Tuesday, March 20, 2012

ALVINEX

Hoje à tarde, iremos gravar mais uma emissão do Alvinex. Os convidados: António Pedro Ribeiro, poeta, diseur, agitador, que acabou de publicar um novo livro, CAFÉ PARAÍSO (edição Culture Print); Pedro Lucas, director da revista Men's Health; e por fim, mas não menos importante, teremos à conversa Carlos Ademar, ex-inspector da PJ que acaba de publicar «O Bairro - Um lugar onde a realidade ultrapas...sa a ficção» (edição Oficina do Livro) que «baseado numa história verídica, é o retrato intenso de um mundo onde o crime e a honestidade convivem diariamente, onde prolifera o sentimento de abandono a que foi votado quem ali cresceu, para onde foi viver quem não tinha alternativa e onde é real a coragem de suportar o estigma de um nome. Mais do que um romance, O Bairro é a metáfora de tantos vulcões existentes em redor das grandes cidades contemporâneas, cuja eventual erupção todos temos o dever de evitar». Gravação esta tarde, por isso, se quiserem deixar perguntas a algum dos convidados, têm à disposição a caixa de comentários aqui do facebook.

Monday, January 30, 2012

"CAFÉ PARAÍSO" SEGUNDO ÂNGELA BERLINDE

palavras de ângela berlinde durante a apresentação de “café paraíso”, n’”a brasileira”, em braga
Publicado em Dezembro 15, 2011 | Publicar um comentário
Ao Ribeiro

Nunca serei fotógrafa o suficiente
para revelar a loucura e devaneio do poeta maldito
ou fazer o mais claro enquadramento das longas tardes
onde o poeta tudo roubou ao futuro do mundo.
Nunca serei gente suficiente
para o retratar.
Mas sei que há fotografias
que se não escrevem,
sendo só o tempo o seu dono
e a infinita passagem
a única e a mais justa forma
de os expressar.
Ribeiro fica nos cafés e na luz espelhada da Brasileira
na cor tão difícil que a liberdade mistura com os dias do mundo.
Há no seu coração um planeta a atravessar-lhe o coração,
como se o Poeta e o mundo pudessem ser uma narrativa
para partir de vez,
para o mais justo coração da humanidade.
Os livros de Pedro Ribeiro são o seu retrato mais grandioso,
como é o retrato de uma geração, de alguém nascido no mítico maio de 68.
Acreditemos em numerologia e aponte-se o dia de hoje, de regresso à Brasileira, como o dia em
que se lança o seu 10 º livro.
Guardaremos aí a estranheza e a feliz coincidência de hoje se celebrar o nascimento de Jim
Morrisson, uma intima inspiração do poeta aqui retratado, no desconforto das suas inquietações.
António Pedro Ribeiro não escreve apenas os livros, também os vive, chora, declama e, posso dizer
fotografa esse mundo.
Quem já não chorou com livros? Mas quem ainda não se espantou com a experiência de ter visto o
Ribeiro a declamar a sua poesia.
Quem seria Ribeiro se não fora a coragem de se ser também um dizeur, um artista performer?
Ribeiro é dos livros, mas também da voz e do grito, da música que se transforma em imagens. E só
por aí, Ribeiro já é do mundo, esse que acredita na humanidade.
Diante dos textos do Ribeiro uma insistente pergunta se impõe: como ler uma obra em que a
novidade se instaura no próprio código, na escrita em si? Escrita performática, inquietante que
clama por um novo leitor, que precisa se desprender dos moldes tradicionais de leitura e tornar-se
participante do ato de criação.
Nessa nova perspectiva de leitura, o texto não pode apenas ser visto, necessita de ser contemplado,
ouvido, tateado, percebido sinestesicamente, o que nos reporta à insistência com que o ler aparece
nos livros do Ribeiro.
O texto é directo e não se deixa interromper, não se fixa em nada, extrapola as convenções e,
diferentemente do que se verifica na obra, “não tem mancha de ruído”, ou seja, não “se fecha sobre
o significado” (Barthes, 1988: 73).
Nos livros, é sempre muito duvidoso o que se dá e o que se recebe, mas também não importa, o que
importa é que a estrada é uma caligrafia e o pensamento do Ribeiro é um planeta, uma rota, um
mapa, uma mão, uma voz, uma revolução!
Qualquer dia entenderemos o que é ter vindo ao mundo para inscrever coisas na parte ainda vaga do
universo em que o poeta almejou uma revolução.
O poeta pára nos cafés à espera de mais mundo.
A Terra do Ribeiro são os cafés que o protegem das intempéries e dos verões escaldantes. Ter uma
terra é isso: é ter um lugar de plantio e de colheita do que se não esquece, tudo mais, por mais belo
que possa ser, é uma passagem, é um desaparecimento.
Na terra do Ribeiro pode-se medir o mundo.
É nos cafés onde emerge o desejo e o espanto, lembrando as impossíveis brisas e todas as baladas.
Na poesia do Ribeiro o mundo a escorre-lhe dos olhos
Nesta terra é um poeta e pouco mais, com um caderno pronto e urgente numa mão
e na outra um coração.
Ângela, a Berlinde

Saturday, December 24, 2011

POESIA DE CHOQUE NA SIC NOTÍCIAS

0 comentar 0 recomendar E-mail Primeiro nome Apelido E-mail destinatário Imprimir A+ A A- Porto, 19 mar (Lusa) -- Faça-se silêncio que se vai ouvir poesia: é assim todas as terceiras quintas-feiras de cada mês no Clube Literário do Porto, um dos emblemáticos palcos de tertúlias poéticas da cidade.*** Ana Marques Gonçalves (texto) e Filipe Pedro, Agência Lusa ***

Porto, 19 mar (Lusa) -- Faça-se silêncio que se vai ouvir poesia: é assim todas as terceiras quintas-feiras de cada mês no Clube Literário do Porto, um dos emblemáticos palcos de tertúlias poéticas da cidade.

O som introduz o que aí vem. Um CD passa um qualquer declamador, enquanto habitués, estreantes, homens, mulheres, góticos e antigos padres se vão amontoando no primeiro andar do Clube Literário do Porto: há uma casa cheia para ouvir "Poesia de Choque".

Artistas e público conhecem-se, cumprimentam-se, partilham um copo de vinho, com a descontração a ser o mote, a poesia a ser o ponto de encontro e a música o cenário de fundo. A tertúlia começa mais de uma hora atrasada, porque não há espaço, nem cadeiras para tanta gente (cerca de 50 pessoas para uma única sala).

Nas colunas, ouve-se os acordes de "The End", dos The Doors e os versos "It hurts to set you free/ But you'll never follow me" na voz do mítico Jim Morrison, numa antevisão do silêncio que se vai seguir, numa confirmação daquilo que António Alves da Silva disse à Lusa: "A poesia é um pouco omnipresente e omnisciente, está com quem vive a poesia, não escolhe propriamente".

Este espetador é estreante, ao contrário de Hermínia Bacelar, mulher de Letras, que há 14 anos atrás se iniciou na poesia no saudoso Púcaros, que durante 15 anos foi uma sala de poesia do Porto.

"O Porto é uma cidade de poetas, mas Portugal é um país de poetas. Portanto, não é nem mais nem menos do que outras cidades", refere a "espetadora e amante da poesia".

Hermínia Bacelar acredita que no Porto a poesia encontrou um lugar único: "Já há muitos anos, há um público muito aficionado... acho que é essa a palavra. Como quem vai à tourada ou ao fado, há um público da poesia e é um público de todas as idades, que é outra coisa muito interessante, porque apanha as gerações todas".

É uma assídua das sessões do Clube Literário, quatro por mês, divididas por Quartas Mal'Ditas, Quinta Essência, Poesia de Choque e Portugal Poético.

"Penso que estes encontros de poesia são quase como o fado vadio, é poesia vadia, porque as pessoas que a vêm aqui dizer não são pagas e, portanto, são os amantes da poesia, aqueles que gostam de dizer e que gostam de ouvir se encontram para esse efeito", completa.

Faz-se silêncio e começa a sessão. António Alves da Silva apresenta António Pedro Ribeiro, poeta e responsável pelas sessões do Clube Literário. "Sempre foi, sempre será assim para os poetas", diz. O quê? "A marginalização". Mas o que vê ali, naquela sala, é a massificação da poesia.

"A poesia sempre marcou um papel na história deste país, mas perante o cenário atual atribulado da humanidade, de revoltas e contrarrevoltas, pelo menos certo tipo de poesia faz mais sentido", aponta António Pedro Ribeiro.






AYG

Lusa/Fim.

Thursday, November 10, 2011

BANCOS LADRÕES

Os bancos, nomeadamente o BCP e o BPI, recorrem ao dinheiro do Estado. Os bancos recorrem ao dinheiro dos nossos impostos. Os bancos, os aliados dos mercados, que nos roubam a vida ainda nos arrancam dinheiro através do Estado. A situação começa a ser realmente insuportável. Berlusconi caiu. É tempo dos outros começarem a cair.

Friday, November 4, 2011

O ÚNICO


O ÚNICO



Tenho lido Max Stirner e sinto-me um espírito livre. Nada se sobrepõe à minha vontade. Danço com os deuses. Cada vez odeio mais os bancos, os mercados e os seus seguidores. Não jogo na bolsa. Não tenho conta bancária. Não alinho nas patranhas dos telejornais e das multinacionais. Detesto o "Continente" e o "Pingo Doce". Sou único. Não esperes de mim amabilidade nem gratidão. Fica com os gordos e com a "Casa dos Segredos". Sou único. Ninguém é igual a mim. Nem os meus mestres. Penso que a essência do homem está a ser assassinada pela finança. Não esperes de mim protestos só contra os cortes. Eu procuro a essência. Eu sou o homem que sonha, que imagina, que tem visões, que tem fantasmas. Não esperes de mim o cidadão comum. Estou farto do cidadão comum. Estou farto das preocupações do cidadão comum. Sou único, sou proprietário de mim e das minhas ideias. Não me tentes convencer. Tentas-me convencer todos os dias. Vens com essa treta todos os dias. Mas agora já não me levas. Sou único. Sou soberano de mim e dos meus reinos. Tenho ideias próprias. Não sou do povo. Tenho direito a ter ideias próprias, ouviste? Sigo o meu caminho. Sigo sozinho se tal for necessário. Não ando a mendigar amizades. Nunca gostei de grupos. Sou único. Rei do meu pensamento. Princípe das ideias. Larga-me. Estou farto de ti. Estás sempre a chamar-me. Estás sempre a prometer-me coisas. Nada tenho a ver com os governos da Europa e do país. Aliás, os governos da Europa e do país estão em cacos. De qualquer forma, nunca os apoiei, nunca votei neles. Deixa-me. Estou farto de falinhas mansas. Estou farto de propaganda. Sou de mim. Absolutamente de mim. Não me atires futebóis. Não me atires as gajas da TV. Sou um rochedo. Aqui, no Piolho, proclamo o meu reinado. Reinarei para lá da morte. Não sou dos eléctricos, nem dos metros, nem dos autocarros. Sou de mim. Nem sequer deveria pagar nada por coisa nenhuma. Os outros também não me pagam. Nem sequer sou português. Nasci aqui, nesta cidade, ponto final. Não sou de ninguém. Larga-me. Deixa-me pensar. Observo o que me rodeia mas estou a sós com os meus pensamentos. A caneta desliza no papel. Ontem o caderno ficou encharcado por causa da chuva torrencial. Poderia ter sido uma tragédia. Poder-se-iam ter perdido páginas imortais. Mas, enfim, sobrevivemos. Cavalgamos a folha de papel. Estamos aqui. Somos daqui. Não me venhas vender nada. Não me dês concursos, lotarias, euromilhões. Sou único. Não sou de ninguém. Não tenho de obedecer ao governo nem aos imbecis que votaram nele. Não elegi nenhum deputado. Até fui candidato mas não fui eleito. Nunca apoiei o Belmiro de Azevedo nem o Alexandre do "pingo Doce". Nunca apoiei os gajos dos milhares e dos milhões. Cometi erros mas ninguém me pode acusar de conivência com o capitalismo. Sempre que pude ergui a voz. SEmpre que pude atirei pedras. Estou com os indignados da América e do mundo inteiro. Quero dinamitar os bancos e a bolsa. Não, não me venhas com conversa. Estou farto de conversa. Hoje assumo-me plenamente eu. Sou Deus e mais do que Deus. Desejo as mulheres. Algumas mulheres. Sou o poeta incendiário. Não me atires moderação. Não sou o filósofo de Platão. Digo-te não! Não quero mais esta farsa. Aliás, hoje nem sequer preciso de cerveja. Sou o homem que nasce outra vez. Sou único, meu rei, meu Deus. Triunfo sobre ti e sobre o mundo. Já não me podeis ignorar, ó críticos. Vou tão longe que já não me apanhais. Nem tu, ó leitor. Merda para os macacos da "Casa dos Segredos". Merda para vós que vos refugiais em casa. Merda para tudo e para Deus. Permanecei na escravidão. Eu não vos sigo. Eu nunca vos seguirei. Estou farto. Eu sou. Eu penso.





O HOMEM LIVRE E OS MACACOS



O homem caminha para o sub-homem, para a barbárie. O sub-homem reduz-se à economia. Os gritos dos indignados ultrapassam a economia. Questionam o poder financeiro, o dinheiro que vai para os bancos, para os mercados. Questionam desde o coração do império, desde a América. O império está à beira do colapso. Que legitimidade para falar têm estes lacaios do poder financeiro? Quem são Obama, Merkel, Sarkozy? Sub-homens, sub-mulheres, macacos. Envenenam o nosso raciocínio. Envenenam as nossas vidas. Tal como os comentaristas do regime, pagos pelo regime para sustentar intelectualmente o regime. Tal como a propaganda televisiva, via informação, via entretenimento. Querem que nos tornemos macacos iguais a eles. Os macacos que servem e os que são servidos. A barbárie a que estamos a chegar. É preciso que o homem se erga, que atinja o super-homem. Dono de si mesmo, criador, sem Estados nem chefes, acima dos mercados e da economia. Livre. Absolutamente livre. Senhor sem escravos.

Sunday, October 30, 2011

O POETA FALA AOS ANJOS


O Poeta Fala aos Anjos

"As mulheres têm um poder de que nem sempre têm consciência. O poder de criar vida, o poder de dar o amor. Sim, agora compreendo. Não pode haver contradição entre o amor e a revolução. Amamos as mulheres. Dissemos, escrevemos aquelas palavras, aqueles palavrões, só para as provocar, para as despertar."

António Pedro Ribeiro - O Poeta Fala aos Anjos


Publicada por manuel em 12/14/2009

http://doarcodavelha.blogspot.com

Friday, October 28, 2011

É sempre melhor estar aqui no Piolho, na cidade, do que na aldeia. Sempre há movimento, trocam-se ideias, alguns lêem. Além disso, vêem-se umas gajas. No dia 12 vou apresentar aqui o "Café Paraíso". O Adriano está contente. As gajas passam á minha frente. A escrita já não está cavalgante como há pouco. Talvez, como alguém disse, eu tenha algo a ver com Pessoa. Ele ia duas vezes por semana ao escritório, eu não vou nenhuma. Vou pedir uma pensão de invalidez. Preciso de ter algum dinheiro. Ou então vou dizer poemas para as escolas. Sou, de facto, o poeta e o personagem dos meus escritos. Ao escrever sobre mim estou a escrever sobre os grandes dramas da humanidade. Sou o homem. Ele próprio. Questiono a vida, o seu sentido. Escrevo versos. Percorro os dias. Se estiver solto, sou capaz de ter conversas muito interessantes. De dizer o que há muito não é dito. Continuo a acreditar na transformação do homem e do mundo. Pelo menos, de alguns homens. Mas já não acredito na militância clássica. Se for cabeça-de-lista a alguma coisa, certamente serei diferente, sairei das campanhas da rotina, soltar-me-ei, dialogarei com o povo. Esperai de mim o incêndio, não a calmaria. A calmaria tenho-a agora, enquanto precisar dela. Como Sá-Carneiro, como Pessoa, escrevo à mesa do Piolho. Qualquer dia vão fazer-se excursões ao Piolho só para me verem escrever. Sei lá. Penso que a fama está a chegar. Sou uma espécie de santo, como diziam de Nietzsche. As gajas continuam a passear-se à minha frente.