Sunday, October 30, 2011

O POETA FALA AOS ANJOS


O Poeta Fala aos Anjos

"As mulheres têm um poder de que nem sempre têm consciência. O poder de criar vida, o poder de dar o amor. Sim, agora compreendo. Não pode haver contradição entre o amor e a revolução. Amamos as mulheres. Dissemos, escrevemos aquelas palavras, aqueles palavrões, só para as provocar, para as despertar."

António Pedro Ribeiro - O Poeta Fala aos Anjos


Publicada por manuel em 12/14/2009

http://doarcodavelha.blogspot.com

Friday, October 28, 2011

É sempre melhor estar aqui no Piolho, na cidade, do que na aldeia. Sempre há movimento, trocam-se ideias, alguns lêem. Além disso, vêem-se umas gajas. No dia 12 vou apresentar aqui o "Café Paraíso". O Adriano está contente. As gajas passam á minha frente. A escrita já não está cavalgante como há pouco. Talvez, como alguém disse, eu tenha algo a ver com Pessoa. Ele ia duas vezes por semana ao escritório, eu não vou nenhuma. Vou pedir uma pensão de invalidez. Preciso de ter algum dinheiro. Ou então vou dizer poemas para as escolas. Sou, de facto, o poeta e o personagem dos meus escritos. Ao escrever sobre mim estou a escrever sobre os grandes dramas da humanidade. Sou o homem. Ele próprio. Questiono a vida, o seu sentido. Escrevo versos. Percorro os dias. Se estiver solto, sou capaz de ter conversas muito interessantes. De dizer o que há muito não é dito. Continuo a acreditar na transformação do homem e do mundo. Pelo menos, de alguns homens. Mas já não acredito na militância clássica. Se for cabeça-de-lista a alguma coisa, certamente serei diferente, sairei das campanhas da rotina, soltar-me-ei, dialogarei com o povo. Esperai de mim o incêndio, não a calmaria. A calmaria tenho-a agora, enquanto precisar dela. Como Sá-Carneiro, como Pessoa, escrevo à mesa do Piolho. Qualquer dia vão fazer-se excursões ao Piolho só para me verem escrever. Sei lá. Penso que a fama está a chegar. Sou uma espécie de santo, como diziam de Nietzsche. As gajas continuam a passear-se à minha frente.

Monday, October 24, 2011

O POETA É UM INCENDIÁRIO

Do nosso camarada António Pedro Ribeiro, poeta, colocamos este grito de revolta…

«Os poetas, alguns poetas, são incendiários. São capazes de pegar fogo ao mundo. Quer através da palavra escrita, quer através da palavra dita. Aliás, na antiga Grécia, havia poetas que eram requisitados para animar as tropas para a guerra. O poeta, não o poeta lírico, não o poeta da corte, tem uma grande responsabilidade entre mãos. Pela palavra pode incendiar os que o lê...em ou os que o ouvem, pode provocar a guerra ou a revolução. Não o esqueçamos. Além de médium, de mago, pode ser o incendiário. Há exemplos na História. A forma como certos poetas, certos bardos, acabam por influenciar muita gente. Não é nada de desprezível.

Sobretudo nos tempos que vivemos, nos tempos de quase caos e barbárie. Não é necessário estar sempre a dizer: "Vem aí a revolução! Vamos todos para a rua!" Basta dizê-lo duas ou três vezes. O poeta dito maldito tem, de facto, uma missão, se calhar mais eficaz do que a dos partidos ou de outras organizações, a de acordar as pessoas, sobretudo os jovens. "We want the world and we want it now!” gritou Jim Morrison. "Merda para Deus!", como proclamou Rimbaud. "Nem Deus nem amos", berram os anarquistas. O poeta não está à venda, está cá para incendiar. O país e o mundo já ardem e o poeta deve atear ainda mais o incêndio. "Vamos pegar fogo à noite", ainda os Doors. Ao pegar fogo também a si próprio, ao incendiar-se, o poeta deve igualmente cantar a mulher, deve provocá-la, trazê-la para o fogo. O que não é fácil, porque se bem que a mulher seja selvagem, natural, ela também procura a segurança, o conforto, o sustento, o lar, a protecção de si e das crias. Mas o poeta, tal como Dionisos, deve ser capaz de arrastar consigo as bacantes. Deve amá-las. Não é como os outros. Provoca. Incendeia. Traz a luz. Rouba o fogo e a arte aos deuses, como Prometeu. O poeta é um incendiário.»

http://lutapopularonline.blogspot.com

Saturday, October 22, 2011

A CONTAMINAÇÃO


Escrever. Simplesmente escrever. A magia dos dedos e da caneta. O derramar das letras na folha. Suavemente, sem stress, a mente serena. Ser apenas isto, nada mais do que isto, não precisar de personagens nem de histórias. O texto pelo texto, a escrita pela escrita. Deixar-me ir, ser quem sou, sem grande esforço. As pessoas falam, lêem jornais, permanecem. A Gotucha foi arranjar as unhas.
Só me dou com algumas pessoas. Nem sequer tenho conversa para aquelas que só falam de futebol, cuscovilhices, família. Sou capaz de expressar pensamentos mais elevados e, por isso, as minhas amigas falam comigo, nem que seja pelo facebook. Sim, sou capaz de dizer que nos tentam roubar a juventude e a infância. Digo também que estamos às portas da barbárie mas que alguns seres humanos podem ter asas, podem atingir o mundo do espírito. Talvez daí nasça um mundo superior. Talvez de entre aqueles que passam pela experiência da depressão ou de outras perturbações mentais surjam companheiras, companheiros. Porque esses conhecem o inferno na terra. Porque esses estão amaldiçoados pela existência entediante e sem sentido que nos tentam impor. Por isso, estarão mais sensíveis às minhas palavras. Esses e todos aqueles que não se deixam levar pela contaminação capitalista.

Friday, October 21, 2011

ÍNDIGO

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.Ir para: navegação, pesquisa

Crianças índigo - é uma teoria que afirma que, supostamente, uma nova geração de crianças com habilidades especiais estejam nascendo e que estariam trazendo uma "Nova Era" para a Humanidade. Essas crianças, segundo a teoria, teriam habilidades sociais mais refinadas, maior sensibilidade, desenvolvimento profundo de questões ético-morais e portariam personalidades peculiares que possibilitariam facilmente sua identificação em meio a outra crianças.

Embora farta literatura tenha sido publicada nos ultimos anos, não há comprovação científica sobre o fenômeno, bem como o sistema de classificação "crianças índigo" e "crianças cristais" é rejeitado por conselhos de pediatria e especialistas em educação infantil. [1]

As crianças indigo são também comumente associadas a Geração Y. [2]

Índice
1 Definição
2 História
3 Características
4 Tipos de Crianças Índigo
5 Crianças índigo e Doutrina Espírita
6 Crianças índigo em Portugal
7 Crianças índigo no Brasil
8 Síndrome de Asperger
9 Ver também
10 Notas
11 Ligações externas


[editar] DefiniçãoChamam-se crianças índigo a certos seres que, supostamente ao nascer, trouxeram características que os diferenciam das crianças normais, tais como a intuição, a espontaneidade, a resistência à moralidade estrita e restritiva, e uma grande imaginação, avolumando-se frequentemente também entre tais capacidades, os dons paranormais, embora estes dons não sejam usualmente do conhecimento da própria criança. As crianças índigo podem ser vistas como uma espécie de milenarismo, em que se acredita que tais seres mudarão o mundo trazendo-o até um estado mais espiritual e menos estritamente moralizado.

Há que notar que uma boa quantidade das crianças índigo são classificadas de hiperactivas ou disgnosticadas com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, o que explicaria em boa parte o crescente interesse de pais e educadores por este assunto.

[editar] HistóriaEm 1982 a parapsicóloga Nancy Ann Tappe elaborou um sistema para classificar os seres humanos de acordo com a suposta cor da sua aura espiritual, lançando a obra "Compreenda a sua Vida através da Cor" onde fez um estudo sobre "as cores da vida". Segundo a autora, cada pessoa possui uma certa cor na sua aura em função da sua personalidade e interesses.

No caso das crianças índigo, a aura deles tende a mostrar as cores anil ou azul, as quais reflectem uma espiritualidade mais desenvolvida.

A autora afirmou ter detectado pelo seu método que as auras de cor índigo começaram a surgir com mais frequência na década de 1980, mostrando uma tendência a proliferar, o que parece justificar o seu papel de transformação da sociedade nas primeiras décadas do século XXI.

[editar] CaracterísticasAs crianças índigo apresentariam uma série de atributos sensoriais recorrentes, como a hipersensibilidade auditiva ou a hipersensibilidade tátil. De igual modo, apresentariam um padrão de comportamento peculiar, destacando-se:

Chegam ao mundo com sentimento de realeza e a curto tempo se comportam como tal;
Têm a sensação de ter uma tarefa específica no mundo, e se surpreendem quando os outros não a partilham;
Têm problemas de valorização pessoal e a curto prazo dizem a seus pais quem são;
Custa-lhes aceitar a autoridade que não oferece explicação nem alternativa;
Sentem-se frustrados com os sistemas ritualistas que não requerem um pensamento criativo;
A curto tempo encontram formas melhores de fazer as coisas, tanto em casa como na escola;
Parecem ser anti-sociais, a menos que se encontrem com pessoas como eles;
Não reagem pela disciplina da culpa;
Questionam frequentemente os dogmas religiosos, não os aceitando naturalmente como tradição familiar;
Não são tímidos para manifestar as suas necessidades.
[editar] Tipos de Crianças ÍndigoSegundo os investigadores desta temática, podem ser identificados quatro tipos de crianças índigo:

Humanistas - muito sociais, conversam com toda a gente e fazem amizades com muita facilidade. São desastrados e hiperativos. Não conseguem brincar só com um brinquedo, gostam de espalhá-los pelo quarto, embora às vezes não peguem na maioria. Distraem-se com muita facilidade. Por exemplo: se começam a arrumar o quarto e encontram um livro, nunca mais se lembram de acabar as arrumações. Como profissões, escolherão ser médicos, advogados, professores, vendedores, executivos e políticos. Trabalharão para servir as massas e, claro, atuarão sempre ativamente.
Conceptuais - estão muito mais voltados para projetos do que para pessoas. Assumem uma postura controladora. Se os pais não estiverem pelos ajustes e não permitirem esse controlo, eles vão à luta. Tem tendência para outras inclinações, sobretudo drogas quando da puberdade, caso se sintam rejeitados ou incompreendidos. Daí a redobrada atenção por parte de pais e educadores em relação aos seus padrões de comportamento. No futuro poderão ser engenheiros, arquitetos, pilotos, projetistas, astronautas e oficiais militares.
Artistas - são criativos em qualquer área a que se dediquem, podendo, inclusive, vir a ser investigadores, músicos ou atores altamente conceituados. Entre os 4 a 10 anos poderão vir a interessar-se por até 15 diferentes áreas do conhecimento (ou instrumentos musicais, por exemplo), largando uma e iniciando outra. Quando atingirem a puberdade, aí sim, escolherão uma área definitivamente. Poderão ser futuros professores e artistas.
Interdimensionais - entre os seus 1 e 2 anos os pais não podem tentar ensinar-lhes nada, pois eles responderão que já sabem e que podem fazer sozinhos. Normalmente, porque são maiores que os outros tipos de índigos, mostram-se mais corajosos ainda e por isso não se enquadram nos outros padrões.
Desta forma, os estudiosos do assunto acreditam que estas crianças seriam as responsáveis pela introdução de novas filosofias ou espiritualidade no mundo.

[editar] Crianças índigo e Doutrina EspíritaO tema, apesar de originalmente atravessar décadas, ganhou um novo estimulo nos ultimos anos sendo divulgado pela Doutrina Espírita.

Particularmente depois que o médium e orador espírita Divaldo Franco teve uma de suas palestras sobre o tema transcrita e ampliada [3][4] transformada em livro bilíngue pelas mãos da neurocientista brasileira Vanessa Anseloni,[3] radicada nos EUA e antiga defensora da integração entre os dois temas[5] o conceito passou a ser visto com simpatia por muitos espíritas.[6]

Para eles, as crianças índigo seriam espíritos exilados de outros mundos. Como não fossem capazes de acompanhar o "progresso moral" de tais planetas, eles teriam sido encaminhados para mundos inferiores, como a Terra, com a meta de auxiliar sua evolução. Os defensores dessa ideia tratam-na como um desenvolvimento do tema migrações espirituais, presente em obras populares no meio espírita brasileiro, como A Caminho da Luz e Exilados de Capela, e referido por Allan Kardec em A Gênese.[7]

Por outro lado, há grupos espíritas que são contrários à associação entre o tema crianças índigo e o espiritismo.[6] Defendem que as obras A Caminho da Luz[8] e A Gênese[9] não abordam o termo crianças índigo, tampouco trazem referências às características físicas e psicológicas que costumam ser atribuídas a elas.

Eles repudiam[6] a publicação e tradução de livros relacionados ao tema por editoras que possuem foco de mercado no público espírita, como a Petit,[10] bem como os palestrantes espíritas que utilizam esta temática.[6]

Alguns pesquisadores [11] dizem ser muito difícil haver uma civilização mais evoluída no sistema solar de uma estrela Plêiade como Alcyone, conforme afirma Divaldo[7] pois estas teriam apenas cerca de 100 milhões de anos, enquanto a Terra teria demorado quase um bilhão de anos apenas para esfriar e aparecerem os primeiros organismos unicelulares e quase mais quatro bilhões para o surgimento do "Homo sapiens". Além de contestar a suposta influência gravitacional de Alcione na Terra.

Divaldo Franco não reconhece [12] influência mediúnica em suas elaborações sobre o tema. Por se tratar de um palestrante que também se notabilizou como médium, esse fato pode servir como fonte de descrédito, diante de certos setores espíritas, para as ideias que defende sobre crianças índigo.

O boletim "Mensagem" discute sobre a origem do termo crianças índigo e sua utilização no movimento espírita[13].

[editar] Crianças índigo em PortugalEm Portugal existe a Fundação Casa Índigo, criada em 2004 por Tereza Guerra e Alain Aubry, registada como IPSS pelo Ministério da Educação em 2008 é um projecto destinado ao estudo, esclarecimento e desenvolvimento de actividades de apoio a crianças e jovens de todo o tipo e características, incluindo crianças com energias índigo, cristal, crianças dotadas, sobredotadas, super psíquicas, entre muitas outras designações e jovens que se identifiquem com todas estas vibrações do Novo Tempo.

As Actividades da Casa Índigo são únicas e destinam-se a crianças, jovens e adultos índigo, cristal, violeta, sobredotados, super-psíquicos ou outros, de todas as idades e condições.

Vivemos num mundo de mudanças permanentes e cada vez mais sentimos dificuldades de adaptação face ao institucionalizado, ao determinado, à autoridade que a sociedade, a família e a escola tentam impor e que têm implicações profundas no futuro do indivíduo! A criança e o jovem, cada vez mais, revela intolerância e incapacidade de aceitação e revolta.

Neste contexto muitas crianças consideradas especiais são rotuladas, frequentemente, como rebeldes e, por vezes, são consideradas hiperactivas, impulsivas, com déficit de atenção e outros distúrbios comportamentais, que em nada as ajuda no normal crescimento e desenvolvimento, sendo frequentemente medicadas o que lhes provoca ainda maior desequilíbrio físico, psicológico e moral.

Estes comportamentos desajustados em crianças especiais desaparecem naturalmente quando são compreendidas e acompanhadas através de actividades criativas, artísticas, harmoniosas, musicais, lúdicas, consciênciais e até espirituais.

Tereza Guerra publicou em Setembro de 2004 o primeiro livro em Portugal sobre "Crianças Índigo", o qual é em Dezembro de 2007, reeditado pela editora Sinais de Fogo com o título “Crianças Índigo e Cristal” com mais informações sobre as crianças da Nova Era e novidades acerca das actividades e projectos desenvolvidos pela Fundação Casa Índigo.

Co-fundadora com Alain Aubry da Fundação Casa Índigo, Tereza Guerra desenvolve um projecto de apoio a crianças índigo e jovens índigo, esclarecendo pais, educadores, professores, psicólogos, médicos, terapeutas e todos aqueles que estão em contacto com crianças e jovens.

A Fundação Casa Índigo tem organizado conferências, palestras, workshops, seminários, exibição de filmes sobre o tema Crianças Índigo: tais como Índigo e Índigo Evolution. Estes eventos têm-se realizado com a colaboração de várias Instituições Educativas, Universidades, Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia, Centros Culturais ou na Área da Psicologia e Saúde.

[editar] Crianças índigo no Brasil[editar] Síndrome de AspergerA chamada síndrome de Asperger, transtorno de Asperger ou desordem de Asperger, é uma síndrome do espectro autista, diferenciando-se do autismo clássico por não comportar nenhum atraso ou retardo global no desenvolvimento cognitivo ou da linguagem do indivíduo. Muitas das características definidas para a chamada "criança índigo", são próximas das características de diagnóstico da Síndrome de Asperger, sendo que existe a possibilidade de uma criança com a Síndrome de Asperger não estar a receber o tratamento correto por ter sido enquadrada na teoria da criança índigo[carece de fontes?]. É preciso ter atenção nas características de diagnóstico da Síndrome de Asperger, que são:

Interesses específicos e restritos ou preocupações com um tema em detrimento de outras atividades;
Rituais ou comportamentos repetitivos;
Peculiaridades na fala e na linguagem;
Padrões de pensamento lógico/técnico extensivo;
Comportamento socialmente e emocionalmente impróprio e problemas de interação interpessoal;
Problemas com comunicação;
Habilidade de desenhar para compensar a dificuldade de se expressar verbalmente;
Transtornos motores, movimentos desajeitados e descoordenados.
Segundo alguns estudos, apresentam imaginação e criatividade fantasiosa mais reduzida do que uma criatividade com bases em fatos.
Frequentemente, por um Q.I. verbal significativamente mais elevado que o não-verbal

Wednesday, October 19, 2011

TÚLIPA

O antigo "Túlipa" tem agora uma gaja boa. Aos 18/19/20 anos, João vinha para aqui beber e confraternizar com os amigos. Era um ponto de encontro para a juventude dos finais dos anos 80 aqui nas Enguardas. Havia a discussão sobre bandas, filmes, política, mulheres, alguma literatura. Havia o Berto e o Quinó. E já aparecia por aqui o Jaime Lousa. Uma vez João disse-lhe que ele tinha uns bigodes à Nietzsche e ele acedeu. O pai de João preenchia os boletins do Totobola e fazia cálculos matemáticos no café em frente, o "Convívio". Agora isto parece um bar selecto e as mamas da dona saltam-lhe da "t-shirt". Ela varre e João é inofensivo. Bons tempos esses do "Túlipa". Era, de facto, a descoberta da noite e da vida. Havia também a Natércia e o pessoal da Rádio Clube do Minho: o Alexandre, o Luís, o Paulo, o Nuno. Grandes farras. "Acordai, filhos da puta!", gritávamos às 3 da manhã em Santa Tecla. Os primeiros concertos. As primeiras bebedeiras de caixão à cova. A descoberta dos Bauhaus e dos Joy Division. A escrita para a "Página da Juventude" do "Correio do Minho". Os primeiros poemas publicados no "Correio" e no "DN Jovem". O Jorge e o Rui, ainda.

Sunday, October 16, 2011

REI


Rei
senhor
em Madalena
em Jesus
na bondade
no amor
mas também
soberbo
magnífico
agradeço as luzes
o homem nada é
sem o conhecimento
sem a leitura
sem os números
de Pitágoras
somos bárbaros
cães
lobos do próximo

Rei
senhor
como há milénios
nos reinos idos
soberano
desprendido
como no palco
na palavra
no canto
brilho
hoje
sou.

Friday, October 14, 2011

POESIA INCENDIÁRIA


poesia incendiária
poesia incendiária
é o que escrevo
não suporto
a Fátima Lopes
nem a máquina da verdade
não aceito
que o Passos
me roube a vida
nem ele nem os palhaços
da UE, da Merkel, do FMI

poesia incendiária
assusta-vos
mete-vos medo
fechai-vos na casinha
levai a vizinha
e o ouro dela
e tu cala-te, Fatiminha,
estou farto
de perguntas imbecis
meteis essas merdas
nos cérebros das pessoas
levais-las na conversinha
até pareceis inocentes
ide arder com o Obama
para Wall Street
sois todos amiguinhos
jogais tão bem o jogo
até começo a simpatizar
com os ladrões de bancos
e com os que rebentam
as caixas multibanco
pode ser que chova
algum para mim

vá, Fátima
vá, Bárbara,
entretei-nos com os gordos
continuai na "Casa dos Segredos"
enquanto eu
vou incendiando por aqui
acautela-te, ó Passos,
nada tenho a perder
já andei pelos partidos
já vi o que tinha a ver
e vós continuai
a dar as boas-tardes
a entregar as vossas vidas
isto vai começar a arder
nada está seguro
sou o poeta do caos
provoco
gozo
ameaço
já tenho a fama do arruaceiro
em várias cidades
a polícia sabe
começo realmente
a subir aos céus
o ouro é meu,
ó máquina da verdade
da Fatiminha
ó gordos da Babá
ó macacos e macacas
do "Big Brother"
dói, não dói?
Queima!
É a poesia incendiária
a poesia incendiária
vai tomar conta do mundo.

DOS FILMES


Contudo, para lá da depressão, João tinha fases de mania. O pensamemento acelerava, a palavra libertava-se, era capaz de falar durante horas sobre vários assuntos, julgava-se capaz de mil e uma coisas. Contrariamente ao que dizem muitos psiquiatras e psicólogos, a fase da mania não é necessariamente nociva. João escreveu grandes poemas como "Bailarino", "Big Trip, Big Sleep", "A Arder", nesse estado. E quando dizia poemas nos bares, como no Púcaros ou no Pinguim, transfigurava-se. Mas, apesar de ter sido jornalista e de ter tido outros empregos, o poeta nunca se adaptou verdadeiramente à vida do trabalho. Sempre teve dificuldade em ter horários, em aceitar os chefes, excepto o Artur Queiroz. No fundo, não obstante gostar de ser jornalista, nunca entendeu muito bem essa lógica de ter de troca trabalho por dinheiro. João tinha feito o percurso da dádiva, da antiga liberdade. Outra vez Morrison, Nietzsche, também Henry Miller. Para o poeta, a vida valia por si mesma, só fazia sentido enquanto descoberta, enquanto procura de um ideal de beleza, de um conhecimento. As suas iluminações, delírios e alucinações iam de encontro a isso. O artista sentia-se um médium, sentia-se até Deus a rebolar no jardim e a decidir da vida e da morte das pessoas. Fica possesso, ora incarna o ódio ou o amor. Quando é amor une os céus, ressuscita as pessoas. Quando é ódio põe tudo a arder, como Nero em Roma. É também Hamlet de Shakespeare. Quando o pai morreu, ouvia a sua voz. Ouvia várias vozes. Exércitos que o perseguiam, exércitos que o protegiam. Vinha sempre a ideia de revolução, da tomada de Lisboa, de mensagens que lhe chegavam. Havia fogo, mortes, no entanto, no fim era a redenção, o amor triunfava. O poeta torna-se profeta, um revolucionário místico. Contudo, depois as vozes voltavam, João atirava-se para o chão, pensava que tinha a casa cercada, que tinha sido traído, que tinha perdido a guerra. Depois voltava para o psiquiatra. Foi assim, várias vezes.
Em 2001, estava com a Paula em Braga, era Páscoa, assistiram à Procissão do Enterro do Senhor. João viu Jesus na cruz e não aguentou. Viu um revolucionário no tasco a pregar a revolução, graffitis subversivos na parede. Paula não entende e chama-o. Mas ele vê-se rodeado de anões e duendes que o acusam de traição. O poeta vive isso tudo, não imagina. Paula levou-o para casa mas as vozes não deixavam de o apoquentar. Durante vários dias.
Em Agosto de 2006, foi ao Festival de Paredes de Coura dizer poesia, ao lado de Adolfo Luxúria Canibal e de Isaque Ferreira. A sua actuação no Centro Cultural talvez tenha sido a melhor da sua vida. Disse Jim Morrison e a "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro". Falou da infância, de Deus e da mãe. Falou do puto puro que tinha sido e dos vícios que tinha adquiridio duma forma arrebatada, extática. O público veio abaixo, ria, entrava em diálogo, ovacionou. Depois, nessa noite, foi ver os Cramps e os Bauhaus com a Ana. No meio da multidão, voltou a ouvir vozes, pensava que chamavam pelo seu nome, que falavam de si. Alguns naturalmente até o comentariam mas nunca poderia ser tanta gente. Estavam 500 no Centro Cultural, no recinto do Festival estariam 30 000. E ele não era o Peter Murphy. Ana falava com João, tentava-o despertar mas este estava para lá. Entre os deuses. No Tennesse. Quando chegou a casa desfez-me em lágrimas, julgava que tinha insultado a mãe em público. Uns dias depois, após uma boleia de uma amiga, foi da Póvoa a Vila do Conde a pé e desatou a partir os vidros dos carros de maior cilindrada. Julgava-se em Paris a fazer a revolução. Alguém viu, foi interceptado por um polícia à paisana e conduzido à esquadra. O caso foi arquivido. Já antes tinha apedrejado a Junta de Freguesia e várias montras. Voltou a fazê-lo. Acredita numa revolução como a grega.
Em 2003, foi acusado de deitar abaixo a estátua do major Mota na rua da Junqueira na Póvoa de Varzim. O major foi presidente da Câmara na época do salazarismo e Comandante da Legião Portuguesa. João, dias antes da inauguração da estátua, distribuiu panfletos à população em defesa do 25 de Abril e contra o fascismo, tudo em nome de uma Frente Guevarista Libertária. Três meses depois, a estátua caiu. O poeta e a Frente foram acusados. Saiu nos jornais locais e nacionais. Meses depois, João foi interrogado pela Polícia Judiciária. Não havia provas. Há quem diga que foi o camião do lixo que deitou a estátua abaixo. Uns anos a seguir, uns putos voltam a partir a estátua.

Wednesday, October 12, 2011

THE KING IS NOT DEAD


Rei
rei outra vez
desafio-os
rebento-me a mim
rebento os outros
revolucionário sou eu
não me venhais com estórias
vim pegar fogo ao mundo
vim purificá-lo
sou um filho da puta
um verdadeiro filho da puta
quais Mão Morta, quais quê?
Uns meninos de cora
the king is coming
the king is not dead.

Thursday, October 6, 2011

À MESA DO HOMEM SÓ POR CLÁUDIA SOUSA DIAS

à mesa do homem só. estórias., A. Pedro Ribeiro
20 February 2009
CLÁUDIA SOUSA DIAS


Paixão, delírio, desvario e perda. São os principais ingredientes deste pequeno grande livro de poesia de A. Pedro Ribeiro que, nesta fase, dava os primeiros passos nas lides da escrita poética. Os textos datam da segunda metade da década de 1990 e início dos anos 2000. É notório o talento que escapa por entre as frases de uma escrita errante. Uma escrita essencialmente emotiva, elaborada a partir do cenário do quotidiano dos cafés das cidades do Porto e de Braga.

Uma das facetas mais angustiantes da obra por se tratar de uma temática recorrente, em diversos trabalhos de A. Pedro Ribeiro, é o da necessidade da fuga, de evasão e perseguição da miragem de um paraíso perdido, através da procura de refúgio no álcool, o alívio momentâneo no sexo. No primeiro caso, as alucinações despoletadas pela bebida aproximam-no da poesia provocadora de Morrison, enquanto que, no segundo, colocam-no muito próximo do panteão dos poetas do erotismo norte-americano como é o caso de Miller ou Bukovski.

As provocações sucedem-se em poemas como

“Ressaca”

Na ressaca
das noites ébrias
liberto pássaros
absorvo conversas

Tudo parece
absurdo convencional
diante do meu fogo
diante da embriaguez
permanente.


É notório o sentimento de insatisfação constante, fruto do espartilho do tédio, da monotonia, do desespero impresso pela patine da rotina dos dias sempre iguais que impelem a procura de mundos diferentes, onde a solução mais imediata é aquela que parece ser o portal de saída, de fuga, o álcool – abre a cortina para o paraíso construído na imaginação a partir da alteridade da consciência e do desequilíbrio sináptico que transparece no apelo a Dionysos em “Ébrio 29”.

“…ao raiar da aurora
avistaremos a terra prometida
desfilaremos entre os anjos
sobre o tapete celestial…”

Do mesmo impulso de fuga à deprimente e feia realidade do quotidiano, nasce o sonho da Beleza e do Prazer, onde se apela ao excesso, trazido aparentemente pelo arquétipo representado deus ou pela figura alegórica da Embriaguez, embora, na realidade, o desejo mais primário, mais fundamental é, precisamente, o Desejo, trazido pela mão de Aphrodite, arquétipo incarnado pela Musa, a quem é dedicado o livro…

“Valete de Espadas”

pétalas murchas
cálices desleixados
(…)

o sangue não corre
a alma não morre
entediada

tantas horas
longas demoras
no meu quarto
a espera
ansiosa

a vida lá fora
as conversas
…tu…
…já não vens…
…hoje…

Prosseguem a angústia e a asfixia, que agarram a alma, numa espiral de auto-destruição como um pântano de areias movediças em

“Távola”

(…) Amor sobre um penedo de saudade
rebento suicida
outras eras
idades

A catarse
o ciúme
ao rubro
o crime
o filme

estórias ao espelho
à mesa a tua imagem
do homem só acesa.

Um poema com duas opções de leitura, a multiplicar as interpretações e a aumentar exponencialmente a riqueza polissémica do texto que dá o título ao livro.

Em vário textos de à mesa do homem só. estórias a linguagem utilizada, aparentemente desconexa, é a projecção de caóticos sonhos povoados de erotismo, que reflectem uma poética tipicamente onírica, marcada por uma profusão de imagens que se sobrepõem e reproduzindo um caos interior, caracterizado por um vórtice de contradições à vista desarmada.
Poemas como “Anjo em Chamas”, dedicado a Jim Morrison, ou “Cristo Ébrio” deliciam pela absoluta subversão face ao convencional, à norma, às regras, a toda e qualquer proibição ou dogma, características que fazem do poeta A. Pedro Ribeiro um verdadeiro filho de Maio de ’68 . São dois poemas povoados de um erotismo imbuído no sagrado, a exaltar o hyerogamos, ou acasalamento sagrado, a lembrar antigos rituais Gregos ou Babilónios.

“Cristo Ébrio”

Regresso
serpentes masturbam-se na areia
estradas aquáticas

golpes de espuma celebram
o orgasmo de Neptuno.

Procuro o beijo
o anel sagrado
sou serpente ébria (…)

serpente ébria
danço canto
enfeitiço…

Este poema e o seguinte sugerem um ritual dionisíaco, marcado pelo ritmo caótico, desenfreado de um voraz bailado de Ménades, como se pode ver no poema

“Um poeta em fogo”

Distingo ao longe
um cenário onírico
adornado
de cores perversas

(…)

Vulcões vomitam cometas
flores desabrocham
em arco-íris embriagadas.

Cascatas inflamadas
trepam a catedral.

Caânticos dionisícos
em redor da fogueira
corpos enlaçados
em delírio carnal.
(…)


Em toda a obra se assiste ao triunfo da Loucura sobre a Razão que está especialmente manifesto em “Representação”.

Mas em “Devaneios” começam a notar-se alguns ecos de Baudelaire e da sua obra As Flores do Mal

“Devaneios”

Toma-me a alma
Conduz-me ao fim da noite
(…)
Encharca de whisky o meu cadáver vivo”
(…)

Vem pintor surrealista
acende na tela
a sombra imensa do martírio
conduz-me a noite sem fim”

O último dos poemas de à mesa do homem só…, com o qual o autor presta homenagem aos sem-abrigo, exprime a total e completa insubmissão à norma e a necessidade de afirmação e de ser aceite na plenitude da diferença, que comporta a sua forma de estar no mundo, com todos os desvios:

“Queimam as horas mal-dormidas sobre um banco de jardim.
No cérebro estalam vulcões, montanhas. A viagem recomeça, rumo ao cume.

Dentro do sonho existem lugares verdes (…)
Quiseram prender-me. Atirar-me para o hospício.
Mas eu não estava lúcido. E os inquisidores fugiram de mim.”

Uma escrita onírica sim, porque pictórica, onde as imagens se sucedem, se fundem formando o caos aparente, onde se concentra o vórtice de emoções e sensações impossíveis, incomportáveis na morna quietude de quotidiano…

À mesa do café está o último reduto que abriga alguém que encarna a rebeldia de quem prega no deserto, no meio de víboras e escorpiões.

Um livro no qual, segundo o Autor,

“tudo acaba, tudo começa à mesa do homem só que escreve, descreve, constrói cenários, delineia paisagens. O resto são estímulos, sinais exteriores, perspectivas de contacto, imagens.”

Clamamos, portanto, por uma reedição.

Urgente.

por Cláudia Sousa Dias

à mesa do homem só. estórias
A. Pedro Ribeiro
Silencio da Gaveta
2001