Sunday, April 13, 2008
"NÃO QUERO MORRER AOS QUARENTA", A. Pedro Ribeiro
No sábado passado, o saloon encheu, isto é, a sala da Sargadelos encheu, para ouvir os “manos” Calórica. A loiça ficou intacta, é certo, mas as palavras do António, foram, como sempre, provocantes. Para mim, o verso mais rebelde foi: “não quero morrer aos 40”. Poderíamos começar logo pelo advérbio de desobediência, “não”, ou pelo “não quero”, mas isso seria ficarmo-nos por uma ínfima parte da interessante frase.
Por um lado, a forma como estamos organizados em sociedade (grosso modo, o sistema capitalista e uma das suas expressões, a sociedade de consumo), sugere que a nossa vida é unicamente emprego, utilidade (“como vamos empregar/ ocupar o nosso tempo?”, “tempo só pode ser dinheiro”). Por outro lado, o sacrifício e a obrigação penosa (talvez de inspiração católica), está latente nalgumas expressões que usamos amiúde, no quotidiano, “tem que estar” ou “tem que ser”, geralmente em resposta a: “tudo bem com o senhor?” ou “vai para o escritório?”.
Certo dia, uma colega confessou-me que trabalhava, simultaneamente, em dois locais, não sabendo o que fazer nos seus dias de folga, angustiantes para si, embora tivesse marido e amigos, com quem poderia passear e divertir-se. E eu achei triste.
Recordo, pelo contrário, com um sorriso, o que disse um amigo meu, quando o questionaram sobre a idade: “Quarenta…”(fez uma breve pausa)”…mas bem vividos”.
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