Thursday, June 30, 2011

TORNA-TE NAQUELE QUE ÉS



Sofrimento, trabalho, obediência, castração, humilhação.


Eis o que o capitalismo, mesclado com algum cristianismo que Nietzsche denuncia, nos dá.


E o capitalismo, o mercado, ao contrário do cristianismo, nem sequer promete o Céu ou a Vida Eterna.


Mas há em ambos, como diz Nietzsche, o desprezo pela Terra, o desprezo pelo Homem, o desprezo pela vida.


A linguagem do mercado, das contas, da economia despreza o homem enquanto criador, enquanto ser que descobre, enquanto ser que imagina.


O homem assim nunca será o menino e o bailarino de Nietzsche: nunca se passeará pela corda-bamba do devir, nunca fará da vida um contínuo experimento de si mesmo.


A linguagem da economia e do capitalismo é a linguagem das taxas de juro, das cotações da bolsa, das percentagens assexuadas que entediam e castram o Homem.


Urge falar outra linguagem: a linguagem do homem em construção. A linguagem de Nietzsche e de Henry Miller, que diz que "o único objectivo na vida é chegar perto de Deus - isto é, chegar mais perto de mim próprio".


"Torna-te naquele que és!", acrescenta Nietzsche. Sendo plenamente nós próprios seremos livres, meninos, bailarinos, afirmadores da vida e estaremos em condição de deitar abaixo o mundo do tédio e da economia.

Thursday, June 16, 2011

NO CAFÉ DA SÓNIA


Regresso a Braga, ao café da Sónia. Tenho em mim a maldade. Na sexta destilava ódio, virei-me contra a Gotucha. Estive a um passo de pontapear o bebé no carrinho na Avenida. Não posso continuar assim. Sou um mau rapaz. Não me sai da cabeça o António. O Mick Jagger está vivo. O rock n' roll também. Agora sim, começo a ter uma reputação. É natural que falem de mim na rua, nos cafés, nos bares, nas minhas costas. A actuação no Campo Alegre afinal foi um sucesso, apesar das velhas. Começo a ter um nome. Não posso tomar certas atitudes em público. "Growing up in Public", como dizia o Lou Reed. Loucuras em palco. Tudo bem. Mas não me atires o ódio, Gotucha. Começo a não suportar a pop bem-comportadinha. Só gosto da Lady Gaga e da Lady Baba. Sou dadá. Quero a Lady Baba. A Lady Baba absolutamente selvagem. Apetece-me apalpar as boazonas na rua, chupar-lhes as mamas. Sem me tornar femeeiro como o Strauss-Kahn. Ando com excesso de testoterona. Quero a Lady Baba. Sou dadá. Quero a Lady Baba. Há quem me acuse de misogenia. Penso que isso não sou. A verdade é que mudei muito nos últimos 21 anos. Era um santo. Agora não sou. Ou então sou um santo de outra maneira. Como Nietzsche. Também é certo que quando estou empenhado na revolução não distingo os homens das mulheres. Mas continuo a ir aos site porno visitar a Minka e a Lisa Lipps. Sou um aventureiro, como diz a Helena Isabel, mesmo que às vezes seja excessivamente prudente. Se não fosse essa prudência, onde estaria agora? Agora permaneço aqui nas piscinas, no café da Sónia, quase às moscas. Faltam 10 dias para receber o cacau. Que vou fazer? Dormir até lá? Os gajos falam de futebol, para variar. Quero uma mulher fora da televisão. Quero uma mulher que me ame e não me deixe. Quero uma mulher para passar o Verão. Quero uma mulher até mais não.
Os cafés às moscas. A Sónia a jogar. As gajas da TV a provocar, a porem-me doido. Ser quem sou, o que já fui. Tantas horas. Andar atrás da Glória. E ela vem, certas noites, certos dias. Não mais. Ir à procura. EStar na demanda. Entregar as armas para depois voltar ao combate. Ser o louco que dança. Ser o ser que provoca. Agitação, propaganda. Estás a ficar careca atrás, menino. EScrita automática. És quem és, nada mais.

Monday, June 6, 2011

REVOLUÇÃO NA GRÉCIA


Biggest anti-memorandum protest in Syntagma square

by (Reuters) , (Athens News Web) 5 Jun 2011






"Thieves - hustlers - bankers," read one banner as tens of thousands of people packed the main Syntagma square outside parliament to vent their frustration over rising joblessness as austerity bites, blaming the crisis on political corruption and government incompetence.

Turnout was the biggest so far in a series of 12 nightly protest gatherings in the square inspired by Spain's protest movement.

Amidst a sea of splayed hands waved at the parliament building --an offensive Greek hand gesture--, one demonstrator raised a placard reading "Bravo Yemen", whose president underwent surgery in Saudi Arabia for injuries suffered in a rocket attack on his palace.

Police put the crowd at 50,000 by mid-evening, but numbers continued to grow as dusk fell over the Greek capital. According to the Athens News reporters on site the number of protesters exceeded 500,000 at around 22:00 on Sunday. Security was also stepped up around the parliament, with the area blocked for the first time by barricades set by the police.

Another banner drew comparisons with rallies early this year in central Cairo which ousted Egyptian President Hosni Mubarak. "From Tahrir Square to Syntagma Square, we support you!", it read.

The cabinet of Prime Minister George Papandreou is due to discuss on Monday an economic plan, which a senior government official said would impose 6.4 billion euros of budget measures this year alone, on top of austerity measures already imposed under Greece's original international bailout plan agreed last year.

The medium-term plan includes tax increases while the international lenders are pushing for a crackdown on widespread tax evasion. The black economy is thought to amount around 20 to 30 percent of the gross domestic product.

"Instead of going after tax cheats, they are raising taxes and cutting working people's pay," said Yannis Mylonakos, 34, who lost his job at an advertising agency.

As Greece battles to avoid defaulting on its debt, which totals about 340 billion euros, unemployment has soared to almost 16 percent.

The extra austerity is the price for a new bailout agreed with the European Union and International Monetary Fund to replace the old one, which has proved overoptimistic in assuming Greece could resume borrowing commercially early next year.

The Syntagma Square rallies, organized through Facebook, so far have been peaceful, more festive and less politically motivated than traditional labor union protest rallies.

Protesters from all over Greece on the square rejected the austerity policies to cut the budget deficit that lead to layoffs, wage and pension cuts and a heavier tax burden.

"You got the disease, we got the solution -- revolution," read one banner. "We don't owe, we don't sell, we don't pay," read another, hung on the square's lamp posts.

Students, pensioners, young couples with their children and immigrants, were among those gathered on the square over the past week, while protesters also gathered in Greece's second city of Thessaloniki, in the Port of Patras and other major cities.

Organizers say they are determined to continue indefinitely as the number of people joining the Facebook group "Angry at Syntagma" is growing.