há brilho
um bom dia para dormir
publicaram o poema "Ressaca"
num blogue semi-erótico
até me esqueço dos poemas
do "Á Mesa do Homem Só"
alguns são do melhor que tenho
como essa "Ressaca"
como a de hoje:
"Na ressaca das noites ébrias
crio cenários
liberto pássaros
absorvo conversas
tudo parece absurdo convencional
diante do meu fogo
diante da embriaguez permanente."
É um grande poema
não há dúvida
tenho de voltar a publicá-lo
neste "Poeta no Piolho"
voltei aos poemas do passado
e a mulher pede uma esquadra
tem havido roubos
e alguma violência
na zona
coisas que me passam ao lado
a minha violência é a da Grécia
a violência revolucionária
que parte bancos e montras
nada tenho a ver com assaltos
e agressões
até assinei a petição
bem sei que não gosto de polícias
mas fiz a vontade à mulher
sempre é bonita e jeitosa
definitivamente
a minha guerra não é esta.

GLÓRIA

Pedro Ribeiro - Glória-Parte IV

Escrevo. São seis da madrugada. Não consigo dormir. Escrevo o que vem do coração. Sou Jesus. Sou Morrison. Sou Nietzsche. Amo a Humanidade. A Humanidade despojada de Poder e de Dinheiro. O meu único poder é o poder da palavra. Ultimamente tenho feito os outros rir. Se calhar, tenho de virar o disco. Cantar o caos e o amor. Este será um grande dia. Se não adormecer entretanto percorrerei as ruas de Braga manhã cedo. Percorrerei as ruas de Braga em busca de glória. Percorrerei as ruas de Braga e amarei o humano dos homens e das mulheres. O humano que resta nos corações dos homens e das mulheres. E levarei comigo o padre Mário. O livro do padre Mário, o "Novo Livro do Apocalipse ou da Revelação" faz-me renascer como o "Plexus" de Henry Miller. Já não sou o mesmo. Tenho mesmo uma missão na Terra. Escreverei livros e levarei a mensagem seja onde for. "Queimai o Dinheiro" já é um sinal, "Da Merda até Deus" será outro. Mas tenho de publicar as minhas prosas. Neste tom profético que já tem sido publicado na "Voz da Póvoa". Acredito no Homem, sou forçado a acreditar no Homem como Che Guevara acreditava. Não tenho nada a perder. Este é o caminho que tenho de seguir. Não há aqui dogmas, não há meias-palavras, não há cedências ao capitalismo ou ao Grande Irmão. Eu, António Pedro Ribeiro, 41 anos, renasço esta madrugada. Abençoado pela luz do padre Mário Oliveira. Abençoado pelo palco e pelos aplausos. Fascinado pela demanda do Graal, que é a mulher, que é Madalena. Eu, António Pedro Ribeiro, 41 anos, declaro-me revolucionário, filho das flores e do Maio de 68. Amante da Paz e da Liberdade. Poeta do caos e do amor. Profeta da rebeldia.

Saturday, December 5, 2009

SOU DO WHISKY

Volto ao whisky
e a coisa arde
volto ao whisky
e a coisa morde
õs amigos e as amigas
pagam-me as despesas
volto ao whisky
e escrevo à mesa
volto ao whisky
espero um amigo
volto ao whisky
e a coisa dança
pode ser que alucine
volto ao whisky
e a coisa dói
sou do whisky
como o Ribeiro
àgua de ouro
àgua que queima
volto ao whisky
no rio Douro
volto ao whisky
e sou do Porto
estou no "Piolho"
o sangue corre
sou do whisky
sou o primeiro
até que bata
até que mata
sou do whisky
o dia inteiro.

Tuesday, December 1, 2009


Chego ao "Piolho" e escrevo
o livro já está quase pronto
comprei mais dois
dos usados a 1 euro
"Imitação de Cristo"
e "Nome de Guerra"
de Almada Negreiros
isto no Porto e no "Piolho"
é outra vida
sempre é a segunda cidade do país
não é como na aldeia
sempre a morrer
não se passa nada
daqui a bocado
aparece o Simões
tenho o curriculum literário
para entregar-lhe
o cão ladra lá fora
e eu estou cheio de speed
até vou pedir um fino
o dia está a começar
e amanhã os trabalhadores
não trabalham
para mim é igual
é mais uma noite de diversão
até vou voltar ao "Pinguim"
tenho cacau nos bolsos
e vou ficar até de manhã
não ando com muita
vontade de ler, é certo
mas deve ser coisa passageira
mais um livro:
o oitavo
a caminho
isso é que conta
não a vidinha
nem as conversas
do senso comum
este poema nem é
dos melhores
que tenho escrito
ultimamente
mas a coisa lá vai saindo
ao ritmo do fino
aqui no "Piolho"
e em mais lugar nenhum.

Sunday, November 29, 2009

SONHO

Sonho. Desperto. Sonho de novo com traições e caídas em desgraça. Eu próprio sou acusado de traição aos meus ideais. Depois acordo sobressaltado com o aparelho, nos braços da menina. São 6:30 da manhã. Não está ninguém no facebook. Está frio. Ouço New Order. Tenho de escrever mais e mais para chegar onde quero. O António disse-me para ir com calma. É sempre o mesmo sonho das traições, da subida aos céus e da queda em desgraça. Deve ter uma explicação. Antes sonhar do que alucinar. Quer dizer, dentro de certa perspectiva. Está frio. A minha mãe faz anos.

Wednesday, November 25, 2009

GLÓRIA

Minha rainha. Guia-me. Dá-me forças. estou a ficar sem pedal. Leva-me até ao fim. Glória. Glória. O mundo a nossos pés. Amo-te. Procuro-te na noite. Entre as putas da rua e as rainhas da cidade. Glória. Quero-te tanto. Que não te aguento. Vou até ao fim entre as tuas pernas. A cona. O sangue. A glória. Eis o que me interessa. Poeta maldito que vem das trevas. Pernas abertas. Meu amor. Meu amor. Foda. Foda. Vamos até ao fim como o Jim. Amanhã vamos às putas.

MINHA RAINHA


Acabo de vir do Púcaros. Já estoirei metade do cacau que trouxe do Campo Alegre. Tinha umas dívidas. Mas sinto-me excepcionalmente bem. Mesmo em cima. Ao som dos Led Zeppelin. Toda a força anímica. Vou continuar por aqui agora. Vou continuar por aqui até ao fim. O Artur Queiroz não me publicou o texto. Fica a pr´´oxima. Continuamos a puxar pelo Graal e pelo Quinto Império. Continuamos a curtir a noite. Poderíamos ter ido às putas mas não fomos. Paciência. Vamos continuar a gozar com esta merda toda. O que importa é o imaginário, o que importa é a alma. Não é o dinheiro. Não é a matéria. O que importa é a LIBERDADE. A puta da liberdade. É isso que nos mantém vivos, inteiros, divinos. Vamos prosseguir viagem. Vamos até ao fim. Vamos estoirar com esta merda toda. Que se fodam os polícias! Vamos partir os vidros dos carros de madrugada. Anda apanhar-me, ó Macedo Vieira! Anda chupar-me, ó Macedo Vieira! Não tenho medo de ti nem dos teus chefes. Não tenho chefes e quero que os chefes se fodam. Vamos incendiar o dinheiro tudo do mundo. Vamos incendiar-lhes os bancos, as bolsas e a puta que os pariu. Já nada tememos. Só andamos por aqui. A escrever de madrugada. Ao som dos Led Zeppelin. Não suportamos o caramelo que anda sempre a fazer-se às meninas. Já gostamos da mesma há 17 anos. E ela continua na Madeira. Pode ser que agora venha ter comigo. Comprar roupa nos shoppings. É de ti que gosto, Gotucha. É de ti que gosto, Goreti. Não fujas de mim agora. EStamos juntos. Juntos no Graal. Juntos por Portugal. Nada nos irá afastar agora. És a rainha dos meus sonhos. És o que há de mais puro. És a minha rainha até ao fim dos tempos.

O REI ARTUR


O REI ARTHUR E OS CAVALEIROS DA TÁVOLA REDONDA
O Mago Merlin

Há muitos e muitos anos, as ilhas Britânicas eram uma terra conhecida como Logres, rebatizada para Bretanha, em virtude da chegada dos romanos. Como era comum no seu império, Roma começou o processo de colonização da ilha, a lei e a ordem instalaram-se em sua nova colônia. Junto com o progresso, vieram também a religião cristã e seus inevitáveis conflitos com os povos pagãos, cujas crenças acreditavam nos espíritos da terra.
Com a queda do império cerca de 400 anos depois, os romanos abandonaram a ilha, deixando à margem uma ampla vantagem para piratas europeus dominarem o território. Embora líderes se opusessem aos invasores, seu poder de revide não era suficiente. Feudos foram criados, e o povo sentia cada vez mais uma necessidade de alguém, um rei que pudesse unificar as ilhas e trazer novamente a prosperidade e à paz. No meio de todos estes conflitos surgia um jovem de nome Uther, que começava a reunir forças contra o rei Vortigen, que manipulava saxões e dinamarqueses ao seu favor em troca da exploração da terra. Sua fama se espalhou e os feudos aos poucos iam juntando-se a seu reinado, e a Bretanha dava sinais de prosperidade futuramente.
Dentre os que não acatavam autoridade real estava o Duque de Tintagil, da Cornualha. Uther Pendragon fez-lhe uma proposta de paz, e o duque veio até o seu castelo para acertar os detalhes desse acordo. Levou consigo sua mulher, Igraine, que era muito bonita. Tão bonita que o rei se apaixonou por ela.
Antes que as negociações chegassem a um bom termo, o Duque de Tintagil notou a paixão de Uther por Igraine e, temendo enfrentar os cavaleiros do rei pela honra de sua mulher, resolveu partir com ela e seus homens, quando o rei soube de sua partida, se enfureceu e o chamou de volta sob ameaça de que na negativa, deflagraria a guerra. Com a resistência do Duque o rei ficou ainda mais irado e travou uma batalha feroz em que muitos morreram de ambos os lados.
Uther era auxiliado por um conselho de reis e cavaleiros, mas Merlin era o principal de todos eles e o ajudava em muitas ocasiões, inclusive a aproximar-se daquela que seria sua futura esposa, a Duquesa Igraine, do condado da Cornualha. Uther matou o duque com a ajuda de Merlin, para que não caísse em seus ombros a culpa do crime, com a promessa de que quando se deitasse com a duquesa, ela conceberia um filho que deveria ser entregue a ele assim que nascesse para que ele o criasse e educasse.
Não foi difícil ao rei jurar a Merlin que assim seria feito, pois seu amor por Ingraine era imenso.
Embora tudo florescesse como um novo amanhecer para as ilhas, logo após o menino nascer e receber o nome de Arthur, Merlin o chamou e o fez cumprir a promessa.
O mago foi direto em sua colocação: sabia que o fim de Uther estava próximo, e temia pela vida do jovem Arthur. Tomado por grande dor, Uther concordou em que Merlin escondesse seu filho, para que pudesse reclamar o trono quando fosse chegada a hora. Não tardou até que Uther fosse acometido de uma febre que lhe ceifara a vida. Seus homens passaram a duelar entre si, e os saxões, contemplando o novo caos que se instalava, trouxeram seus exércitos, e conquistaram mais e mais postos. Arthur fora entregue sob os cuidados de Sir Hector, um nobre cavaleiro e tomado como filho adotivo.
O tempo passou e cerca de dezoito anos depois, surge Merlin dos vales profundos da região de Gales, fazendo um caminho reto até Londres. Ao chegar, mandou uma mensagem ao arcebispo da Cantuária, que um novo rei estava para surgir, e ele seria ainda mais glorioso que Uther sequer imaginaria ser. Dias de paz se aproximavam e todos os nobres deveriam comparecer à catedral no dia do nascimento de Cristo para saber quem ele seria. E o prestígio de Merlin era tamanho que ninguém, pagão ou cristão era louco o suficiente para desfazer de suas palavras. No dia marcado, todos se encontravam dentro da catedral quando ao sair encontraram uma espada incrustada numa pedra com os seguintes dizeres:
"Aquele que arrancar da pedra essa espada será o legítimo rei de toda a Bretanha".
E eis que muitos tentaram e nenhum deles conseguiu. Indagavam entre si quem seria capaz de fazê-lo. Merlin sugeriu um torneio, a ser realizado no ano novo, para facilitar a procura. Logo a notícia se espalhou e cavaleiros de todas as localidades convergiam até Londres, na esperança de ser aquele que conseguiria realizar a façanha. Sir Hector também viera para o torneio, e trouxera Arthur, que servia de escudeiro para Kay, seu irmão adotivo. Com o torneio prestes a começar, Kay notara uma falha imperdoável: na pressa de competir, esquecera sua espada na estalagem onde estavam. Pediu a Arthur que fosse buscá-la sem demora, mas qual a surpresa do jovem e encontrar o local fechado, sem ninguém para abri-lo. No caminho de volta, Arthur encontrou a espada enterrada na pedra, e na pressa de ajudar Kay, não pensou muito: desceu do cavalo, puxou a espada sem muito esforço e, sem ter tempo para ler o que estava escrito na pedra, voltou rapidamente o torneio.
Kay, ao ter a espada em mãos logo a reconheceu, e um tumulto formou-se. Ninguém acreditava que Arthur, um menino, conseguiria fazer tamanha façanha. Voltando ao local, depositaram a espada novamente em seu lugar e todos tentaram, mais uma vez, um a um. Somente Arthur foi capaz de fazê-lo, mais uma vez, e quantas vezes foram necessárias até que o povo o aclamasse rei, e os demais, vendo que não poderiam governar com a antipatia do povo, reconheceram como Rei de toda a Bretanha.
Para governá-la, era preciso unificá-la. Arthur, reino após reino, ia juntando aliados, derrotando inimigos e trazendo paz e esperança. Uma ordem formou-se no dia de seu casamento – A Ordem da Távola Redonda – reunindo os melhores cavaleiros de todo o reino. Juntos eles aumentavam ainda mais a popularidade e o senso de justiça do Rei Arthur. Não tardou para que a Bretanha atingisse sua meta de unificação, e o rei só não ousou adentrar mar adentro e conquistar outras terras, pois temeu por traição.
Manter a paz era mais difícil do que conquistá-la, principalmente com conspiradores dentro do reino. Um de seus opositores era a sua Morgana, sua meia-irmã. Ela, e mais o ócio a que os cavaleiros se submeteram após a unificação das ilhas levou-os a um ostracismo tamanho, no qual intrigas da corte – o amor de Lancelot pela Rainha Guinevere, o desaparecimento de Merlin – contribuíram, para que em algum tempo, cada um tentasse rebuscar uma glória que não existia mais. A busca pelo Santo Graal – o cálice que Cristo usou em sua última ceia – foi uma tentativa nobre pelos fins, mas jamais pelos meios. Incontáveis cavaleiros perderam suas vidas nesta busca, e assim que Galahad, filho de Lancelot conseguiu arrebatá-lo, o reinado de Arthur e a ordem da Távola não passavam de simples fantasmas. A decadência tomou conta da terra que um dia se chamou Logres.
Em batalha com seu filho Mordred, Arthur foi mortalmente ferido, e então, de forma tão majestosa como aparecera, desapareceu dos olhos humanos numa barca em direção à Avalon, uma terra mágica de onde lhe fora confiada Excalibur, a mais poderosa de todas as espadas.
Em seu lábio, uma promessa. A de voltar quando sua terra necessitasse.
Não foi o fim da lenda. Mas o começo.
E no túmulo que ele foi supostamente enterrado lê-se o epitáfio:
Aqui jaz Arthur, rei que foi - rei que será.

SILVIA TREVISANI

Monday, November 23, 2009

MORTE AO CAPITALISMO, ÀS BOLSAS E AO MERCADO!

Morte ao capitalismo, às bolsas e ao mercado! O Deus-dinheiro comanda as nossas vidas, dá cabo das nossas relações, destrói a vida. O Deus-dinheiro, aliado às bolsas e ao mercado, promove a morte, a competição, o passar por cima do parceiro do lado, o salve-se quem puder. A linguagem do Deus-dinheiro é a linguagem dos economistas, dos gráficos, dos orçamentos, das percentagens. A linguagem do Deus-dinheiro reduz o homem a mercadoria, a número, a vegetal. Urge acabar com o capitalismo antes que o Deus-dinheiro nos destrua a todos.

Friday, November 20, 2009

O DIA TRIUNFAL


O DIA TRIUNFAL

António Pedro Ribeiro


Estou em Braga e este é um dia triunfal, um dos mais felizes da minha vida. Tenho apenas uns trocos mas sou feliz. Abençoado por Zaratustra e pelos pássaros da manhã. Sou a criança sábia. Estou a regressar á infância. Não tenho de fazer pactos com a social-democracia nem com os Sócrates deste mundo. Não tenho de me ajoelhar diante do grande capital ou dos senhores do dinheiro. Sou um homem livre. Escrevo o que quero. Assumo o que quero. Sou o que quero. Nem sequer preciso de Deus, caro padre Mário. Basta-me o Jesus que expulsou os vendilhões do templo. Expulsar os vendilhões do templo, é isso que temos de fazer agora. Expulsar os senhores do dinheiro, do poder e da vida. Expulsá-los da vida. Eis a nossa missão na Terra. Demandar o Graal, o sagrado feminino, o amor das mulheres. Não devemos nada a ninguém. Entraremos na casa das pessoas como Jesus e Sócrates. Sem dinheiro. Somos deuses. Comportamo-nos como reis no mundo do dinheiro, da intriga, da mercearia. Não podemos ser iguais aos outros. Nascemos de graça, na graça do divino. Nascemos e vivemos na dádiva, no coração, no espírito. Somos absolutamente livres. Amamos a eternidade do instante. Por isso, às vezes somos doidos, completamente fora. Não temos limites. Não somos formatados pela tradição ou pelo medo. Dançamos na corda-bamba de Nietzsche. Provocamos como Debord, como os surrealistas, como os dadaístas. Gozamos com o quotidiano imbecil dos outros porque queremos provocá-los, trazer-lhes a luz. E é a luz que vemos neste momento. A luz que queremos trazer aos outros, aos que ainda não estão completamente mortos para a vida. É a vida que queremos, não a vidinha das trocas, do mercado e do tédio. Sentimo-nos iluminados mas não somos mais do que os outros. Apenas diferentes. E exigimos sermos respeitados como tal. Somos do mundo. Deste mundo e não do outro. Profundamente deste mundo. "Humanos, Demasiado Humanos". Desde a infãncia que pensamos mais do que os outros, que questionamos mais do que os outros, que observamos a realidade mais do que os outros. Nascemos com um dom. Já atravessamos muitos desertos, muitas idades de dor mas agora estamos curados. Estamos de volta á Idade do Ouro dos anos 80 e 90. Mas mais sábios, mais purificados, mais livres. Estamos prontos para enfrentar a cidade. Chegàmos à idade de passar a mensagem. Este é o poema. O poema em prosa que há muito queríamos escrever. O poema bendito e maldito. O início do novo livro. O livro que pretende mudar a face da Terra. O livro que se dirige ao mundo. O livro que escrevo com o meu próprio sangue.

Thursday, November 19, 2009

MENINA LINDA


MENINA LINDA

Menina linda
Que estás ao balcão
Menina linda
Que varres o chão
Menina linda
Que vens
Sorris
E mostras a pele
Menina de mel
Por quem suspiras
No moinho de pedra
No castelo da Escócia?

Quando olho para ti
Vejo o mar
Vejo o amor
Menina-amor
Menina-flor

PROFETA DA REBELDIA


Escrevo. São seis da madrugada. Não consigo dormir. Escrevo o que vem do coração. Sou Jesus. Sou Morrison. Sou Nietzsche. Amo a Humanidade. A Humanidade despojada de Poder e de Dinheiro. O meu único poder é o poder da palavra. Ultimamente tenho feito os outros rir. Se calhar, tenho de virar o disco. Cantar o caos e o amor. Este será um grande dia. Se não adormecer entretanto percorrerei as ruas de Braga manhã cedo. Percorrerei as ruas de Braga em busca de glória. Percorrerei as ruas de Braga e amarei o humano dos homens e das mulheres. O humano que resta nos corações dos homens e das mulheres. E levarei comigo o padre Mário. O livro do padre Mário, o "Novo Livro do Apocalipse ou da Revelação" faz-me renascer como o "Plexus" de Henry Miller. Já não sou o mesmo. Tenho mesmo uma missão na Terra. Escreverei livros e levarei a mensagem seja onde for. "Queimai o Dinheiro" já é um sinal, "Da Merda até Deus" será outro. Mas tenho de publicar as minhas prosas. Neste tom profético que já tem sido publicado na "Voz da Póvoa". Acredito no Homem, sou forçado a acreditar no Homem como Che Guevara acreditava. Não tenho nada a perder. Este é o caminho que tenho de seguir. Não há aqui dogmas, não há meias-palavras, não há cedências ao capitalismo ou ao Grande Irmão. Eu, António Pedro Ribeiro, 41 anos, renasço esta madrugada. Abençoado pela luz do padre Mário Oliveira. Abençoado pelo palco e pelos aplausos. Fascinado pela demanda do Graal, que é a mulher, que é Madalena. Eu, António Pedro Ribeiro, 41 anos, declaro-me revolucionário, filho das flores e do Maio de 68. Amante da Paz e da Liberdade. Poeta do caos e do amor. Profeta da rebeldia.

Wednesday, November 18, 2009

IGUAIS AOS DEUSES




IGUAIS AOS DEUSES

António Pedro Ribeiro


Acordo de madrugada. Penso que sou um rei em cima do palco. As mulheres acham-me piada e riem-se para mim. Ontem só bebi cinco cervejas. Tenho bebido muitas mais noutras noites. Pensava que depois de ter ido ao Campo Alegre as mulheres bonitas me viriam dar beijos na boca. Afinal, não. É a mesma rotina de sempre. É como um gajo em frente ao computador a teclar. Terei algo que os outros não têm. Ando na demanda do Graal, procuro os moinhos de Quixote. A anarquia vem ter comigo. Estou mesmo muito bem disposto. Poderia ter conversas espirituosas com muita gente. Fá-los-ia rir. Pelo menos não ando para aí a partir os vidros dos carros. O que até nem era má ideia. Anjo em chamas. Por onde andas? Por aí, atrás da minha loucura. Os meus berros são de louco. Cambaleio pelo palco. Faz-me falta o Henrique. Ando a ouvir as canções todas das Las Tequillas no youtube. Diz a palavra. Quero ir para o palco. O meu reino por um palco. A plateia aborrece-se, entendia-me. Sempre as pessoas normais a fazer as coisas normais. Sempre as pessoas a dizer avé-maria ao chefe, ao Sócrates, ao Cavaco. Sempre atrás do dinheiro e do estatuto social. Sempre fechadas na família. Sempre a fingir que estão bem. Sempre a criticar o parceiro do lado. Não! Não é isso que quero. Afastei-me dessa via. Não sou mesquinho, não sou merceeiro. Estou do lado da liberdade. Do lado do criador. Do bailarino. Vim para aqui de graça para criar. Assim devo continuar. Assim é o Artista. Provoco os outros. Faço-os rir. Para isso vim ao mundo. Nada a fazer. A vida não é só comer, beber e sacar dinheiro. Estamos aqui para algo de muito mais alto, de mais sublime. Estamos aqui para sermos iguais aos deuses.

in http://quintasdeleitura.blogspot.com
fotografia de Pat

Tuesday, November 17, 2009

TODO O AMOR


Todo o amor do mundo
todo o amor que os bancos e as bolsas e o capital
nos negam
todo o amor que morre na intriga,
na inveja e na ganância
todo o amor que os políticos e os financeiros
e os economistas nos negam
todo o amor que morre na família
no trabalho, na rua
todo o amor do mundo
todo o amor da mulher
e da criança
todo o amor que não se vende
que não se compra
que não se enterra na merda
todo o amor
de todos os lugares
de todos os séculos
todo o amor
de todas as almas
de todos os corações
todo o amor
de todos os que resistem
e reinventam o amor
em cada dia que passa.

Friday, November 13, 2009

Custa a levantar-me. A menina bonita está sempre na arrecadação. Fui ao meu amigo barbeiro desfazer a barba. SEmpre que vou ao meu amigo barbeiro sinto-me melhor. Falamos das coisas do mundo. Tenho de fazer os deveres de alemão. Estou entusiasmado com a leitura do padre Mário. Quase que acredito no Jesus dele.

Thursday, November 12, 2009


Amo-te de olhar para ti à mesa
amo-te de olhar para ti quando ris
quando falas
quando mascas chiclete
e olhas para a criança
amo-te só de olhar para ti
mas não sabes
estás no teu mundo
na família
nunca falarei contigo
mas tu falas
róis as unhas
olhas para a TV
és linda
sorris
tens o teu mundo
tão longe do meu
dá-me uma palavra
uma só palavra
toda a alegria do mundo
está em ti.

COMO NIETZSCHE


Hoje faço como Nietzsche
saio de casa cedo
dou uns passeios matinais
páro nos cafés
leio e escrevo
percorro a cidade
é esta a vida do filósofo e do poeta
de vez em quando encontra uns conhecidos
troca umas palavras
vai até ao liceu onde estudou
está em obras
observa os bracarenses que entram
de "Correio do Minho" na mão
lembra-se da mãe
que também é daqui
não ouve o telemóvel
com o ruído dos clientes
são 11:30
levo a vida que Nietzsche levava
~escrevo textos proféticos
e poemas
tenho livros nas livrarias
há quem os compre
não me posso queixar
estou perto do cume
falta-me escrever um grande livro
um livro que fique para a História
já tenho umas prosas soltas
estou como Nietzsche
escrevo, leio
dou uns passeios matinais
sou um espírito livre
e a mais não sou obrigado.


Braga, "Brasileira", 9.11.2009

Tuesday, November 3, 2009

ADOLFO SIMÕES MULLER

Malditos poetas | Adolfo Simões Müller

Malditos poetas, que disseram tudo
e tudo tão bem dito!

Malditos poetas, que me deixam mudo,
sem um ai, uma súplica ou um grito!

Raios os partam, cada qual maldito!

Malditos, que roçaram no seu voo,
com asas de veludo
o infinito!

Malditos poetas: Eu os abençoo…

Adolfo Simões Müller

Monday, November 2, 2009

SÓ BEBER


Só beber
nem sequer escrever
limitar-me a estar ao balcão
a observar o patrão
e as garrafas expostas
as gajas lá fora
a falar das merdas de sempre
o bigodes a bocejar
em frente á TV
anda para aqui, querida,
sentar-te no meu colo
leva-me para tua casa
onde estás só
podemos até curtir
depois da glória
o mundo parece parado
ontem numa noite
ganhei o que muitos
não ganham num mês
essa é que é essa
só beber
nem sequer escrever
vou até ao fim
ninguém me acompanha
sou o rei
o messias
desta terra
escrevo, bebo
e tu és boa
dizes "até logo!"
e és boa
o homem cheio de tédio
ao balcão
e eu aqui
é só beber
nem sequer escrevo
é só levar o copo à boca
é esse o meu desporto
não faço maratonas
nem ginástica
é só levar o copo
á boca
que se foda!
Já faço muito
já fiz muito ontem
e até já posso dizer
que sou uma estrela
pelo menos por uns dias
depois se verá.

DA CARLINHA-CARLA OM

zzzzzz merda segunda feira ... ! que dia mais estranho ... de qualquer forma so trabalho de vez em quando o antonio pedro ribeiro do partido surrealista é anti trabalho divergimos, já por mim acho que o trabalho desenvolve a criatividade ... claro uma comunidade de poetas e artistas para o pedrocas com muitas bejecas e muito vino maduro tinto à mistura :) ! vá lá passem no voodoo e acabem de ler o conto, espero que tenham curtido pelo menos a mim, deu me muito prazer escrevê-lo ... hoje flutuo numa realiadde intensa viva o outono tanta folha no chão ... fica exótico o meu irmao gosta das cores do outono ... nada de depresses com a chuva que cai torrencialmente como ontem ... o dia dos mortos ... não sou católica apesar de ter sido baptizada uma escolha minha posterior nao compactuo com uma religiâo narcotizante ... no vaticano toda a gente vive bem demais luxo e ostentação ainda me tentam convencer de que é um refugio espiritual ... pois pois querem é grandes banquetes à custa do povo que dorme ... um amigo acha que o povo não quer ser educado ... acho que os musicos deviam invadir as ruas de outdoors provocatórios há tanto para resolver ... intervir action ! responsabilidades naturais de fazer esta merda toda progredir ...

boa semana!!! e sff deiam notícias .... quanto a mim ´já estou em estágio para blasted mechanism que vêem duma dimensão cósmica ... a criatividade e a imaginação deles remetem nos para realidades paralelas ...!!! vai ser brutal !

beijinho
fiquem bem (talvez um atentado no vaticano não ia mal ... acabar com aquela gente toda .. tou a brincar mas às vezes penso nisso ... sou a favor da recuperação do ser humano com visitas familiares se a familia os quiser ver ...nogeira !)

carla em alucinação !!!

Friday, October 30, 2009

MANIFESTO DOS 39


Saturday, July 14, 2007
ARTE E VIDA


MANIFESTO DOS 39

António Pedro Ribeiro

"Desejar a arte como uma Helena a que se tivesse direito". "Para poderem viver, os gregos criaram os deuses. O mesmo instinto que exige arte para a vida, que exige a arte que é o encanto que nos impele a continuar a viver", escreveu o poeta e filósofo Nietzsche ("O Crepúsculo dos Ídolos").
É a arte que justifica a vida, mas não a arte ao serviço do poder, das OPAS do Berardo, não a arte transformada em mercadoria. Falamos da arte enquanto criação, do artista enquanto mago, enquanto visionário, enquanto poeta. "A música é a tua amiga única", cantou Jim Morrison. A arte implica uma ruptura com o capitalismo, com o mercantilismo, com o racionalismo. "Só é poeta o homem que possui a faculdade de ver os seres espirituais que vivem e brincam em torno dele", acrescenta Nietzsche. O artista-criador tem visões, iluminações. Como vive na sociedade capitalista tem a tarefa dolorosa de ir contra a parede, de afastar a ideologia dominante que nos impinge as leis do mercado, do tédio, do governo, dos partidos, do poder, do salve-se quem puder. O artista tem de andar à deriva, de caminhar sem direcção determinada, como dizem os situacionistas. Esse caminho tem um preço: a solidão. Mas como escreveu Nietzsche, "os grandes homens estão condenados à solidão". E Léo Ferré acrescenta: "o artista aprende a sua profissão no inferno".
A linguagem do poeta-mago nada pode ter a ver com a eficácia, com a com a competição, com a competividade mas sim com a liberdade absoluta, com a "liberdade cor de homem", de que falam os surrealistas. Viver é criar.

NÃO DORMI PUTO

Não dormi puto. Estou cheio de speed. Ouço vozes. Falo com as pessoas mesmo que estas não estejam presentes. Mas não estou com alucinações. Ontem vi a Glória. amei-a, forniquei-a, levei-a comigo até ao inferno. Já não sou o homem à mesa. Sou muito mais do que isso. Sou o sangue que inaugura. O cavaleiro que demanda o Graal.
Agora os meus olhos vêem claramente. As letras. Sou um enviado dos céus. Trago a criação e a loucura. São 8:30. Os outros dormem. Eu trabalho. Vou escrevendo estas merdas enquanto ouço os Doors. O Jim deve andar satisfeito comigo. Não dormi puto. Estou aqui. Este é o novo dia. O dia em que os anjos vêm ter comigo. O dia em que o dinheiro vai acabar. O dia em que vou fazer a revolução. Este é o dia. Já ninguém me pára. A Câmara da Póvoa vai ser ocupada pelo PSSL. António Pedro Ribeiro vai ser, de novo, candidato à Presidência da República.

Thursday, October 29, 2009

TODO O AMOR


Todo o amor do mundo
todo o amor que os bancos e as bolsas e o capital
nos negam
todo o amor que morre na intriga
na inveja e na ganância
todo o amor que os políticos e os financeiros
e os economistas nos negam
todo o amor que morre na família
no trabalho, na rua
todo o amor do mundo
todo o amor da mulher e da criança
todo o amor que não se vende
que não se compra
que não se enterra na merda
todo o amor
de todos os lugares
de todos os séculos
todo o amor
de todas as almas
de todos os corações
todo o amor
de todos os que resistem
e reinventam o amor
em que cada dia que passa.


Vilar do Pinheiro, 11.7.2009

A VIDA É DE GRAÇA


A vida foi-me dada gratuitamente
pelos meus pais
não tenho de pagá-la

não me conformo a ser governado
por bolsas, bancos, estatísticas e contabilistas
que nada me dizem
nem sequer tenho conta no banco.

Não nasci para isto
não sirvo para isto
largai-me, ó democratas do rebanho
largai-me, ó burocratas do partido!
O meu partido é o partido da vida
não aguento mais os vossos discursos
não aguento mais as vossas falinhas mansas
ficai na vossa
ficai na fossa
que eu fico na minha

Não sou colectável
não sou rentável
não sou mercadoria
largai-me, ó merceeiros
largai-me, ó trapaceiros
largai-me, ó economistas
estou farto das vossas teorias, dos vossos
gráficos e das vossas curvas
podeis ir todos dar uma curva!
Estou farto desta merda!
A vida só pode ser gratuita
quero gozá-la livremente
quero curtir a minha gaja
não tenho que vos pedir licença
não tenho de vos adular
não tenho que vos pagar a ponta de um corno
não pago!
Recuso pagar a minha vida
rejeito a mera sobrevivência
não tenho de trabalhar para ninguém
a vida é de borla
como quando nasci
porque raio não hei-de querer a gaja
que está à minha frente?
Porque raio não posso amá-la?
Há alguma lei que o impeça?

HEART AND SOUL

Tuesday, October 27, 2009

QUEIMAI O DINHEIRO

A Biblioteca Municipal José Régio vai acolher, na próxima sexta-feira, a apresentação do livro “Queimai o Dinheiro! “.



A obra da autoria de António Pedro Ribeiro, vai ser apresentada por valter hugo mãe e alguns dos poemas serão lidos pelo próprio poeta, natural do Porto mas a residir em Vilar do Pinheiro no concelho de Vila do Conde.



Além de “Queimai o Dinheiro!”, António Pedro Ribeiro é autor de outras quatro obras e já participou em várias revistas e colectâneas.



“Queimai o Dinheiro!” é uma mescla de poesias e prosas que falam do dinheiro elevado a deus supremo, do homem reduzido às operações da bolsa e do mercado mas também do amor e da liberdade como últimos redutos da subversão.



A apresentação do livro está agendada para as 21h30.

www.radiolinear.com

Tuesday, October 20, 2009

CARTAS DE HENRY MILLER A ANAIS NIN


Não serve a palavra para ser guardada em tábuas de pedra nem para ser aprisionada dentro da capa de um livro. A palavra é luz e a verdade torna-se carne. É incorruptível. A procura da imortalidade através da arte mais não é do que o reconhecimento dos poderes da morte. (...) O maior livro que algum dia se escreveu mal consegue dar realidade a um fragmento mínimo da real emoção do artista.

Os mesmos obstáculos que se põem à escrita são os que se põem à vida. A razão porque é mau usar a vontade é a mesma porque não se deve forçar a escrita. A harmonia que permite o acto livre é a mesma que dá ao escrever a fluidez e a liberdade.

É a condição habitual do escritor: dá corda a si próprio e deixa-se ir por aí fora.

(O artista) deveria manter sempre o seu génio em funcionamento. Não deveria, nos intervalos, transformar-se em idiota, como acontece com muitos de nós.

A última coisa que passa pela cabeça dos artistas é interrogarem-se sobre a razão daquilo que fazem: Porque é que escrevo? Haverá uma necessidade profunda de o escrever? Servirá para alguma coisa, trará algum proveito? Trará alguma alegria?

Friday, October 16, 2009

JESUS

As multidões seguiam Jesus de cidade em cidade durante o seu ministério, e, uma ou duas vezes, os Evangelhos relatam que o povo desejava fazer dele o seu rei. Mas a ação que levou à sua prisão imediata pelas autoridades em Jerusalém foi a derrubada das mesas dos mercadores no Templo de Jerusalém durante o festival da Páscoa judaica. Todos os anos, judeus de todas as partes do Império dirigiam-se a essa cidade para fazer ofertas no Templo. A atitude que Jesus tomou, espalhando moedas do Império por todo o chão do Templo, foi um ataque radical ao sistema religioso formado pelos sacerdotes e aos saduceus, a elite que colaborava com as autoridades romanas para manter a tranqüilidade e a ordem na província.

Wednesday, October 14, 2009

IRMANDADE DAS MULHERES






Uma a uma, mulheres como você estão despertando para a realização da beleza inerente da irmandade dotada em nós desde o nascimento. Abraçamos a verdade inegável de que tudo na Terra nasce do feminino. Nós estamos nos dedicando a esta verdade assim poderemos ajudar a dar nascimento aos sonhos da humanidade.

Como uma mulher disse:" Por favor, por favor, mulher, levante-se perante mim em toda sua glória para que eu possa me levantar perante você em toda minha glória." Este era o sincero, apelo apaixonado de uma pessoa idosa que compreende a ligação profunda entre a irmandade e a inteligênciasábia do princípio feminino, que vê a outra mulher como partes iguais do todo.

A Irmandade de Todas as Mulheres na Terra ama e estima você incondicionalmente . Incentiva você para a completa autoestima de seus valores presentes e talentos e para expressar sua sabedoria pessoal e a visão.

A Irmandade de Todas as Mulheres na Terra importa-se profundamente que você honre a si mesma. Como as mulheres saem de nossa desconfiança e separação de um outro, nós achamos que apesar da diversidade de cada aspecto de nossas vidas, em um nível profundo de sinceridade nós compartilhamos nossas maiores necessidades e interesses.

Nós achamos que nenhuma mulher quer viver em um mundo de violência de abuso. Nenhuma mulher quer um lugar inseguro, inseguro para suas crianças, e crianças das suas crianças.

Nenhuma mulher quer que o ar seja inrespirável, a água seja impossível de beber, a Terra seja impossível de viver. As mulheres querem ser ouvidas e respeitadas quando dizem " NÃO" às coisas que comprometem nossa integridade. As mulheres querem andar em equilíbrio e igualdade com nossas contrapartes masculinas.

Todas as mulheres querem sentir-se inteiras e saudáveis e capazes de rir com alegria a cada dia de nossas vidas. Por que nós sonharíamos por algo menos? Por que nós não iriamos querer expressar o saber mais profundo de dentro de nós? Por que não é natural que nós desejemos fazer a vida mais fácil e mais encantadora para os outros? Por que nós não iriamos querer autorizar a criar, com nossa grande imaginação, um céu aqui na Terra?

Nós todas nos originamos da mesma Fonte Criativa: nossa incrível, fértil e amorosa mãe. Está dentro de nós, e se nós não compartilharmos seu coração e sua visão, quem compartilhará? Se não agora, quando?

Da mais alta montanha ao mais baixo estado de desespero, nós podemos ajudar uma à outra recordando que nós estamos aqui e que nós nos importamos profundamente. Conectando com cada uma, nós incentivamos a consciência da verdadeira ligação que nós temos uma com a outra, e toda a vida em toda parte irá se beneficiar disto. É mágica. Bem vinda a Irmandade de Todas as Mulheres na Terra.

No espírito da verdade, Em nome do amor, Suas irmãs e amigas,

Uma Mulher

O SAGRADO FEMININO


A CULPA FEMININA NA CRIAÇÃO


“Jesus disse-lhes: E se lhes disserem de onde vieram, digam-lhes: Viemos
da luz, do lugar onde a luz surgiu por si."
Evangelho de Tomé


Autor: José Laércio do Egito
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Nosso propósito básico nessa palestra é mostrar que a mulher foi execrada há milênios pelos manipuladores das Escrituras Sagradas. Queremos mostrar que existe um protagonista, um vilão, que embora oculto aos olhos das pessoas, mesmo assim, ele deixa laços em todos os tempos e lugares visando, se não impedir, pelo menos, dificultar o desenvolvimento espiritual da humanidade. Um dos meios foi desvirtuar a Trindade através da eliminação da polaridade feminina. Queremos revelar que não foi a mulher quem deu chance à entrada do mal no contexto da criação, pois na verdade ela não tem culpa alguma.




Mas, como consciência manifesta, aquela força negativa tende a ocultar a sua própria natureza e por isso é que em todos os momentos da história humana ela sempre está procurando apagar os caminhos que possam levar a pessoa ao conhecimento da verdade, ou seja, à “gnosis” e assim torná-la conhecida e devidamente colocada no lugar de origem do mal. Pela “gnosis” (gnosis = conhecimento) a pessoa toma ciência dos meios de atuação daquela força, da maneira de ser dela, e assim, pelo conhecimento a respeito dela, da sua natureza, tornar mais fácil a pessoa evitar os seus laços tentadores.

Um dos meios usados pela força negativa para esconder o processo da criação foi apagar a existência de um Poder Superior transcendente ao Universo, visando trazer o Cosmo para um nível em que ela pudesse se situar como deus e ao mesmo tempo esconder a verdade. Um dos seus propósitos foi tirar da Trindade a polaridade feminina, pois isto equivale a esconder o lugar onde aquela força negativa estivera no processo da creação, e para isso dificultar o entendimento sobre a existência de uma polaridade dentro da Trindade. Por isso aquela força procurou apagar o lado feminino[1] da criação. Apagando este lado da criação, havendo somente o lado masculino, e aquela força sendo da polaridade feminina, torna-se mais disfarçável, mais oculta a sua responsabilidade.

Neste Ciclo de Civilização no planeta Terra, onde primeiro se fez sentir essa manobra de ocultamento do lado feminino foi na religião hebraica através de Jeová. Em todas as “manifestações” de Jeová aos patriarcas em nenhum momento foi dada ênfase à mulher, nenhuma profetisa, ou matriarca, é mencionada, contrastando isso com todas as grandes religiões de todas as épocas.

Os hebreus retiraram o lado feminino da criação. Mesmo havendo eles vivido no Egito por muito tempo, e consequentemente havendo tido contacto direto com todas as religiões egípcias que tinham em suas trindades o lado feminino, mesmo assim a religião hebraica não incorporou a Deidade Feminina. Todas as cosmogonias, todas as doutrinas que não são oriundas do Velho Testamento admitem a Deidade Feminina, tanto as religiões nativas e primitivas quanto as mais metafisicamente elevadas.

Pela força de um arquétipo feminino, já nos primeiros séculos, os cristãos começaram a endeusar Maria Santíssima. Essa tendência tornou-se tão intensa que ocasionou quase uma insurreição popular durante o Concilio de Éfeso, ocasião em que o tema “Maria Mãe Santíssima” estava sendo debatido. Na realidade aquele movimento nada mais era do que uma tendência à reabilitação da “Deusa Mãe” através de Maria, o lado feminino da Trindade, pois que na Trindade de Atanásio Pai e Filho eram masculino e o Espírito Santo neutro.

O Dogma da Imaculada Conceição, de certa forma, foi criado como uma forma encontrada pelo Cristianismo Ortodoxo para acalmar os ânimos dos cristãos que exigiam uma Divindade Feminina. Posteriormente esse panteão foi enriquecido com grande número de “santas”, contrastando com o Cristianismo ortodoxo primitiva que não mencionava qualquer mulher no lugar de Santa.

Até mesmo algumas escolas gnósticas cometeram esse mesmo engano. Vejamos em síntese o que aconteceu no seio do gnosticismo. Nos primeiros anos do Cristianismo mesmo alguns apóstolos ofereceram resistência em aceitar o apostolado feminino. Documentos encontrados em Nag Hamadi mostram que houve forte reação contra Maria Madalena, ao ponto de André e o próprio Pedro tentarem desacreditá-la quando ela afirmou estar recebendo ensinamentos diretamente de Jesus.

No Evangelho de Tomé consta: Simão Pedro disse aos discípulos - “Que Maria se afaste de nós, pois as mulheres não são dignas da Vida”.

No período antecedente ao I Concílio de Éfeso a maioria dos cristãos já tinha Maria como uma “Deusa”, possivelmente uma conseqüência da força do arquétipo feminino no contexto da criação.

O dogma da Imaculada Conceição, que não é exclusivo da igreja católico-romana, teve o propósito de evitar a crítica de ser considerada uma religião unipolar, machista, por não ter uma representação da polaridade feminina em seu panteão. Uma deidade feminina como era aceito pela totalidade das grandes religiões de todas as épocas e que atendia a um forte ímpeto da natureza humana.

Na realidade não existe uma mulher assim como um homens na Trindade e sim potencialidades polarizadas.

As religiões em cujo panteão em que é mencionado o nome de uma virgem esta não é nenhuma mulher, é uma pura abstração, o Nóumeno. ••.

Vemos com esta palestra a razão pela qual a mulher é colocada num plano de inferioridade na maioria das religiões ocidentais têm como base o Judaísmo exotérico.

A força negativa sendo de polaridade negativa e responsável pela penetração do mal no contexto da criação do mundo, como forma de camuflar-se induziu a que fosse retirado o lado feminino da criação. A partir do Concilio de Éfeso a Igreja colocou Maria como “Mãe de Deus”, porém novamente ela foi retirada quando houve o cisma na Igreja Católica originando-se as religiões protestantes.

Naquele trabalho de camuflagem, feito por inspiração através dos séculos, excluindo o lado feminino na Trindade, nas religiões oriundas do Cristianismo Ortodoxo e mesmo do Judaísmo anteriormente, a culpa pela “desobediência” foi atribuída à Eva e não a um dos componentes da Tríade Superior como na realidade correu.

A responsável pela “queda” do ser humano atribuída injustamente à Eva deu margem a um desvio doutrinário, especialmente de conduta dos cristãos o que levou Pelágio a efetivar protestos e contestações o que acabou ocasionando os Sínodos de Jerusalém e de Lydda e o Concilio de Cartago no ano 416 em que Pelágio foi condenado por heresia. Mesmo depois daquele concílio o reflexo da questão ainda se fez intenso no Concilio Plenário de toda a África ocasionado no ano 418.







Autor: José Laércio do Egito - F.R.C.
email: thot@hotlink.com.br

Tuesday, October 13, 2009

A NOITE MORRE

A NOITE MORRE


A noite morre
Aos poucos
No café das conversas
Um aquecedor protege-me do frio
E os homens que bebem pedem rissóis
Ao som de música minimal repetitiva

A noite morre
À minha mesa
Enquanto o estalajadeiro conta os trocos
Que caem da máquina do tabaco
Que o Governo quer abolir

A noite morre
Mas ainda há gente que ri
Gente que se cruza e encontra e desencontra
E freaks a entoar cânticos futebolísticos

Ah! E depois sou eu que sou esquizofrénico
Sou eu o doido
Fechado no manicómio
No meu condomínio fechado

E a noite morre na cidade.

(poema de A. Pedro Ribeiro)

in http://quintasdeleitura.blogspot.com

Saturday, October 10, 2009

AINDA DO HOMEM À MESA


(AINDA) DO HOMEM À MESA

Para a Gotucha

O homem à mesa
regressa à mesa
tem um artigo de opinião
publicado no jornal
cuidado, minhas senhoras!
O homem á mesa
é anti-capitalista
o homem à mesa
nada tem a perder
parece inofensivo
com os seus livros,
os seus papéis
mas o homem à mesa
tem relações com os zapatistas
o homem à mesa
só vem fazer tempo
à mesa
o homem à mesa
tem outras missões
outras tarefas
que não cabem à mesa
mas o homem à mesa
não deixa de ser
o homem à mesa
tem umas linhas para escrever
uns textos para ler
umas gajas para micar
o homem à mesa
fala pouco sem cerveja
dizem que é simpático
bondoso até
mas tem um semblante triste
o homem à mesa
às vezes tem ataques de loucura
não se escandalize, D. Rosa
o homem à mesa
não é o que aparenta
não é só serenidade
não é só sinceridade
não é só ternura
o homem à mesa
é um passado
já o diz a Gotucha.

Friday, October 9, 2009

Saúde Mental

Todos os anos 15 por cento dos portugueses desenvolvem uma doença psiquiátrica
09.10.2009 - 11h49 Lusa
Todos os anos, 15 por cento dos portugueses desenvolvem uma doença mental. Muitos deles têm de ser tratados nos centros de saúde por falta de capacidade de resposta dos serviços especializados, segundo o coordenador nacional para a saúde mental.


“Há um número tão grande de pessoas com estas perturbações que é impossível os serviços especializados assegurarem a responsabilidade de todas essas situações”, disse Caldas de Almeida em entrevista à Lusa, a propósito do Dia Mundial da Saúde Mental, que se assinala sábado.

Por outro lado, adiantou, há pessoas que têm um acesso mais fácil aos cuidados de saúde primários ou que, que pelas características específicas daqueles serviços, encontram respostas que “são até melhores do que a nível dos serviços especializados”.

Este ano, o Dia Mundial da Saúde Mental é subordinado ao tema “Saúde mental nos cuidados primários: Melhoria do tratamento e promoção da saúde mental”. “É bom que os cuidados de saúde primários tenham uma intervenção significativa no campo da saúde mental e que haja uma articulação efectiva”, defendeu o coordenador do Programa Nacional da Saúde Mental.

Questionado sobre a prevalência das doenças psiquiátricas na população portuguesa, o responsável adiantou que não existe actualmente qualquer estudo epidemiológico sobre o assunto, situação que estará ultrapassada em breve. Segundo Caldas de Almeida, foi iniciado um estudo que dará resultados “dentro de poucos meses”.

“Com os dados que nós temos de estudos mais parcelares e da extrapolação feita a partir de países com características semelhantes, nós sabemos que há seguramente 15 por cento da população portuguesa geral que, em cada ano, tem uma doença mental de qualquer tipo”, sublinhou. A depressão é uma das patologias de maior prevalência em Portugal, mas há outras situações, como os quadros de ansiedade, abusos de álcool, problemas das crianças e adolescentes, entre outras, acrescentou.

Fazendo um balanço da aplicação do Plano Nacional de Saúde Mental, o responsável adiantou que ainda há muito por fazer, mas lembrou que é “um plano até 2016”. “Não estou totalmente satisfeito, porque as carências são muitas, mas acho que no espaço de mais de um ano foram dados passos muito importantes”, sublinhou.

Um dos aspectos mais importantes do plano, segundo o responsável, é “completar a rede de serviços locais de saúde mental com serviços de boa qualidade e com uma capacidade, cada vez maior, de oferecer programas modernos, sobretudo para os doentes mentais graves”. “Já estão aprovados projectos e cativadas verbas para a criação destes serviços locais”, avançou, enumerando alguns serviços que abriram desde o ano passado nos hospitais de Almada, Tomar, Torres Vedras e Caldas da Rainha.

Destacou ainda a importância dos cuidados continuados de saúde mental, com a criação de residências, centros de reabilitação e equipas de intervenção domiciliária. “Foi aprovada no início de Setembro pelo Governo a legislação que regulamenta as condições de funcionamento destas novas estruturas para as quais existe já um plano para ser implementado até 2016”, acrescentou.

Saturday, October 3, 2009

JOSÉ MIGUEL SILVA

Pago os meus impostos, separo
o lixo, já não vejo televisão
há cinco meses, todos os dias
rezo pelo menos duas horas
com um livro nos joelhos,
nunca falho uma visita à família,
utilizo sempre os transportes
públicos, raramente me esqueço
de deixar água fresca no prato
do gato, tento ser correcto
com os meus vizinhos e não cuspo
na sombra dos outros.

Já não me lembro se o médico
me disse ser esta receita a indicada
para salvar o mundo ou apenas
ser feliz. Seja como for,
não estou a ver resultado nenhum.


José Miguel Silva, in Ulisses Já Não Mora Aqui, &etc., Março de 2002, p.28.

retirado de http://universosdesfeitos-insonia.blogspot.com

OLHO PARA AS LOIRAS


Olho para as loiras
a ver se a vida vem
olho para as loiras
e descarrego a caneta
olho para as loiras
e até gosto da minha letra
olho para as loiras
e quero que elas venham
olho para as loiras
e só quero trocar ideias
olho para as loiras
e o mundo não muda
olho para as loiras
e falo
à Joaquim Castro Caldas
olho para as loiras
e deixo-me ir na onda
olho para as loiras
e não saco nada.


Piolho, 2.10.2009

Thursday, October 1, 2009

SUPER-HOMEM


Escrevo ao ritmo do mundo
ao ritmo da Terra
estou em paz com os elementos
sou xamã
sou a voz dos deuses e dos espíritos
percorro mares e desertos
alcanço paisagens nunca alcançadas

Sou o canto das aves e das sereias
sou aquele que renasce e ressuscita
que esteve com Cristo, Merlin e Zaratustra
que bebeu o Santo Graal
sou o super-homem
o poeta que reinará
sobre a Terra
sou Quixote
a lutar contra os moinhos
sou Artur de Camelot
sou todos os vencidos
que hão-de vencer
sou a àgua dos rios
sou o poema que não acaba
a canção que não se cala
o ouro todo do mundo.

Tuesday, September 29, 2009

POEMA À GAJA DA MESA DO FUNDO


29-09-2009
A. PEDRO RIBEIRO.

POEMA À GAJA DA MESA DO FUNDO

Está-me a bater aquela gaja da mesa do fundo
Estás-me a bater, gaja da mesa do fundo!
Olha! Vais lá para fora,
Que pena!
Agora que te ia oferecer o poema
Sabes que às vezes escrevo umas coisas fora do comum
Sabes que às vezes escrevo o que ninguém espera
Mas, olha, paciência
Já estou a olhar para outra
Sabes que me deixei de apaixonar facilmente
Por isso é-me difícil mudar de gaja
Mesmo que esteja sozinho
Vou tendo uma gaja
Sabes, assim para as emergências
A verdade, gaja,
É que fiquei vidrado em ti
Aquelas paixões que vêm de vez em quando
Ah! Afinal ainda sou capaz de me apaixonar
Estás-me a bater, gaja que já não estás
Na mesa do fundo
E venha a cerveja, ó Adriano!
Que isto de criar não é para todos
O poeta está com sede
O mundo assim não avança.

( poema de A. Pedro Ribeiro)

in http://quintasdeleitura.blogspot.com

Sunday, September 27, 2009

OS POETAS NO PIOLHO

Tertúlia de poesia no café universitário do Porto
O emblemático café Piolho, inspiração de poetas portugueses
por Agência Lusa, Publicado em 26 de Setembro de 2009
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Um dos mais emblemáticos cafés da cidade do Porto, o Piolho, foi hoje palco de um encontro de poetas que, entre versos lidos, partilharam experiências e vivências daquele local onde um dia se inspiraram para escrever.

Fernando Morais, João Gesta, Rosa Alice Branco, João Habitualmente, Daniel Maia-Pinto Rodrigues, Teixeira Guedes, Alberto Miranda, José Soares Martins, Filipa Leal, Pedro Ribeiro, João Ulisses e Marta Bernardes juntaram-se hoje à mesma mesa para dissecar o espaço que este ano comemora o seu primeiro centenário.

“O Porto sem o piolho seria uma careca calva. O Piolho é maior que o Porto”, sublinhou o poeta João Habitualmente, para quem aquele espaço é dado mais “à conversa, ao fino e ao tremoço” que propriamente à poesia.

Um sentimento não partilhado pela maioria dos restantes convidados, muitos dos quais leram poemas que escreveram dentro das paredes espelhadas do agora centenário Piolho D’Ouro.

“O poeta está com sede [e] o mundo assim não avança”, leu Pedro Ribeiro, autor de um poema dedicado “à gaja da mesa do fundo”, escrito ali mesmo, no Piolho, no momento em que lhe “ia oferecer um poema” mas “a gaja” foi lá para fora: “que pena!”.

O café tornou-se assim “sala de estar, abrigo das investidas cobardes da polícia fascista e um espaço de fruição e liberdade” onde também se despertava para os primeiros amores, os “beijos ortopédicos e os charrinhos libertadores”, recordou o poeta João Gesta.

De palco de resistência a ponto de encontro, o café “é um lugar emblemático, de cultura e de construção do raciocínio e liberdade”, referiu Daniel Maia-Pinto Rodrigues. Talvez por isso, destacou Teixeira Guedes, “quem frequenta o piolho tem atitude poética”.

Mas o Piolho não é só feito de passados e tempos idos. A comprovar isso estiveram as poetisas Filipa Leal e Marta Bernardes, que contam estórias de presente, de cidades e memórias que a nova geração precisa de criar.

“Ser poeta é ter experiência do indizível e correr atrás do horizonte”, descreveu Marta Bernardes, 26 anos, que defende que “toda a arte encerra um verso” e que “Portugal é, sobretudo, um país de poetas”.

Já a professora e poetisa Rosa Alice Branco, para quem a vida sem Piolho “poderia ter sido muito triste”, acredita que em Portugal “há a mania que este é um País de poetas” e que “não se deve escrever se não houver coisas para dizer”.

Mas “os poetas não são portugueses, são de todo o mundo” frisou João Ulisses, que viu o café contribuir-lhe “um pouco para a cirrose” e para quem ser poeta “é estar contra tudo”.

O encontro de hoje esteve integrado nas comemorações do centenário do Piolho cuja organização tem sido levada a cabo pela Escola Artística Profissional Árvore e pelos responsáveis Raúl Simões Pinto e Sílvia Silva.

Tuesday, September 8, 2009

JOAQUIM CASTRO CALDAS


Ontem o "Pinguim" foi palco de memórias, estórias, poesias em torno do Joaquim Castro Caldas. Foi uma noite mágica. Estiveram lá o João Rios, o Isaque, o Sardinha, a Graça, o Zé Pacheco, o Francisco, o Spranger e outros. O Joaquim não era um gajo qualquer. O Joaquim dizia poesia como quase ninguém, tinha uma escrita genuína. O Joaquim irradiava qualquer coisa que os outros, a grande maioria dos outros, não consegue irradiar. O Joaquim é uma estrela. Uma estrela na verdadeira acepção da palavra. Não uma dessas estrelinhas que andam por aí ao sabor da moda e das revistas cor-de-rosa. O Joaquim é uma estrela. Ainda não teve o reconhecimento que merece. Mas, duma coisa estamos certos, viveu a vida que quis, viveu à sua maneira. Poucos se podem orgulhar dessa merda.

Sunday, September 6, 2009

BEBER, SIMPLESMENTE BEBER


BEBER, SIMPLESMENTE BEBER

Beber
Simplesmente beber
Sem metas
Sem objectivos
De vez em quando
Alguns vêm ter comigo
Falam
Contam a vida
E eu aqui
Agarrado aos livros

Beber
Simplesmente beber
Ouvir as proclamações à nação
Do Do Vale
As gajas que passam
De umbigo à mostra

Beber
Simplesmente beber
Deixar a cerveja correr
Tal como a vida
Olhar as capas das revistas
No quiosque
As gajas boas

Beber
Simplesmente beber
Ir ao fundo
Renascer
Andar à solta
Livre
Sem preconceitos
Como na Idade do Ouro
Como tu gostas.



“Piolho”, 31.8.2009
Personagens de outrora
Atravessam o “Piolho”
O homem bebe, escreve
Permanece na sua
Não espera ninguém
Nem sequer a dama.

Friday, September 4, 2009


Cá estou eu, de novo, no "Piolho"
a tarde está agradável
é Agosto
e eu ainda não fui para Braga
o "Piolho" faz as vezes da "Brasileira"
há gajas que me provocam pela net
e outras que se insinuam à minha frente
há poemas que ficam por acabar
outros que se perdem para sempre.

O POEMA-TROMBETA

Uns fazem ginástica
outros correm na rua
eu limito-me a experimentar
a melhor forma de continuar o poema

e o poema vem
beija-me as faces
entrega-se na relva

o poema-mulher
o poema-fêmea

já nem sequer é meu
é do mundo
anda por aí
de boca em boca

talvez mude o homem
talvez o torne poeta

o poema-explosão
o poema-trombeta

o poema-rebelião
o poema que não quer mais
esta treta.

Sunday, August 30, 2009

DO HOMEM QUE ESCREVE À MESA


Voltei aos dias
em que escrevo vários poemas
agora estou no jardim
e a "Vita" corre para mim
os pássaros cantam
os gatos andam por aí
a vida hoje não me parece intolerável,
caro Aragon,
apesar de ser tímido
e de não conseguir dirigir uma palavra
às beldades da "Cristina"
a não ser as indispensáveis
a pedir o café e a pagá-lo
também Nietzsche levava uma vida assim
raramente se dirigia ao cidadão comum
não me considero um génio
como Nietzsche
mas tenho a ambição
de chegar ao mundo
quero escrever aforismos,
tratados filosóficos,
quero ser um filósofo
mesmo não possuindo a erudição de Nietzsche
e de outros
as palavras saem-me assim
em verso
meio-poesia, meio-prosa
não sei o nome das árvores
nem das flores
não percebo nada de astronomia ou de física,
contrariamente ao meu pai,
mas sei que busco o conhecimento
quando escrevo estou à procura
de alguma coisa
de uma verdade
isto é muito mais
do que o homem sentado à mesa
é a vida
a própria vida
o instante que agarramos
o céu
o sol
as estrelas
o universo
tudo isso está aqui
no papel, na tinta, na caneta
no homem que escreve à mesa.

Vilar do Pinheiro, 18.8.2009

Saturday, August 29, 2009

A ILÍADA NO VELVET

Mas o poema sobre o qual eu gostaria de me deter é o intitulado "A Ilíada no Velvet" , talvez o melhor do livro e onde se misturam aquelas que me parecem ser as três linhas de força da poesia de A. Pedro Ribeiro: a iconoclasta (que elege como alvos a sociedade em geral, a política, a religião, os costumes, o senso comum, etc), a surrealizante, de celebração dionisíaca, que eu prefiro chamar de xamanística, dado o cenário mental de "trip" e o ascendente da geração "beat" e, finalmente, a veia irónica, da auto-irrisão implacável, que, quanto a mim, está na base dos melhores poemas deste livro, como já acontecia no anterior "Saloon". Falo dos poemas nos quais um olhar gasto, estóico e céptico faz as vezes de um holofote discreto que, a partir da extremidade de um balcão ou de uma mesa de café, vai incidindo no vai-vem dos fregueses que entram e saem, e se sentam e falam e levantam, vai-vém que se cruza e mistura até à indistinção com o estado mental do sujeito que faz uma análise desassombrada de si mesmo: não só da sua condição existencial mas também, ou sobretudo, da sua condição de poeta e até do seu contexto físico, corpóreo, o das necessidades básicas- onde se inclui a financeira: "Ao que parece, nada se vai passar até às 6/ nem tão pouco conversas com putas, travestis/ e amigos das putas que nos oferecem poemas/ e são membros da Junta de Freguesia/ Só putos e tédio/ não há rock nada rola/ e a menina bonita não está/ não vai estar mais/ Deveria ter ido para casa/- dizem a moral e o bom senso".
É também nesta família de poemas que se revela melhor o enorme talento irónico de A. Pedro Ribeiro, capaz de uma ironia de "Caranguejola", como a de Sá-Carneiro, sossegada à superfície, até terna, por vezes, mas escondendo, no fundo, uma extrema violência e revolta.

Rui Lage

Tuesday, August 18, 2009

A FOLHA EM BRANCO


A folha em branco
à minha frente
começa a ser um problema
preenchê-la
durante meses
a coisa fluiu
sentava-me na "Cristina"
e a coisa vinha
até me julgava
próximo de Deus e do sublime
um dos eleitos
na busca da verdade
agora parece que tenho
de puxar por mim
que tenho de arrancar a coisa
do fundo de mim
continuo a acreditar no espírito e no coração
continuo a ler a bom ritmo
os livros que marcam
"Quando Nietzsche Chorou"
que a Gotucha me emprestou
em vez da Gotucha
tenho Nietzsche
e assim vou aguentando
são quase sete
sempre consegui escrever
qualquer coisa.

Monday, August 17, 2009

CHARLES BUKOWSKI

Charles Bukowski – O amor é um cão dos diabos (POEMAS)


um poema rude


eles seguem escrevendo
despejando poemas…
jovens garotos e professores universitários
esposa que bebem vinho durante a tarde
enquanto seus maridos trabalham,
eles seguem escrevendo
os mesmos nomes nas mesmas revistas
todos escrevendo um pouco pior a cada ano,
lançando uma coletânea de poesias
despejando mais poemas
é como um concurso
é um concurso
mas o prêmio é invisível.

eles não escreverão contos ou artigos
ou romances
apenas seguirão
despejando poemas
cada um soando mais e mais como os outros
e menos e menos como eles mesmos,
e alguns dos garotos se cansam e desistem
mas os professores nunca desistem
e as mulheres que bebem vinho durante a tarde
nunca nunca nunca desistem
e novos garotos chegam com novas revistas
e há alguma correspondência entre homens e mulheres
algumas fodas
e tudo é exagerado e estúpido.

quando os poemas são recusados
eles os reescrevem
e mandam para a próxima revista na lista
e eles fazem leituras
todas as leituras que conseguem
de graça na maioria das vezes
esperando que alguém finalmente os reconheça
finalmente os aplauda
finalmente os congratule e reconheça o
talento deles
estão todos tão certos de suas genialidades
há tão pouco autoquestionamento,
e a maioria deles vive em North Beach ou Nova York,
e seus rostos são como seus poemas:
iguais,
e conhecem uns aos outros e
se congregam e se odeiam e se admiram e se escolhem e se
descartam
e seguem despejando mais poemas
mais poemas
mais poemas
o concurso dos cretinos:
tap, tap, tap, tap, tap, tap, tap, tap, tap, tap,…


Charles Bukowski – O amor é um cão dos diabos. L&PM Editores. Tradução: Pedro Gonzaga.

Saturday, August 15, 2009

Talvez a Sara tenha razão. Talvez eu me desgaste demasiado ao ir todas as semanas ao "Púcaros".

A MÚSICA FOLEIRA


A música foleira
lá dentro na televisão
a cerveja à minha frente
num fim de tarde de Agosto
a esplanada quase sem ninguém
o velhote que me saúda
também eu estou a envelhecer
mas dizem que mantenho
a aparência jovem
mesmo quando estou
com as barbas compridas
não estou com aquele speed
de Maio e Junho
mas também não estou a morrer
essas noites, como a de sábado,
trazem sempre estórias para contar
do "Gato Vadio" ao "77"
do "77" ao "Big Ben"
sempre a abrir
de garrafola de "Borba" na mão
festa fiesta até às tantas
até ser dia
mesmo que estejamos sós
e até ligeiramente enjoados
é sempre o risco
a aventura
o contrário da rotina
das conversas de sempre
da racionalidade.

Monday, August 10, 2009

Fixe. Estou teso e sem trabalho e as gajas interessam-se por mim. Ficam vidradas com a minha arte e com a minha loucura. Nem sequer olham para os meus bolsos.

GAJA


Afinal sempre há gajas
que vêm ter connosco
no fim do espectáculo
e que quase se atiram
a nós
e que nos fazem elogios
mesmo estando bêbadas
a cena vale a pena
e fica
até fiquei arrependido
de não lhe pedir
o número de telefone
por outro lado,
torna-se difícil
publicar as minhas coisas
a não ser na Corpos,
abençoada Corpos,
e fiquei mesmo
vidrado na gaja.
Regresso aos cafés vazios
onde se vem ler e escrever
está presente
o homem que se dá
com toda a gente
e eu cortei os cabelos
e as barbas
sou outro
apesar de continuar
a ser o mesmo.

Thursday, August 6, 2009

APÓS PAREDES DE COURA


Após Paredes de Coura
após as críticas mordazes do técnico
após a branca dos ciganos
após o gajo maluco e divino
após o poema na Antena 3
estou de regresso à "Cristina"
as senhoras do canto
falam das coisas de sempre
da família, da casa, dos vizinhos
há uma empregada nova
e é bem bonita
nos festivais
já não se bebe
e esta prosa
já fede,

AMORES

Já não há amores como nos livros
já não há amores
como Diotima de Holderlin
o amor agora é todo "fast-food"
o amor agora serve-se rápido
rapidinho
sem compromissos.

Monday, August 3, 2009

À MESA DO PIOLHO


Sento-me à mesa do "Piolho"
à espera que a palavra venha
a palavra custa a vir
não estou naqueles dias gloriosos
mas há que fazer pela vida
o homem que escreve
tem que escrever
é essa a sua missão na Terra
as namoradas mal-dispostas
não saem de casa
há gajas que não querem compromissos
e eu, se calhar, também não
pelo menos não há aqui ciúmes
nem casamentos
que se foda!
Vive e deixa viver
o sr. Martins dialoga com os conhecidos
os empregados rodeiam o balcão
só falta aqui o anão
a puxar pela selecção
os golos passam na televisão
sempre vou a Paredes de Coura
com a Mana Calórica
vamos lá a ver no que dá
meia-hora para provar o que valho
meia-hora de possível glória
para não variar
tenho pouco cacau nos bolsos
o trabalho fode a cabeça às pessoas
por isso é que não trabalho
ou só trabalho naquilo que quero.