Saturday, December 24, 2011

POESIA DE CHOQUE NA SIC NOTÍCIAS

0 comentar 0 recomendar E-mail Primeiro nome Apelido E-mail destinatário Imprimir A+ A A- Porto, 19 mar (Lusa) -- Faça-se silêncio que se vai ouvir poesia: é assim todas as terceiras quintas-feiras de cada mês no Clube Literário do Porto, um dos emblemáticos palcos de tertúlias poéticas da cidade.*** Ana Marques Gonçalves (texto) e Filipe Pedro, Agência Lusa ***

Porto, 19 mar (Lusa) -- Faça-se silêncio que se vai ouvir poesia: é assim todas as terceiras quintas-feiras de cada mês no Clube Literário do Porto, um dos emblemáticos palcos de tertúlias poéticas da cidade.

O som introduz o que aí vem. Um CD passa um qualquer declamador, enquanto habitués, estreantes, homens, mulheres, góticos e antigos padres se vão amontoando no primeiro andar do Clube Literário do Porto: há uma casa cheia para ouvir "Poesia de Choque".

Artistas e público conhecem-se, cumprimentam-se, partilham um copo de vinho, com a descontração a ser o mote, a poesia a ser o ponto de encontro e a música o cenário de fundo. A tertúlia começa mais de uma hora atrasada, porque não há espaço, nem cadeiras para tanta gente (cerca de 50 pessoas para uma única sala).

Nas colunas, ouve-se os acordes de "The End", dos The Doors e os versos "It hurts to set you free/ But you'll never follow me" na voz do mítico Jim Morrison, numa antevisão do silêncio que se vai seguir, numa confirmação daquilo que António Alves da Silva disse à Lusa: "A poesia é um pouco omnipresente e omnisciente, está com quem vive a poesia, não escolhe propriamente".

Este espetador é estreante, ao contrário de Hermínia Bacelar, mulher de Letras, que há 14 anos atrás se iniciou na poesia no saudoso Púcaros, que durante 15 anos foi uma sala de poesia do Porto.

"O Porto é uma cidade de poetas, mas Portugal é um país de poetas. Portanto, não é nem mais nem menos do que outras cidades", refere a "espetadora e amante da poesia".

Hermínia Bacelar acredita que no Porto a poesia encontrou um lugar único: "Já há muitos anos, há um público muito aficionado... acho que é essa a palavra. Como quem vai à tourada ou ao fado, há um público da poesia e é um público de todas as idades, que é outra coisa muito interessante, porque apanha as gerações todas".

É uma assídua das sessões do Clube Literário, quatro por mês, divididas por Quartas Mal'Ditas, Quinta Essência, Poesia de Choque e Portugal Poético.

"Penso que estes encontros de poesia são quase como o fado vadio, é poesia vadia, porque as pessoas que a vêm aqui dizer não são pagas e, portanto, são os amantes da poesia, aqueles que gostam de dizer e que gostam de ouvir se encontram para esse efeito", completa.

Faz-se silêncio e começa a sessão. António Alves da Silva apresenta António Pedro Ribeiro, poeta e responsável pelas sessões do Clube Literário. "Sempre foi, sempre será assim para os poetas", diz. O quê? "A marginalização". Mas o que vê ali, naquela sala, é a massificação da poesia.

"A poesia sempre marcou um papel na história deste país, mas perante o cenário atual atribulado da humanidade, de revoltas e contrarrevoltas, pelo menos certo tipo de poesia faz mais sentido", aponta António Pedro Ribeiro.






AYG

Lusa/Fim.

Thursday, November 10, 2011

BANCOS LADRÕES

Os bancos, nomeadamente o BCP e o BPI, recorrem ao dinheiro do Estado. Os bancos recorrem ao dinheiro dos nossos impostos. Os bancos, os aliados dos mercados, que nos roubam a vida ainda nos arrancam dinheiro através do Estado. A situação começa a ser realmente insuportável. Berlusconi caiu. É tempo dos outros começarem a cair.

Friday, November 4, 2011

O ÚNICO


O ÚNICO



Tenho lido Max Stirner e sinto-me um espírito livre. Nada se sobrepõe à minha vontade. Danço com os deuses. Cada vez odeio mais os bancos, os mercados e os seus seguidores. Não jogo na bolsa. Não tenho conta bancária. Não alinho nas patranhas dos telejornais e das multinacionais. Detesto o "Continente" e o "Pingo Doce". Sou único. Não esperes de mim amabilidade nem gratidão. Fica com os gordos e com a "Casa dos Segredos". Sou único. Ninguém é igual a mim. Nem os meus mestres. Penso que a essência do homem está a ser assassinada pela finança. Não esperes de mim protestos só contra os cortes. Eu procuro a essência. Eu sou o homem que sonha, que imagina, que tem visões, que tem fantasmas. Não esperes de mim o cidadão comum. Estou farto do cidadão comum. Estou farto das preocupações do cidadão comum. Sou único, sou proprietário de mim e das minhas ideias. Não me tentes convencer. Tentas-me convencer todos os dias. Vens com essa treta todos os dias. Mas agora já não me levas. Sou único. Sou soberano de mim e dos meus reinos. Tenho ideias próprias. Não sou do povo. Tenho direito a ter ideias próprias, ouviste? Sigo o meu caminho. Sigo sozinho se tal for necessário. Não ando a mendigar amizades. Nunca gostei de grupos. Sou único. Rei do meu pensamento. Princípe das ideias. Larga-me. Estou farto de ti. Estás sempre a chamar-me. Estás sempre a prometer-me coisas. Nada tenho a ver com os governos da Europa e do país. Aliás, os governos da Europa e do país estão em cacos. De qualquer forma, nunca os apoiei, nunca votei neles. Deixa-me. Estou farto de falinhas mansas. Estou farto de propaganda. Sou de mim. Absolutamente de mim. Não me atires futebóis. Não me atires as gajas da TV. Sou um rochedo. Aqui, no Piolho, proclamo o meu reinado. Reinarei para lá da morte. Não sou dos eléctricos, nem dos metros, nem dos autocarros. Sou de mim. Nem sequer deveria pagar nada por coisa nenhuma. Os outros também não me pagam. Nem sequer sou português. Nasci aqui, nesta cidade, ponto final. Não sou de ninguém. Larga-me. Deixa-me pensar. Observo o que me rodeia mas estou a sós com os meus pensamentos. A caneta desliza no papel. Ontem o caderno ficou encharcado por causa da chuva torrencial. Poderia ter sido uma tragédia. Poder-se-iam ter perdido páginas imortais. Mas, enfim, sobrevivemos. Cavalgamos a folha de papel. Estamos aqui. Somos daqui. Não me venhas vender nada. Não me dês concursos, lotarias, euromilhões. Sou único. Não sou de ninguém. Não tenho de obedecer ao governo nem aos imbecis que votaram nele. Não elegi nenhum deputado. Até fui candidato mas não fui eleito. Nunca apoiei o Belmiro de Azevedo nem o Alexandre do "pingo Doce". Nunca apoiei os gajos dos milhares e dos milhões. Cometi erros mas ninguém me pode acusar de conivência com o capitalismo. Sempre que pude ergui a voz. SEmpre que pude atirei pedras. Estou com os indignados da América e do mundo inteiro. Quero dinamitar os bancos e a bolsa. Não, não me venhas com conversa. Estou farto de conversa. Hoje assumo-me plenamente eu. Sou Deus e mais do que Deus. Desejo as mulheres. Algumas mulheres. Sou o poeta incendiário. Não me atires moderação. Não sou o filósofo de Platão. Digo-te não! Não quero mais esta farsa. Aliás, hoje nem sequer preciso de cerveja. Sou o homem que nasce outra vez. Sou único, meu rei, meu Deus. Triunfo sobre ti e sobre o mundo. Já não me podeis ignorar, ó críticos. Vou tão longe que já não me apanhais. Nem tu, ó leitor. Merda para os macacos da "Casa dos Segredos". Merda para vós que vos refugiais em casa. Merda para tudo e para Deus. Permanecei na escravidão. Eu não vos sigo. Eu nunca vos seguirei. Estou farto. Eu sou. Eu penso.





O HOMEM LIVRE E OS MACACOS



O homem caminha para o sub-homem, para a barbárie. O sub-homem reduz-se à economia. Os gritos dos indignados ultrapassam a economia. Questionam o poder financeiro, o dinheiro que vai para os bancos, para os mercados. Questionam desde o coração do império, desde a América. O império está à beira do colapso. Que legitimidade para falar têm estes lacaios do poder financeiro? Quem são Obama, Merkel, Sarkozy? Sub-homens, sub-mulheres, macacos. Envenenam o nosso raciocínio. Envenenam as nossas vidas. Tal como os comentaristas do regime, pagos pelo regime para sustentar intelectualmente o regime. Tal como a propaganda televisiva, via informação, via entretenimento. Querem que nos tornemos macacos iguais a eles. Os macacos que servem e os que são servidos. A barbárie a que estamos a chegar. É preciso que o homem se erga, que atinja o super-homem. Dono de si mesmo, criador, sem Estados nem chefes, acima dos mercados e da economia. Livre. Absolutamente livre. Senhor sem escravos.

Sunday, October 30, 2011

O POETA FALA AOS ANJOS


O Poeta Fala aos Anjos

"As mulheres têm um poder de que nem sempre têm consciência. O poder de criar vida, o poder de dar o amor. Sim, agora compreendo. Não pode haver contradição entre o amor e a revolução. Amamos as mulheres. Dissemos, escrevemos aquelas palavras, aqueles palavrões, só para as provocar, para as despertar."

António Pedro Ribeiro - O Poeta Fala aos Anjos


Publicada por manuel em 12/14/2009

http://doarcodavelha.blogspot.com

Friday, October 28, 2011

É sempre melhor estar aqui no Piolho, na cidade, do que na aldeia. Sempre há movimento, trocam-se ideias, alguns lêem. Além disso, vêem-se umas gajas. No dia 12 vou apresentar aqui o "Café Paraíso". O Adriano está contente. As gajas passam á minha frente. A escrita já não está cavalgante como há pouco. Talvez, como alguém disse, eu tenha algo a ver com Pessoa. Ele ia duas vezes por semana ao escritório, eu não vou nenhuma. Vou pedir uma pensão de invalidez. Preciso de ter algum dinheiro. Ou então vou dizer poemas para as escolas. Sou, de facto, o poeta e o personagem dos meus escritos. Ao escrever sobre mim estou a escrever sobre os grandes dramas da humanidade. Sou o homem. Ele próprio. Questiono a vida, o seu sentido. Escrevo versos. Percorro os dias. Se estiver solto, sou capaz de ter conversas muito interessantes. De dizer o que há muito não é dito. Continuo a acreditar na transformação do homem e do mundo. Pelo menos, de alguns homens. Mas já não acredito na militância clássica. Se for cabeça-de-lista a alguma coisa, certamente serei diferente, sairei das campanhas da rotina, soltar-me-ei, dialogarei com o povo. Esperai de mim o incêndio, não a calmaria. A calmaria tenho-a agora, enquanto precisar dela. Como Sá-Carneiro, como Pessoa, escrevo à mesa do Piolho. Qualquer dia vão fazer-se excursões ao Piolho só para me verem escrever. Sei lá. Penso que a fama está a chegar. Sou uma espécie de santo, como diziam de Nietzsche. As gajas continuam a passear-se à minha frente.

Monday, October 24, 2011

O POETA É UM INCENDIÁRIO

Do nosso camarada António Pedro Ribeiro, poeta, colocamos este grito de revolta…

«Os poetas, alguns poetas, são incendiários. São capazes de pegar fogo ao mundo. Quer através da palavra escrita, quer através da palavra dita. Aliás, na antiga Grécia, havia poetas que eram requisitados para animar as tropas para a guerra. O poeta, não o poeta lírico, não o poeta da corte, tem uma grande responsabilidade entre mãos. Pela palavra pode incendiar os que o lê...em ou os que o ouvem, pode provocar a guerra ou a revolução. Não o esqueçamos. Além de médium, de mago, pode ser o incendiário. Há exemplos na História. A forma como certos poetas, certos bardos, acabam por influenciar muita gente. Não é nada de desprezível.

Sobretudo nos tempos que vivemos, nos tempos de quase caos e barbárie. Não é necessário estar sempre a dizer: "Vem aí a revolução! Vamos todos para a rua!" Basta dizê-lo duas ou três vezes. O poeta dito maldito tem, de facto, uma missão, se calhar mais eficaz do que a dos partidos ou de outras organizações, a de acordar as pessoas, sobretudo os jovens. "We want the world and we want it now!” gritou Jim Morrison. "Merda para Deus!", como proclamou Rimbaud. "Nem Deus nem amos", berram os anarquistas. O poeta não está à venda, está cá para incendiar. O país e o mundo já ardem e o poeta deve atear ainda mais o incêndio. "Vamos pegar fogo à noite", ainda os Doors. Ao pegar fogo também a si próprio, ao incendiar-se, o poeta deve igualmente cantar a mulher, deve provocá-la, trazê-la para o fogo. O que não é fácil, porque se bem que a mulher seja selvagem, natural, ela também procura a segurança, o conforto, o sustento, o lar, a protecção de si e das crias. Mas o poeta, tal como Dionisos, deve ser capaz de arrastar consigo as bacantes. Deve amá-las. Não é como os outros. Provoca. Incendeia. Traz a luz. Rouba o fogo e a arte aos deuses, como Prometeu. O poeta é um incendiário.»

http://lutapopularonline.blogspot.com

Saturday, October 22, 2011

A CONTAMINAÇÃO


Escrever. Simplesmente escrever. A magia dos dedos e da caneta. O derramar das letras na folha. Suavemente, sem stress, a mente serena. Ser apenas isto, nada mais do que isto, não precisar de personagens nem de histórias. O texto pelo texto, a escrita pela escrita. Deixar-me ir, ser quem sou, sem grande esforço. As pessoas falam, lêem jornais, permanecem. A Gotucha foi arranjar as unhas.
Só me dou com algumas pessoas. Nem sequer tenho conversa para aquelas que só falam de futebol, cuscovilhices, família. Sou capaz de expressar pensamentos mais elevados e, por isso, as minhas amigas falam comigo, nem que seja pelo facebook. Sim, sou capaz de dizer que nos tentam roubar a juventude e a infância. Digo também que estamos às portas da barbárie mas que alguns seres humanos podem ter asas, podem atingir o mundo do espírito. Talvez daí nasça um mundo superior. Talvez de entre aqueles que passam pela experiência da depressão ou de outras perturbações mentais surjam companheiras, companheiros. Porque esses conhecem o inferno na terra. Porque esses estão amaldiçoados pela existência entediante e sem sentido que nos tentam impor. Por isso, estarão mais sensíveis às minhas palavras. Esses e todos aqueles que não se deixam levar pela contaminação capitalista.

Friday, October 21, 2011

ÍNDIGO

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.Ir para: navegação, pesquisa

Crianças índigo - é uma teoria que afirma que, supostamente, uma nova geração de crianças com habilidades especiais estejam nascendo e que estariam trazendo uma "Nova Era" para a Humanidade. Essas crianças, segundo a teoria, teriam habilidades sociais mais refinadas, maior sensibilidade, desenvolvimento profundo de questões ético-morais e portariam personalidades peculiares que possibilitariam facilmente sua identificação em meio a outra crianças.

Embora farta literatura tenha sido publicada nos ultimos anos, não há comprovação científica sobre o fenômeno, bem como o sistema de classificação "crianças índigo" e "crianças cristais" é rejeitado por conselhos de pediatria e especialistas em educação infantil. [1]

As crianças indigo são também comumente associadas a Geração Y. [2]

Índice
1 Definição
2 História
3 Características
4 Tipos de Crianças Índigo
5 Crianças índigo e Doutrina Espírita
6 Crianças índigo em Portugal
7 Crianças índigo no Brasil
8 Síndrome de Asperger
9 Ver também
10 Notas
11 Ligações externas


[editar] DefiniçãoChamam-se crianças índigo a certos seres que, supostamente ao nascer, trouxeram características que os diferenciam das crianças normais, tais como a intuição, a espontaneidade, a resistência à moralidade estrita e restritiva, e uma grande imaginação, avolumando-se frequentemente também entre tais capacidades, os dons paranormais, embora estes dons não sejam usualmente do conhecimento da própria criança. As crianças índigo podem ser vistas como uma espécie de milenarismo, em que se acredita que tais seres mudarão o mundo trazendo-o até um estado mais espiritual e menos estritamente moralizado.

Há que notar que uma boa quantidade das crianças índigo são classificadas de hiperactivas ou disgnosticadas com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, o que explicaria em boa parte o crescente interesse de pais e educadores por este assunto.

[editar] HistóriaEm 1982 a parapsicóloga Nancy Ann Tappe elaborou um sistema para classificar os seres humanos de acordo com a suposta cor da sua aura espiritual, lançando a obra "Compreenda a sua Vida através da Cor" onde fez um estudo sobre "as cores da vida". Segundo a autora, cada pessoa possui uma certa cor na sua aura em função da sua personalidade e interesses.

No caso das crianças índigo, a aura deles tende a mostrar as cores anil ou azul, as quais reflectem uma espiritualidade mais desenvolvida.

A autora afirmou ter detectado pelo seu método que as auras de cor índigo começaram a surgir com mais frequência na década de 1980, mostrando uma tendência a proliferar, o que parece justificar o seu papel de transformação da sociedade nas primeiras décadas do século XXI.

[editar] CaracterísticasAs crianças índigo apresentariam uma série de atributos sensoriais recorrentes, como a hipersensibilidade auditiva ou a hipersensibilidade tátil. De igual modo, apresentariam um padrão de comportamento peculiar, destacando-se:

Chegam ao mundo com sentimento de realeza e a curto tempo se comportam como tal;
Têm a sensação de ter uma tarefa específica no mundo, e se surpreendem quando os outros não a partilham;
Têm problemas de valorização pessoal e a curto prazo dizem a seus pais quem são;
Custa-lhes aceitar a autoridade que não oferece explicação nem alternativa;
Sentem-se frustrados com os sistemas ritualistas que não requerem um pensamento criativo;
A curto tempo encontram formas melhores de fazer as coisas, tanto em casa como na escola;
Parecem ser anti-sociais, a menos que se encontrem com pessoas como eles;
Não reagem pela disciplina da culpa;
Questionam frequentemente os dogmas religiosos, não os aceitando naturalmente como tradição familiar;
Não são tímidos para manifestar as suas necessidades.
[editar] Tipos de Crianças ÍndigoSegundo os investigadores desta temática, podem ser identificados quatro tipos de crianças índigo:

Humanistas - muito sociais, conversam com toda a gente e fazem amizades com muita facilidade. São desastrados e hiperativos. Não conseguem brincar só com um brinquedo, gostam de espalhá-los pelo quarto, embora às vezes não peguem na maioria. Distraem-se com muita facilidade. Por exemplo: se começam a arrumar o quarto e encontram um livro, nunca mais se lembram de acabar as arrumações. Como profissões, escolherão ser médicos, advogados, professores, vendedores, executivos e políticos. Trabalharão para servir as massas e, claro, atuarão sempre ativamente.
Conceptuais - estão muito mais voltados para projetos do que para pessoas. Assumem uma postura controladora. Se os pais não estiverem pelos ajustes e não permitirem esse controlo, eles vão à luta. Tem tendência para outras inclinações, sobretudo drogas quando da puberdade, caso se sintam rejeitados ou incompreendidos. Daí a redobrada atenção por parte de pais e educadores em relação aos seus padrões de comportamento. No futuro poderão ser engenheiros, arquitetos, pilotos, projetistas, astronautas e oficiais militares.
Artistas - são criativos em qualquer área a que se dediquem, podendo, inclusive, vir a ser investigadores, músicos ou atores altamente conceituados. Entre os 4 a 10 anos poderão vir a interessar-se por até 15 diferentes áreas do conhecimento (ou instrumentos musicais, por exemplo), largando uma e iniciando outra. Quando atingirem a puberdade, aí sim, escolherão uma área definitivamente. Poderão ser futuros professores e artistas.
Interdimensionais - entre os seus 1 e 2 anos os pais não podem tentar ensinar-lhes nada, pois eles responderão que já sabem e que podem fazer sozinhos. Normalmente, porque são maiores que os outros tipos de índigos, mostram-se mais corajosos ainda e por isso não se enquadram nos outros padrões.
Desta forma, os estudiosos do assunto acreditam que estas crianças seriam as responsáveis pela introdução de novas filosofias ou espiritualidade no mundo.

[editar] Crianças índigo e Doutrina EspíritaO tema, apesar de originalmente atravessar décadas, ganhou um novo estimulo nos ultimos anos sendo divulgado pela Doutrina Espírita.

Particularmente depois que o médium e orador espírita Divaldo Franco teve uma de suas palestras sobre o tema transcrita e ampliada [3][4] transformada em livro bilíngue pelas mãos da neurocientista brasileira Vanessa Anseloni,[3] radicada nos EUA e antiga defensora da integração entre os dois temas[5] o conceito passou a ser visto com simpatia por muitos espíritas.[6]

Para eles, as crianças índigo seriam espíritos exilados de outros mundos. Como não fossem capazes de acompanhar o "progresso moral" de tais planetas, eles teriam sido encaminhados para mundos inferiores, como a Terra, com a meta de auxiliar sua evolução. Os defensores dessa ideia tratam-na como um desenvolvimento do tema migrações espirituais, presente em obras populares no meio espírita brasileiro, como A Caminho da Luz e Exilados de Capela, e referido por Allan Kardec em A Gênese.[7]

Por outro lado, há grupos espíritas que são contrários à associação entre o tema crianças índigo e o espiritismo.[6] Defendem que as obras A Caminho da Luz[8] e A Gênese[9] não abordam o termo crianças índigo, tampouco trazem referências às características físicas e psicológicas que costumam ser atribuídas a elas.

Eles repudiam[6] a publicação e tradução de livros relacionados ao tema por editoras que possuem foco de mercado no público espírita, como a Petit,[10] bem como os palestrantes espíritas que utilizam esta temática.[6]

Alguns pesquisadores [11] dizem ser muito difícil haver uma civilização mais evoluída no sistema solar de uma estrela Plêiade como Alcyone, conforme afirma Divaldo[7] pois estas teriam apenas cerca de 100 milhões de anos, enquanto a Terra teria demorado quase um bilhão de anos apenas para esfriar e aparecerem os primeiros organismos unicelulares e quase mais quatro bilhões para o surgimento do "Homo sapiens". Além de contestar a suposta influência gravitacional de Alcione na Terra.

Divaldo Franco não reconhece [12] influência mediúnica em suas elaborações sobre o tema. Por se tratar de um palestrante que também se notabilizou como médium, esse fato pode servir como fonte de descrédito, diante de certos setores espíritas, para as ideias que defende sobre crianças índigo.

O boletim "Mensagem" discute sobre a origem do termo crianças índigo e sua utilização no movimento espírita[13].

[editar] Crianças índigo em PortugalEm Portugal existe a Fundação Casa Índigo, criada em 2004 por Tereza Guerra e Alain Aubry, registada como IPSS pelo Ministério da Educação em 2008 é um projecto destinado ao estudo, esclarecimento e desenvolvimento de actividades de apoio a crianças e jovens de todo o tipo e características, incluindo crianças com energias índigo, cristal, crianças dotadas, sobredotadas, super psíquicas, entre muitas outras designações e jovens que se identifiquem com todas estas vibrações do Novo Tempo.

As Actividades da Casa Índigo são únicas e destinam-se a crianças, jovens e adultos índigo, cristal, violeta, sobredotados, super-psíquicos ou outros, de todas as idades e condições.

Vivemos num mundo de mudanças permanentes e cada vez mais sentimos dificuldades de adaptação face ao institucionalizado, ao determinado, à autoridade que a sociedade, a família e a escola tentam impor e que têm implicações profundas no futuro do indivíduo! A criança e o jovem, cada vez mais, revela intolerância e incapacidade de aceitação e revolta.

Neste contexto muitas crianças consideradas especiais são rotuladas, frequentemente, como rebeldes e, por vezes, são consideradas hiperactivas, impulsivas, com déficit de atenção e outros distúrbios comportamentais, que em nada as ajuda no normal crescimento e desenvolvimento, sendo frequentemente medicadas o que lhes provoca ainda maior desequilíbrio físico, psicológico e moral.

Estes comportamentos desajustados em crianças especiais desaparecem naturalmente quando são compreendidas e acompanhadas através de actividades criativas, artísticas, harmoniosas, musicais, lúdicas, consciênciais e até espirituais.

Tereza Guerra publicou em Setembro de 2004 o primeiro livro em Portugal sobre "Crianças Índigo", o qual é em Dezembro de 2007, reeditado pela editora Sinais de Fogo com o título “Crianças Índigo e Cristal” com mais informações sobre as crianças da Nova Era e novidades acerca das actividades e projectos desenvolvidos pela Fundação Casa Índigo.

Co-fundadora com Alain Aubry da Fundação Casa Índigo, Tereza Guerra desenvolve um projecto de apoio a crianças índigo e jovens índigo, esclarecendo pais, educadores, professores, psicólogos, médicos, terapeutas e todos aqueles que estão em contacto com crianças e jovens.

A Fundação Casa Índigo tem organizado conferências, palestras, workshops, seminários, exibição de filmes sobre o tema Crianças Índigo: tais como Índigo e Índigo Evolution. Estes eventos têm-se realizado com a colaboração de várias Instituições Educativas, Universidades, Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia, Centros Culturais ou na Área da Psicologia e Saúde.

[editar] Crianças índigo no Brasil[editar] Síndrome de AspergerA chamada síndrome de Asperger, transtorno de Asperger ou desordem de Asperger, é uma síndrome do espectro autista, diferenciando-se do autismo clássico por não comportar nenhum atraso ou retardo global no desenvolvimento cognitivo ou da linguagem do indivíduo. Muitas das características definidas para a chamada "criança índigo", são próximas das características de diagnóstico da Síndrome de Asperger, sendo que existe a possibilidade de uma criança com a Síndrome de Asperger não estar a receber o tratamento correto por ter sido enquadrada na teoria da criança índigo[carece de fontes?]. É preciso ter atenção nas características de diagnóstico da Síndrome de Asperger, que são:

Interesses específicos e restritos ou preocupações com um tema em detrimento de outras atividades;
Rituais ou comportamentos repetitivos;
Peculiaridades na fala e na linguagem;
Padrões de pensamento lógico/técnico extensivo;
Comportamento socialmente e emocionalmente impróprio e problemas de interação interpessoal;
Problemas com comunicação;
Habilidade de desenhar para compensar a dificuldade de se expressar verbalmente;
Transtornos motores, movimentos desajeitados e descoordenados.
Segundo alguns estudos, apresentam imaginação e criatividade fantasiosa mais reduzida do que uma criatividade com bases em fatos.
Frequentemente, por um Q.I. verbal significativamente mais elevado que o não-verbal

Wednesday, October 19, 2011

TÚLIPA

O antigo "Túlipa" tem agora uma gaja boa. Aos 18/19/20 anos, João vinha para aqui beber e confraternizar com os amigos. Era um ponto de encontro para a juventude dos finais dos anos 80 aqui nas Enguardas. Havia a discussão sobre bandas, filmes, política, mulheres, alguma literatura. Havia o Berto e o Quinó. E já aparecia por aqui o Jaime Lousa. Uma vez João disse-lhe que ele tinha uns bigodes à Nietzsche e ele acedeu. O pai de João preenchia os boletins do Totobola e fazia cálculos matemáticos no café em frente, o "Convívio". Agora isto parece um bar selecto e as mamas da dona saltam-lhe da "t-shirt". Ela varre e João é inofensivo. Bons tempos esses do "Túlipa". Era, de facto, a descoberta da noite e da vida. Havia também a Natércia e o pessoal da Rádio Clube do Minho: o Alexandre, o Luís, o Paulo, o Nuno. Grandes farras. "Acordai, filhos da puta!", gritávamos às 3 da manhã em Santa Tecla. Os primeiros concertos. As primeiras bebedeiras de caixão à cova. A descoberta dos Bauhaus e dos Joy Division. A escrita para a "Página da Juventude" do "Correio do Minho". Os primeiros poemas publicados no "Correio" e no "DN Jovem". O Jorge e o Rui, ainda.

Sunday, October 16, 2011

REI


Rei
senhor
em Madalena
em Jesus
na bondade
no amor
mas também
soberbo
magnífico
agradeço as luzes
o homem nada é
sem o conhecimento
sem a leitura
sem os números
de Pitágoras
somos bárbaros
cães
lobos do próximo

Rei
senhor
como há milénios
nos reinos idos
soberano
desprendido
como no palco
na palavra
no canto
brilho
hoje
sou.

Friday, October 14, 2011

POESIA INCENDIÁRIA


poesia incendiária
poesia incendiária
é o que escrevo
não suporto
a Fátima Lopes
nem a máquina da verdade
não aceito
que o Passos
me roube a vida
nem ele nem os palhaços
da UE, da Merkel, do FMI

poesia incendiária
assusta-vos
mete-vos medo
fechai-vos na casinha
levai a vizinha
e o ouro dela
e tu cala-te, Fatiminha,
estou farto
de perguntas imbecis
meteis essas merdas
nos cérebros das pessoas
levais-las na conversinha
até pareceis inocentes
ide arder com o Obama
para Wall Street
sois todos amiguinhos
jogais tão bem o jogo
até começo a simpatizar
com os ladrões de bancos
e com os que rebentam
as caixas multibanco
pode ser que chova
algum para mim

vá, Fátima
vá, Bárbara,
entretei-nos com os gordos
continuai na "Casa dos Segredos"
enquanto eu
vou incendiando por aqui
acautela-te, ó Passos,
nada tenho a perder
já andei pelos partidos
já vi o que tinha a ver
e vós continuai
a dar as boas-tardes
a entregar as vossas vidas
isto vai começar a arder
nada está seguro
sou o poeta do caos
provoco
gozo
ameaço
já tenho a fama do arruaceiro
em várias cidades
a polícia sabe
começo realmente
a subir aos céus
o ouro é meu,
ó máquina da verdade
da Fatiminha
ó gordos da Babá
ó macacos e macacas
do "Big Brother"
dói, não dói?
Queima!
É a poesia incendiária
a poesia incendiária
vai tomar conta do mundo.

DOS FILMES


Contudo, para lá da depressão, João tinha fases de mania. O pensamemento acelerava, a palavra libertava-se, era capaz de falar durante horas sobre vários assuntos, julgava-se capaz de mil e uma coisas. Contrariamente ao que dizem muitos psiquiatras e psicólogos, a fase da mania não é necessariamente nociva. João escreveu grandes poemas como "Bailarino", "Big Trip, Big Sleep", "A Arder", nesse estado. E quando dizia poemas nos bares, como no Púcaros ou no Pinguim, transfigurava-se. Mas, apesar de ter sido jornalista e de ter tido outros empregos, o poeta nunca se adaptou verdadeiramente à vida do trabalho. Sempre teve dificuldade em ter horários, em aceitar os chefes, excepto o Artur Queiroz. No fundo, não obstante gostar de ser jornalista, nunca entendeu muito bem essa lógica de ter de troca trabalho por dinheiro. João tinha feito o percurso da dádiva, da antiga liberdade. Outra vez Morrison, Nietzsche, também Henry Miller. Para o poeta, a vida valia por si mesma, só fazia sentido enquanto descoberta, enquanto procura de um ideal de beleza, de um conhecimento. As suas iluminações, delírios e alucinações iam de encontro a isso. O artista sentia-se um médium, sentia-se até Deus a rebolar no jardim e a decidir da vida e da morte das pessoas. Fica possesso, ora incarna o ódio ou o amor. Quando é amor une os céus, ressuscita as pessoas. Quando é ódio põe tudo a arder, como Nero em Roma. É também Hamlet de Shakespeare. Quando o pai morreu, ouvia a sua voz. Ouvia várias vozes. Exércitos que o perseguiam, exércitos que o protegiam. Vinha sempre a ideia de revolução, da tomada de Lisboa, de mensagens que lhe chegavam. Havia fogo, mortes, no entanto, no fim era a redenção, o amor triunfava. O poeta torna-se profeta, um revolucionário místico. Contudo, depois as vozes voltavam, João atirava-se para o chão, pensava que tinha a casa cercada, que tinha sido traído, que tinha perdido a guerra. Depois voltava para o psiquiatra. Foi assim, várias vezes.
Em 2001, estava com a Paula em Braga, era Páscoa, assistiram à Procissão do Enterro do Senhor. João viu Jesus na cruz e não aguentou. Viu um revolucionário no tasco a pregar a revolução, graffitis subversivos na parede. Paula não entende e chama-o. Mas ele vê-se rodeado de anões e duendes que o acusam de traição. O poeta vive isso tudo, não imagina. Paula levou-o para casa mas as vozes não deixavam de o apoquentar. Durante vários dias.
Em Agosto de 2006, foi ao Festival de Paredes de Coura dizer poesia, ao lado de Adolfo Luxúria Canibal e de Isaque Ferreira. A sua actuação no Centro Cultural talvez tenha sido a melhor da sua vida. Disse Jim Morrison e a "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro". Falou da infância, de Deus e da mãe. Falou do puto puro que tinha sido e dos vícios que tinha adquiridio duma forma arrebatada, extática. O público veio abaixo, ria, entrava em diálogo, ovacionou. Depois, nessa noite, foi ver os Cramps e os Bauhaus com a Ana. No meio da multidão, voltou a ouvir vozes, pensava que chamavam pelo seu nome, que falavam de si. Alguns naturalmente até o comentariam mas nunca poderia ser tanta gente. Estavam 500 no Centro Cultural, no recinto do Festival estariam 30 000. E ele não era o Peter Murphy. Ana falava com João, tentava-o despertar mas este estava para lá. Entre os deuses. No Tennesse. Quando chegou a casa desfez-me em lágrimas, julgava que tinha insultado a mãe em público. Uns dias depois, após uma boleia de uma amiga, foi da Póvoa a Vila do Conde a pé e desatou a partir os vidros dos carros de maior cilindrada. Julgava-se em Paris a fazer a revolução. Alguém viu, foi interceptado por um polícia à paisana e conduzido à esquadra. O caso foi arquivido. Já antes tinha apedrejado a Junta de Freguesia e várias montras. Voltou a fazê-lo. Acredita numa revolução como a grega.
Em 2003, foi acusado de deitar abaixo a estátua do major Mota na rua da Junqueira na Póvoa de Varzim. O major foi presidente da Câmara na época do salazarismo e Comandante da Legião Portuguesa. João, dias antes da inauguração da estátua, distribuiu panfletos à população em defesa do 25 de Abril e contra o fascismo, tudo em nome de uma Frente Guevarista Libertária. Três meses depois, a estátua caiu. O poeta e a Frente foram acusados. Saiu nos jornais locais e nacionais. Meses depois, João foi interrogado pela Polícia Judiciária. Não havia provas. Há quem diga que foi o camião do lixo que deitou a estátua abaixo. Uns anos a seguir, uns putos voltam a partir a estátua.

Wednesday, October 12, 2011

THE KING IS NOT DEAD


Rei
rei outra vez
desafio-os
rebento-me a mim
rebento os outros
revolucionário sou eu
não me venhais com estórias
vim pegar fogo ao mundo
vim purificá-lo
sou um filho da puta
um verdadeiro filho da puta
quais Mão Morta, quais quê?
Uns meninos de cora
the king is coming
the king is not dead.

Thursday, October 6, 2011

À MESA DO HOMEM SÓ POR CLÁUDIA SOUSA DIAS

à mesa do homem só. estórias., A. Pedro Ribeiro
20 February 2009
CLÁUDIA SOUSA DIAS


Paixão, delírio, desvario e perda. São os principais ingredientes deste pequeno grande livro de poesia de A. Pedro Ribeiro que, nesta fase, dava os primeiros passos nas lides da escrita poética. Os textos datam da segunda metade da década de 1990 e início dos anos 2000. É notório o talento que escapa por entre as frases de uma escrita errante. Uma escrita essencialmente emotiva, elaborada a partir do cenário do quotidiano dos cafés das cidades do Porto e de Braga.

Uma das facetas mais angustiantes da obra por se tratar de uma temática recorrente, em diversos trabalhos de A. Pedro Ribeiro, é o da necessidade da fuga, de evasão e perseguição da miragem de um paraíso perdido, através da procura de refúgio no álcool, o alívio momentâneo no sexo. No primeiro caso, as alucinações despoletadas pela bebida aproximam-no da poesia provocadora de Morrison, enquanto que, no segundo, colocam-no muito próximo do panteão dos poetas do erotismo norte-americano como é o caso de Miller ou Bukovski.

As provocações sucedem-se em poemas como

“Ressaca”

Na ressaca
das noites ébrias
liberto pássaros
absorvo conversas

Tudo parece
absurdo convencional
diante do meu fogo
diante da embriaguez
permanente.


É notório o sentimento de insatisfação constante, fruto do espartilho do tédio, da monotonia, do desespero impresso pela patine da rotina dos dias sempre iguais que impelem a procura de mundos diferentes, onde a solução mais imediata é aquela que parece ser o portal de saída, de fuga, o álcool – abre a cortina para o paraíso construído na imaginação a partir da alteridade da consciência e do desequilíbrio sináptico que transparece no apelo a Dionysos em “Ébrio 29”.

“…ao raiar da aurora
avistaremos a terra prometida
desfilaremos entre os anjos
sobre o tapete celestial…”

Do mesmo impulso de fuga à deprimente e feia realidade do quotidiano, nasce o sonho da Beleza e do Prazer, onde se apela ao excesso, trazido aparentemente pelo arquétipo representado deus ou pela figura alegórica da Embriaguez, embora, na realidade, o desejo mais primário, mais fundamental é, precisamente, o Desejo, trazido pela mão de Aphrodite, arquétipo incarnado pela Musa, a quem é dedicado o livro…

“Valete de Espadas”

pétalas murchas
cálices desleixados
(…)

o sangue não corre
a alma não morre
entediada

tantas horas
longas demoras
no meu quarto
a espera
ansiosa

a vida lá fora
as conversas
…tu…
…já não vens…
…hoje…

Prosseguem a angústia e a asfixia, que agarram a alma, numa espiral de auto-destruição como um pântano de areias movediças em

“Távola”

(…) Amor sobre um penedo de saudade
rebento suicida
outras eras
idades

A catarse
o ciúme
ao rubro
o crime
o filme

estórias ao espelho
à mesa a tua imagem
do homem só acesa.

Um poema com duas opções de leitura, a multiplicar as interpretações e a aumentar exponencialmente a riqueza polissémica do texto que dá o título ao livro.

Em vário textos de à mesa do homem só. estórias a linguagem utilizada, aparentemente desconexa, é a projecção de caóticos sonhos povoados de erotismo, que reflectem uma poética tipicamente onírica, marcada por uma profusão de imagens que se sobrepõem e reproduzindo um caos interior, caracterizado por um vórtice de contradições à vista desarmada.
Poemas como “Anjo em Chamas”, dedicado a Jim Morrison, ou “Cristo Ébrio” deliciam pela absoluta subversão face ao convencional, à norma, às regras, a toda e qualquer proibição ou dogma, características que fazem do poeta A. Pedro Ribeiro um verdadeiro filho de Maio de ’68 . São dois poemas povoados de um erotismo imbuído no sagrado, a exaltar o hyerogamos, ou acasalamento sagrado, a lembrar antigos rituais Gregos ou Babilónios.

“Cristo Ébrio”

Regresso
serpentes masturbam-se na areia
estradas aquáticas

golpes de espuma celebram
o orgasmo de Neptuno.

Procuro o beijo
o anel sagrado
sou serpente ébria (…)

serpente ébria
danço canto
enfeitiço…

Este poema e o seguinte sugerem um ritual dionisíaco, marcado pelo ritmo caótico, desenfreado de um voraz bailado de Ménades, como se pode ver no poema

“Um poeta em fogo”

Distingo ao longe
um cenário onírico
adornado
de cores perversas

(…)

Vulcões vomitam cometas
flores desabrocham
em arco-íris embriagadas.

Cascatas inflamadas
trepam a catedral.

Caânticos dionisícos
em redor da fogueira
corpos enlaçados
em delírio carnal.
(…)


Em toda a obra se assiste ao triunfo da Loucura sobre a Razão que está especialmente manifesto em “Representação”.

Mas em “Devaneios” começam a notar-se alguns ecos de Baudelaire e da sua obra As Flores do Mal

“Devaneios”

Toma-me a alma
Conduz-me ao fim da noite
(…)
Encharca de whisky o meu cadáver vivo”
(…)

Vem pintor surrealista
acende na tela
a sombra imensa do martírio
conduz-me a noite sem fim”

O último dos poemas de à mesa do homem só…, com o qual o autor presta homenagem aos sem-abrigo, exprime a total e completa insubmissão à norma e a necessidade de afirmação e de ser aceite na plenitude da diferença, que comporta a sua forma de estar no mundo, com todos os desvios:

“Queimam as horas mal-dormidas sobre um banco de jardim.
No cérebro estalam vulcões, montanhas. A viagem recomeça, rumo ao cume.

Dentro do sonho existem lugares verdes (…)
Quiseram prender-me. Atirar-me para o hospício.
Mas eu não estava lúcido. E os inquisidores fugiram de mim.”

Uma escrita onírica sim, porque pictórica, onde as imagens se sucedem, se fundem formando o caos aparente, onde se concentra o vórtice de emoções e sensações impossíveis, incomportáveis na morna quietude de quotidiano…

À mesa do café está o último reduto que abriga alguém que encarna a rebeldia de quem prega no deserto, no meio de víboras e escorpiões.

Um livro no qual, segundo o Autor,

“tudo acaba, tudo começa à mesa do homem só que escreve, descreve, constrói cenários, delineia paisagens. O resto são estímulos, sinais exteriores, perspectivas de contacto, imagens.”

Clamamos, portanto, por uma reedição.

Urgente.

por Cláudia Sousa Dias

à mesa do homem só. estórias
A. Pedro Ribeiro
Silencio da Gaveta
2001

Saturday, September 24, 2011


As persianas descem
as pessoas recolhem a casa
à tranquilidade do lar
fogem da noite
do fogo
do precipício
já não vivem
estão velhas
perderam a juventude
a celebração
a descoberta

e eu aqui
a ler Stefan Zweig
"O Combate com o Demónio"
ardo
vivo por dentro
comungo com o sublime

já estive na noite
até ser dia
agora repouso
não estou velho
nem perdi a magia.

QUINTAL


Os gatos comem
o sino toca
os pássaros cantam

no prédio, ao fundo,
as mulheres
estendem a roupa

já tive alucinações
neste quintal
atirava-me para o chão
rebolava
a mente possessa

mas agora
os gatos comem
estou em paz
nada me perturba.

Sunday, September 18, 2011

RUA NOVA DE SANTA CRUZ


É madrugada. Acordo na casa da Rua Nova de Santa Cruz, em Braga. A Vita olha para mim e pede-me pão. O Joaquim Castro Caldas partiu há três anos. A "Portuguesia" leva-me longe. Tenho sido mais reconhecido como diseur do que como poeta. Mas, apesar de tudo, o "Poeta a Mijar" continua em alta. Tudo seria diferente, se hoje percorresse as ruas de Braga em triunfo. Estou aqui para algo de maior, não somente para me afirmar enquanto artista. Estou a travar batalhas épicas contra mim próprio. Algo ou alguém me transmite o que escrevo. Procuro o cálice. Venho de reinos desconhecidos. Armavam-me cavaleiro. Eu era o preferido da rainha. Lancelote, o cavaleiro branco. Na Rua Nova de Santa Cruz. A mente abre-se. Quero explosões, flores. Desço às minhas profundezas. Canto. O meu canto chega aos anjos. Sou aquele que dá.

Sunday, September 4, 2011


Para lá de Deus
o além-Deus
criador e criatura
passeio-me pelo mundo

nunca mais ninguém
me indicará o caminho
nunca mais ninguém
me dirá quem sou.

Thursday, August 11, 2011

GRANDES HOMENS


Grandes homens
estão em mim
vindos do passado
grandes homens
erguem fogueiras
trazem mulheres lindas
de agora
grandes homens
dançam para mim
mostram-me os livros
contam-me os segredos
grandes homens
trazem mulheres
com gelados
e eu aqui observo
guardo o instante
grandes homens
na avenida
a cavalo.

Wednesday, August 10, 2011

ESTOU

"Estou à espera de um guia que me leve pela mão" (Ian Curtis). Estou à espera de um guia que me conduza ao Graal. Ao reino da fraternidade e da abundância. Não mais esta terra inóspita. "Consegues imaginar o que será de nós, ilimitados e libertos, desesperadamente necessitados da mão de um estranho num mundo desesperado?" (Jim Morrison). Consegues imaginar-nos, ilimitados e libertos? Tens de pensar, de acreditar no reino da luz. Segue-me. Vamos ter com Zaratustra à montanha. Esquece a cidade, esquece o mercado. Vamos ver o profeta maldito. Este é o caminho que conduz a nós mesmos. Este é o caminho do solitário, do cavaleiro da demanda. É o único que tens. Já te afastaste do reino da economia e dos mercados. Talvez encontres Jesus pelo caminho. Mas Jesus não é mais do que Zaratustra. Sente o amor, companheiro. Sente o amor, aqui nas alturas. A eternidade que amo. Ilimitados e libertos, como cantou o Jim. O outro profeta. Estou a escrever o livro. Estou a escrever o livro da celebração e da vida. Não há volta a dar-lhe. Bebo o Graal com Jesus, Morrison e Zaratustra. No alto da montanha. (...) Do alto da montanha contemplo o mundo. És minha, ó eternidade! Vou escrever o livro, o grande livro que muitos lerão. Ó leão, ó menino! Desceste às profundezas de ti mesmo e agora é-te difícil regressar ao mundo da norma e do trabalho. Odeias o mundo da norma e do trabalho! Vieste para algo de diferente, algo de superior. Vieste para quebrar as cadeias. Vieste para libertar os cativos. Vieste trazer a mensagem.

Wednesday, July 27, 2011

ELA E OS IMBECIS


Os imbecis continuam a espetar-me
a merda nos cornos
e ela move-se
entra no escritório
masturba-se na casa de banho
os imbecis atiram-me vírus
e ela dança
balança as ancas
põe-me doido
os imbecis querem-me fraco
e ela ri
enche o café
conta os trocos
os imbecis apertam o cerco
e ela fala
tira o sumo
dá de mamar às crianças
os imbecis espalham o tédio
e ela vai ao pão
sai
dá-me um beijo na boca.

Tuesday, July 19, 2011

O POETA E JESUS


O POETA E JESUS

É, de novo, madrugada. O poeta arde. Não sabe se é Jesus ou se está em Jesus. Não sabe se o que está a viver é o princípio de uma alucinação ou se é algo mais, capaz de unir os povos da Terra. Tal como Jesus, o poeta quer derrubar os banqueiros e os mercados mas hesita quanto ao uso da violência. Vê as montras partidas e os carros incendiados em Paris, Roma, Atenas e acredita que a revolução passa por aí. Também Jesus apelou ao fogo e à espada. Também Jesus era provocador e insolente. "No mundo tereis aflições, mas tende confiança! Eu venci o mundo", disse. Venceremos o mundo, derrubaremos o poder. Companheiros, companheiras. Aproxima-se a hora. Contudo, o poeta ainda tem dúvidas. Teme a barbárie pura. Deseja o amor entre os homens mas odeia os governantes, os mercadores, os banqueiros. Quer um mundo novo e um homem novo despidos da moeda e da mercearia.
É, de novo, madrugada. O poeta arde. Não sabe se é Jesus ou filho de Jesus. A mente e o coração expandem-se. O poeta sente que está a iniciar uma nova vida. Uma vida de entrega ao próximo e ao longínquo, sem caridadezinhas. O poeta sabe que, sendo naturalmente irresponsável, tem responsabilidades. Como Nietzsche, cria, dança em redor da sabedoria. As suas palavras vão chegar mais longe. Sabe-o. Os próximos dias poderão ser decisivos. O poeta chegou onde queria. Não haverá mais escritos menores, gratuitos. O poeta é de graça e é da graça. Canta, ri. O mundo está a seus pés, tal como as mais belas das mulheres. Se bem que seja necessária alguma prudência com as mulheres. Mas o poeta começa a conhecer as mulheres. Já não é o rapaz ingénuo dos 18 anos. As ideias vêm. O cérebro quase rebenta. O poeta quer construir um mundo novo. Acredita. É isso que o distingue dos outros. Hesita entre a paz e a espada. Sabe que a morte espreita. Mas vai continuar. É para isso que veio ao mundo. Acredita. É do mundo. Vai ao fundo do ser. Vive. É. Está a chegar a hora, companheiros, companheiras. Chegou o tempo de cerrar fileiras. O poeta sabe que a manhã virá. E com ela a luz. Mas também a vida da rotina. Talvez ainda não amanhã, domingo. Mas segunda-feira. O poeta escreve e os homens dormem. Já não é Natal. O poeta nasceu outra vez. Vai pregar na praça. Vai sujeitar-se ao desprezo dos homens e das mulheres. Mas vai chegar a muita gente. Dentro e fora dos livros. O poeta é aquele que quer ser. Pensa na amada. Pensa que o amor também pode vir através da espada. Os galos cantam. Pedro não o nega. Está a escrever verdadeiramente como os mestres. É aqui que queria chegar. Ou melhor, está é uma das etapas do processo. O poeta já quase não sente medo. Prossegue. Escreve madrugada fora. Está na casa da mãe e dos irmãos. Consulta o Evangelho de João. Vive. Chama o pai. Ele ouve-o. A voz do pai ecoa na sua mente. Está em paz. Há outra vida na mente. Uma vida sem economistas nem conta-corrente.

Tuesday, July 12, 2011

MÍTICOS


Jim Morrison for ever. Serão lidos poemas escaldantes dedicados ao mítico vocalista da mítica banda Doors, pelo mítico António Pedro Ribeiro. Ninguém diz poesia como ele! Rui Pedro Silva, autor do livro "Contigo torno-me real" estará presente.

Dina Silva, Poetria.

Sunday, July 10, 2011

ANA


Dizem que estou deprimido mas eu acho que não estou. A Ana vai embora. É Pena. Ela faz a "Padeirinha". E eu escrevo. Vou escrevendo. Eis a minha vida. Algum dinheiro debaixo do colchão, para variar. O operário balança. A Ana tem alma. A gaja na televisão. O Tavares que não vem. A cerveja. A próxima fuga. ~Já não és a estrela. A Ana é boa. Tantas noites, tantos dias. E agora aqui preso. A cerveja sobe dentro. Eu torno-me outro. Tenho de ser mais sociável. Não me armar tanto em vedeta distante. Esta merda volta a fazer-me rir. Tantas noites, tantos dias.

Wednesday, July 6, 2011

A DOER


Sentas-te
e dás-me tesão
sentas-te
acendes-me
tentas-me
quero-te
à mimha mesa

sentas-te
ris
é pena seres
do sossego
do lar
da segurança
sentas-te
e não és
a Gotucha.

Ainda assim
quero-te
estou em fogo
os gregos
incendeiam
as ruas
o país
estás prestes
a arder
vai ser a doer
vai ser a doer

é melhor que comeces
a agarrar-te a mim, querida
é melhor que largues
o telemóvel
isto vai ser a doer
não tarda nada.

Thursday, June 30, 2011

TORNA-TE NAQUELE QUE ÉS



Sofrimento, trabalho, obediência, castração, humilhação.


Eis o que o capitalismo, mesclado com algum cristianismo que Nietzsche denuncia, nos dá.


E o capitalismo, o mercado, ao contrário do cristianismo, nem sequer promete o Céu ou a Vida Eterna.


Mas há em ambos, como diz Nietzsche, o desprezo pela Terra, o desprezo pelo Homem, o desprezo pela vida.


A linguagem do mercado, das contas, da economia despreza o homem enquanto criador, enquanto ser que descobre, enquanto ser que imagina.


O homem assim nunca será o menino e o bailarino de Nietzsche: nunca se passeará pela corda-bamba do devir, nunca fará da vida um contínuo experimento de si mesmo.


A linguagem da economia e do capitalismo é a linguagem das taxas de juro, das cotações da bolsa, das percentagens assexuadas que entediam e castram o Homem.


Urge falar outra linguagem: a linguagem do homem em construção. A linguagem de Nietzsche e de Henry Miller, que diz que "o único objectivo na vida é chegar perto de Deus - isto é, chegar mais perto de mim próprio".


"Torna-te naquele que és!", acrescenta Nietzsche. Sendo plenamente nós próprios seremos livres, meninos, bailarinos, afirmadores da vida e estaremos em condição de deitar abaixo o mundo do tédio e da economia.

Thursday, June 16, 2011

NO CAFÉ DA SÓNIA


Regresso a Braga, ao café da Sónia. Tenho em mim a maldade. Na sexta destilava ódio, virei-me contra a Gotucha. Estive a um passo de pontapear o bebé no carrinho na Avenida. Não posso continuar assim. Sou um mau rapaz. Não me sai da cabeça o António. O Mick Jagger está vivo. O rock n' roll também. Agora sim, começo a ter uma reputação. É natural que falem de mim na rua, nos cafés, nos bares, nas minhas costas. A actuação no Campo Alegre afinal foi um sucesso, apesar das velhas. Começo a ter um nome. Não posso tomar certas atitudes em público. "Growing up in Public", como dizia o Lou Reed. Loucuras em palco. Tudo bem. Mas não me atires o ódio, Gotucha. Começo a não suportar a pop bem-comportadinha. Só gosto da Lady Gaga e da Lady Baba. Sou dadá. Quero a Lady Baba. A Lady Baba absolutamente selvagem. Apetece-me apalpar as boazonas na rua, chupar-lhes as mamas. Sem me tornar femeeiro como o Strauss-Kahn. Ando com excesso de testoterona. Quero a Lady Baba. Sou dadá. Quero a Lady Baba. Há quem me acuse de misogenia. Penso que isso não sou. A verdade é que mudei muito nos últimos 21 anos. Era um santo. Agora não sou. Ou então sou um santo de outra maneira. Como Nietzsche. Também é certo que quando estou empenhado na revolução não distingo os homens das mulheres. Mas continuo a ir aos site porno visitar a Minka e a Lisa Lipps. Sou um aventureiro, como diz a Helena Isabel, mesmo que às vezes seja excessivamente prudente. Se não fosse essa prudência, onde estaria agora? Agora permaneço aqui nas piscinas, no café da Sónia, quase às moscas. Faltam 10 dias para receber o cacau. Que vou fazer? Dormir até lá? Os gajos falam de futebol, para variar. Quero uma mulher fora da televisão. Quero uma mulher que me ame e não me deixe. Quero uma mulher para passar o Verão. Quero uma mulher até mais não.
Os cafés às moscas. A Sónia a jogar. As gajas da TV a provocar, a porem-me doido. Ser quem sou, o que já fui. Tantas horas. Andar atrás da Glória. E ela vem, certas noites, certos dias. Não mais. Ir à procura. EStar na demanda. Entregar as armas para depois voltar ao combate. Ser o louco que dança. Ser o ser que provoca. Agitação, propaganda. Estás a ficar careca atrás, menino. EScrita automática. És quem és, nada mais.

Monday, June 6, 2011

REVOLUÇÃO NA GRÉCIA


Biggest anti-memorandum protest in Syntagma square

by (Reuters) , (Athens News Web) 5 Jun 2011






"Thieves - hustlers - bankers," read one banner as tens of thousands of people packed the main Syntagma square outside parliament to vent their frustration over rising joblessness as austerity bites, blaming the crisis on political corruption and government incompetence.

Turnout was the biggest so far in a series of 12 nightly protest gatherings in the square inspired by Spain's protest movement.

Amidst a sea of splayed hands waved at the parliament building --an offensive Greek hand gesture--, one demonstrator raised a placard reading "Bravo Yemen", whose president underwent surgery in Saudi Arabia for injuries suffered in a rocket attack on his palace.

Police put the crowd at 50,000 by mid-evening, but numbers continued to grow as dusk fell over the Greek capital. According to the Athens News reporters on site the number of protesters exceeded 500,000 at around 22:00 on Sunday. Security was also stepped up around the parliament, with the area blocked for the first time by barricades set by the police.

Another banner drew comparisons with rallies early this year in central Cairo which ousted Egyptian President Hosni Mubarak. "From Tahrir Square to Syntagma Square, we support you!", it read.

The cabinet of Prime Minister George Papandreou is due to discuss on Monday an economic plan, which a senior government official said would impose 6.4 billion euros of budget measures this year alone, on top of austerity measures already imposed under Greece's original international bailout plan agreed last year.

The medium-term plan includes tax increases while the international lenders are pushing for a crackdown on widespread tax evasion. The black economy is thought to amount around 20 to 30 percent of the gross domestic product.

"Instead of going after tax cheats, they are raising taxes and cutting working people's pay," said Yannis Mylonakos, 34, who lost his job at an advertising agency.

As Greece battles to avoid defaulting on its debt, which totals about 340 billion euros, unemployment has soared to almost 16 percent.

The extra austerity is the price for a new bailout agreed with the European Union and International Monetary Fund to replace the old one, which has proved overoptimistic in assuming Greece could resume borrowing commercially early next year.

The Syntagma Square rallies, organized through Facebook, so far have been peaceful, more festive and less politically motivated than traditional labor union protest rallies.

Protesters from all over Greece on the square rejected the austerity policies to cut the budget deficit that lead to layoffs, wage and pension cuts and a heavier tax burden.

"You got the disease, we got the solution -- revolution," read one banner. "We don't owe, we don't sell, we don't pay," read another, hung on the square's lamp posts.

Students, pensioners, young couples with their children and immigrants, were among those gathered on the square over the past week, while protesters also gathered in Greece's second city of Thessaloniki, in the Port of Patras and other major cities.

Organizers say they are determined to continue indefinitely as the number of people joining the Facebook group "Angry at Syntagma" is growing.

Saturday, May 21, 2011

A. PEDRO RIBEIRO E SUSANA GUIMARÃES NAS "QUINTAS DE LEITURA"


A 117ª sessão das "Quintas de Leitura", ciclo poético promovido pela Câmara Municipal do Porto através da Fundação Ciência e Desenvolvimento, realiza-se no próximo dia 26 de Maio de 2011, às 22h00, no Café-Teatro do Teatro do Campo Alegre.

A sessão intitula-se "Vida no Campo" e tem um carácter vincadamente performativo, juntando dois grandes comunicadores: o geógrafo Álvaro Domingues e o poeta A. Pedro Ribeiro.

Depois do êxito de "A Rua da Estrada" (2009) e "Casas Kitadas" (2010), Álvaro Domingues vai, desta feita, surpreender-nos com uma conferência esquisita sobre "Vida no Campo".

Álvaro Domingues desvenda um pouco do que está na origem da sua dissertação performativa:

"Vida no Campo é esta vida difícil de não ter tido ainda tempo de ruminar o sentimento de perda de um certo rural profundo. Nos anos 50 do Séc. XX, Portugal atingiu o auge da população e do território mobilizado pela agricultura. Hoje, o PIB na agricultura não chega aos 4%. É esse o número que mede o que se denomina como desruralização .

Venha o Freud para explicar este mau luto pelo que se perdeu e ainda teima em persistir, como presente-ausente, na paisagem, em quem a olha e nos destroços que deixou.”

Na segunda parte, sobe ao palco A. Pedro Ribeiro, poeta situacionista libertário e tudo, que contará, nas leituras, com a cumplicidade de Susana Guimarães. A sua performance será, como habitualmente, marcada pelo tom audaz e provocatório que, estamos certos, agitará a plateia.

Este espectáculo será também uma noite cheia de música.

Na primeira parte, a tão esperada e reclamada actuação de "NOISERV", o indelével projecto do músico David Santos que já encantou salas emblemáticas como as do Music Box, Santiago Alquimista, Coliseu dos Recreios, Coliseu do Porto, Cinema S. Jorge, Casa da Música, Galeria Zé dos Bois, Mercado Negro, entre muitas outras. David Santos será acompanhado em palco pela ilustradora Diana Mascarenhas.

Oportunidade ainda para ouvir os "OPUS DIABOLICUM", habituais companheiros de estrada dos Moonspell. A banda de classical metal , formada por quatro violoncelistas e um percussionista/pianista, irá mostrar-nos que o TCA fica algures entre o Inferno e o Paraíso.

E, como diria o Poeta, "no FIM disto tudo um Azul-de-prata."


Bilhetes a 7,00 euros (com os habituais descontos) e a 10,00 euros (normal

Thursday, May 19, 2011

NUCLEAR NÃO, OBRIGADO!

70% dos portugueses contra construção de central nuclear em Portugal - Estudo
Lisboa, 19 mai (Lusa) - Cerca de 70 por cento dos consumidores particulares de energia discorda da construção de uma centrar nuclear em Portugal, cons...



70% dos portugueses contra construção de central nuclear em Portugal - Estudo
Lisboa, 19 mai (Lusa) - Cerca de 70 por cento dos consumidores particulares de energia discorda da construção de uma centrar nuclear em Portugal, considerando que existem riscos para a saúde pública e segurança, segundo um estudo divulgado hoje.

Intitulado "A Energia em Portugal", o estudo da Associação Portuguesa de Energia (APE) foi feito com recurso a inquéritos elaborado por uma empresa de estudos de mercado, e mostra que os 30 por cento de consumidores particulares que concordam com a construção de uma central nuclear em Portugal apontam como principal vantagem a produção de energia mais barata.

O estudo é divulgado dois meses depois do desastre nuclear na central de Fukushima, no Japão.

Em Espanha, a pouco mais de 100 quilómetros da fronteira com Portugal, está localizada a central nuclear espanhola de Almaraz.

No que respeita aos combustíveis derivados de petróleo, é possível constatar uma alteração no comportamento dos consumidores face a 2006, ano em que a APE fez a primeira edição do estudo.

Assim, nos últimos anos "passou a ser o preço, e não a localização, a principal condicionante na escolha dos postos de abastecimento pelos particulares e do fornecedor de combustíveis pelas empresas".

A incorporação de biocombustíveis é ainda pouco conhecida entre consumidores, no que respeita à sua inclusão no gasóleo rodoviário.

No entanto, "cerca de 28 por cento dos consumidores particulares estão dispostos a pagar mais por litro de gasóleo, consoante o maior teor de biocombustíveis incorporado. Destes, mais de 70 por cento estão dispostos a pagar um acréscimo até cinco por cento".

Entre as empresas, cerca de 34 por cento pagariam mais por litro de gasóleo consoante o maior teor de biocombustíveis incorporado. Destas, mais de 87 por cento estariam mesmo disponíveis a pagar uma subida até cinco por cento.

De acordo com estudo, "quase 70 por cento das empresas refere a inexistência de rede de gás natural como o principal motivo para a utilização de GPL".

Existindo rede, "a principal razão para as empresas não terem contrato de gás natural prende-se com os elevados custos de instalação", lê-se no documento.

Também os consumidores particulares apontam os elevados custos de instalação como o principal motivo para não terem contrato de gás natural.

No âmbito da mobilidade elétrica, cerca de 31 por cento dos consumidores particulares estão dispostos a pagar mais para a aquisição de um veículo elétrico, sendo que destes cerca de 60 por cento aceitariam a pagar até cinco por cento a mais.

A maioria dos consumidores considera também a possibilidade de adquirir um veículo elétrico nos próximos dois a três anos.

Sobre a possibilidade de fazer uma mudança de fornecedor de eletricidade ou gás, cerca de 60 por cento dos consumidores particulares mostraram-se recetivos ou muito recetivos.

Nas empresas, cerca de 44 por cento já mudaram de fornecedor de energia elétrica, maioritariamente da indústria, e cerca de 14 por cento trocaram de fornecedor de gás.

CSJ

Lusa/Fim

Wednesday, May 18, 2011

STRAUSS-KAHN, SÓCRATES E NÓS, REVOLUCIONÁRIOS


Voltei a envolver-me em polémicas de cortar à faca a propósito do Strauss-Kahn. E logo em Braga. A verdade é que estou muito susceptível. Reconheço que estou a ser ligeiramente populista mas não aceito a tese da cilada. Não tenho dúvidas que a credibilidade do FMI está em cheque. Então são estes os grandes senhores da finança, aqueles que nos sacam o ouro e a vida? Que exemplo e que ética nos pregam? Com que direito nos vêm impor poupanças, impostos, sacrifícios? E depois, meus amigos, perdoai-me mas não sou socialista. Tenho esse direito, não ando a defender os Sócrates e os Strauss-Kahns deste mundo.

Tuesday, May 17, 2011

RIBEIRO NAS QUINTAS COM SUSANA GUIMARÃES

12/05/11
"Vida no Campo" com performance e música



A 117ª sessão das "Quintas de Leitura", ciclo poético promovido pela Câmara Municipal do Porto através da Fundação Ciência e Desenvolvimento, realiza-se no próximo dia 26 de Maio, às 22h00, no Café-Teatro do Teatro do Campo Alegre.

A sessão intitula-se "Vida no Campo" e tem um carácter vincadamente performativo, juntando dois grandes comunicadores: o geógrafo Álvaro Domingues e o poeta A. Pedro Ribeiro.

Depois do êxito de "A Rua da Estrada" (2009) e "Casas Kitadas" (2010), Álvaro Domingues vai, desta feita, surpreender-nos com uma conferência esquisita sobre "Vida no Campo".

Álvaro Domingues desvenda um pouco do que está na origem da sua dissertação performativa:

"Vida no Campo é esta vida difícil de não ter tido ainda tempo de ruminar o sentimento de perda de um certo rural profundo. Nos anos 50 do Séc. XX, Portugal atingiu o auge da população e do território mobilizado pela agricultura. Hoje, o PIB na agricultura não chega aos 4%. É esse o número que mede o que se denomina como desruralização .

Venha o Freud para explicar este mau luto pelo que se perdeu e ainda teima em persistir, como presente-ausente, na paisagem, em quem a olha e nos destroços que deixou.”

Na segunda parte, sobe ao palco A. Pedro Ribeiro, poeta situacionista libertário e tudo, que contará, nas leituras, com a cumplicidade de Susana Guimarães. A sua performance será, como habitualmente, marcada pelo tom audaz e provocatório que, estamos certos, agitará a plateia.
Este espectáculo será também uma noite cheia de música.


Na primeira parte, a tão esperada e reclamada actuação de "NOISERV", o indelével projecto do músico David Santos que já encantou salas emblemáticas como as do Music Box, Santiago Alquimista, Coliseu dos Recreios, Coliseu do Porto, Cinema S. Jorge, Casa da Música, Galeria Zé dos Bois, Mercado Negro, entre muitas outras. David Santos será acompanhado em palco pela ilustradora Diana Mascarenhas.

Oportunidade ainda para ouvir os "OPUS DIABOLICUM", habituais companheiros de estrada dos Moonspell. A banda de classical metal , formada por quatro violoncelistas e um percussionista/pianista, irá mostrar-nos que o TCA fica algures entre o Inferno e o Paraíso.

E, como diria o Poeta, "no FIM disto tudo um Azul-de-prata."



Bilhetes a 7,00 euros (com os habituais descontos) e a 10,00 euros (normal).

Monday, May 16, 2011

MANIFESTO

MANIFESTO DO RENASCIMENTO

António Pedro Ribeiro

Nascemos. Estamos aqui. Não devemos nada a ninguém. Não pagamos. Nada temos a ver com o FMI, com o Banco Central Europeu, com a Comissão Europeia. Ninguém nos perguntou se queríamos aderir à então CEE. Aliás, a coisa não passa disso. De uma união económica e financeira. Nada mais. Aliás, tudo se resume ao económico e ao financeiro. A linguagem económica e financeira já mete nojo. E depois querem que nos sacrifiquemos, que andemos sempre poupadinhos a contar os trocos. Que porra de vida é esta? Em que é que eles-banqueiros, especuladores, grandes empresários, políticos do sistema- querem que nos tornemos? Em autómatos? Em seres sem coração, sem alma?
Nascemos. Estamos aqui. Não aceitamos. Não aceitamos mais. Não somos mercadorias. Temos algo de divino. A vida é nossa. O mundo é nosso. A rua é nossa. Não aceitamos mais que eles nos venham dizer o que fazer e o que pensar. Não aceitamos mais que eles nos espetem a prisão e a castração nos cornos. Nascemos. Estamos aqui. Viemos ao mundo. Isso basta-nos. Não temos que prestar contas a ninguém. Somos mulheres, homens. Não venham com fados, fatalismos, niilismos. Podemos começar tudo de novo. É para isso que estamos aqui. Para erguer um novo mundo. Não temos de pedir licença a ninguém. Não temos de pagar dívida nenhuma. Nascemos. Estamos aqui. Expulsemos os pregadores da morte, dos mercados, da finança. Ocupemos a praça. Já perdemos tudo o que tínhamos a perder. O novo mundo está aqui.

SINDICATO DOS JORNALISTAS CONTRA FUSÃO

2011/MAI/16
SJ preocupado com fusão de secções na Global Notícias
A fusão das secções de Economia do “Jornal de Notícias” e do “Diário de Notícias” numa estrutura centralizada destinada a produzir a informação económica para diferentes órgão da empresa Global Notícias preocupa o Sindicato dos Jornalistas (SJ).
Em comunicado divulgado esta segunda-feira, 16, o SJ adverte que esta iniciativa da Global Notícias "comporta sérios problemas, quer ao nível editorial e da identidade dos órgãos de informação envolvidos, quer das condições de trabalho dos jornalistas, quer da própria relação de trabalho", pelo que vai solicitar à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) que aprecie as consequências da operação em curso.

É o seguinte o texto, na íntegra, do comunicado do SJ:

Fusão de secções de Economia do JN e do DN preocupa SJ

1. A empresa Global Notícias, Publicações, SA, do grupo Controlinveste, decidiu transferir jornalistas que trabalham nas secções de Economia do “Jornal de Notícias” e do “Diário de Notícias”, com o objectivo de fundi-las numa estrutura centralizada que deverá produzir a informação económica para aquelas duas publicações, para um sítio informativo na Internet – “Dinheiro Vivo” – e para um suplemento semanal a distribuir também pelo JN e pelo DN, bem como para a TSF.

2. Tal como o SJ já tornou claro em comunicado no início de Abril, esta iniciativa da Global Notícias comporta sérios problemas, quer ao nível editorial e da identidade dos órgãos de informação envolvidos, quer das condições de trabalho dos jornalistas, quer da própria relação de trabalho, na medida em que:

a) A extinção das secções de Economia próprias e a sua fusão numa única estrutura correspondem a uma nova etapa no processo de desagregação das redacções, iniciado com extinção das secções de Reportagem Fotográfica;

b) Estas medidas fazem aumentar o receio de que está realmente em curso um plano de fusão das redacções, com prejuízo para a identidade própria que cada órgão de informação deve possuir, uniformização da informação e perda da diversidade informativa;

c) Os jornalistas colocados na estrutura pretendida ficarão na dependência simultânea de várias hierarquias editoriais e trabalhando para vários órgãos de informação, satisfazendo solicitações que podem ser diferentes, sobretudo quanto ao “estilo” e também quanto às técnicas jornalísticas;

d) Além de questionável do ponto de vista de subordinação hierárquica, o esquema de funcionamento pretendido pode traduzir-se em esforços adicionais desgastantes para os jornalistas, especialmente com a eventual necessidade de reescrita dos materiais de acordo com o “estilo” e as opções editoriais dos diferentes órgãos;

e) Embora se trate de uma unidade dentro da mesma empresa e não da transferência dos jornalistas abrangidos para uma nova empresa, tal operação carece sempre do acordo prévio entre a GN e os profissionais abrangidos.

3. Verificou-se, porém, que a empresa não só decidiu prosseguir o seu projecto mas também manteve uma posição intransigente em relação às legítimas exigências feitas por um significativo número de jornalistas, que justamente reclamavam a inclusão, no acordo de transferência, de uma cláusula reconhecendo o direito de regresso à Redacção de origem, criando assim um sentimento de insegurança muito grande relativamente ao futuro destes profissionais.

4. O caso ganhou contornos mais graves ao verificar-se que a transferência – que na realidade se pode considerar compulsiva – não foi antecedida por uma ordem escrita, colocando os jornalistas numa insuportável margem de insegurança quanto ao procedimento a seguir.

5. Face às preocupações acima referidas e ao comportamento da empresa, e sem prejuízo de outras formas de apoio, a Direcção do SJ:

1.º - Manifesta a sua preocupação com os riscos de despersonalização e descaracterização das publicações e a redução do pluralismo informativo resultantes da produção informativa centralizada e renova a sua solidariedade para com os jornalistas atingidos.

2.º Apela aos directores e aos conselhos de redacção dos órgãos de informação abrangidos para que reflictam sobre as consequências da iniciativa da empresa para a qualidade e a identidade das publicações, persuadindo a Administração a recuar na fusão das secções de Economia.

3.º - Vai solicitar à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) que aprecie com urgência as consequências da operação em curso para a diversidade e para o pluralismo informativos e que tome as medidas indispensáveis.

4.º - Renova a disponibilidade dos Serviços Jurídicos do Sindicato para continuarem a apoiar os seus associados na defesa dos respectivos direitos e interesses.

Lisboa, 16 de Maio de 2011

A Direcção

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Wednesday, May 11, 2011

UM POETA NO PIOLHO EM "A VOZ DA PÓVOA"


Arquivo: Edição de 21-01-2010

SECÇÃO: Cultura

Entrevista a A. Pedro Ribeiro


Poesia de Choque



A. Pedro Ribeiro nasceu no Porto, em 1968 e vive em Vilar do Pinheiro, Vila do Conde. É Licenciado em Sociologia. Foi fundador da revista literária Aguasfurtadas e colaborador de revistas e fanzines como a “Portuguesia”, “Cráse”, “Voz de Deus”, revista “Bíblia”, e “Conexão Maringá”, do Brasil. O último dos oito livros de poesia publicados tem o título, “Um Poeta no Piolho” e foi lançado em Dezembro de 2009. Pedro Ribeiro também diz poesia e faz performances poéticas e poético-musicais.


A Voz da Póvoa – Qual a razão de comemorar os 100 anos do Piolho com um livro?


A. Pedro Ribeiro – A ideia partiu do escritor Raul Simões Pinto, que me convidou a reunir os poemas escritos naquele café. Alguns poemas perderam-se, outros aparecem nos vários livros que fui publicando. Tem também poemas inéditos escritos no Piolho a partir de Junho último.


A.V.P. – Cafés como o Piolho são referências que começam a rarear nas cidades?


A.P.R. – O Piolho tem uma história de encontro de opositores ao regime, tanto da área política como artística. A tertúlia ainda se mantém viva. Já vivi naquele lugar grandes discussões literárias e políticas. O Piolho no Porto, a Brasileira em Braga, o antigo Diana Bar ou o Guarda Sol na Póvoa, são espaços que tem uma certa especificidade. Não é um lugar onde vais simplesmente beber uma cerveja ou tomar um café, tem uma história, uma vivência que vem de longe. Infelizmente alguns vão desaparecendo.


A.V.P. – A que se deve o facto de ultimamente publicar com mais regularidade?


A.P.R. – Tem a ver com o ritmo da escrita. Escrevo praticamente todos os dias e vou publicando nos meus blogs. Há sempre cinco ou dez pessoas que lêem. A partir daí faço uma selecção. Mas há sempre textos que ficam para trás e só mais tarde é que são recuperados e publicados em livro.


A.V.P. – O ritmo do espectáculo tem acompanhado o ritmo da escrita?


A.P.R. – As duas coisas estão ligadas, mas são distintas. A escrita é fundamentalmente um acto solitário, mesmo que estejas a escrever num lugar cheio de gente. Quando estou acompanhado não escrevo. Não troco um amigo por um texto ou um poema. Já o acto de estar em palco é dar alguma coisa. Não dependes só de ti, mas também das reacções do público. Boas ou más, lido com ambas.


A.V.P. – Os palcos de Paredes de Coura e do Teatro Campo Alegre, definem o poeta?


A.P.R. – Espero que sim, até porque fui dizer poemas meus e as reacções do público foram muito positivas. Talvez devido ao tipo de textos que seleccionei, com uma temática ligada à vida boémia, textos que falam do sexo, da mulher fatal, das gajas boas. São textos que resultam bem em certos sítios, para um certo público. Mas há lugares onde digo Mário Cesariny, Jim Morrison, Allen Guinsberg ou Nietzsche.


A.V.P. – Cita e recita muito Nietzsche é porque assim falava Zaratustra?


A.P.R. – Estou a ler pela quarta vez esse livro. O Nietzsche fascina-me quando fala da superação do homem, que não é este homem pequeno das mercearias, das contas, dos orçamentos, do homem económico. Como diz o padre Mário de Oliveira, o homem é afecto e espírito, ou deveria ser sobretudo isso. Mas esse homem é destruído por esta sociedade capitalista. Mas há também o homem artista, que canta que dança, que está ai.


A.V.P. – Sente que o artista deve ser cada vez mais interventivo?


A.P.R. – O artista não tem que ser como os outros e levar aquela vida regrada e certinha. Deve ir mais longe, quebrar rotinas, ser um desalinhado. As pessoas podem não estar de acordo com tudo o que tu dizes ou escreves, mas aquilo mexe com elas. Esse é o objectivo.

www.vozdapovoa.com

Monday, May 9, 2011

A REVOLUÇÃO ESTÁ A CAMINHO


António Pedro Ribeiro apresenta a performance "A Revolução Está a Caminho- We Want the World and We Want it Now!" no bar Amigos SA, o antigo Púcaros (à Alfândega) na próxima quinta-feira, dia 5, pelas 23:00 h. Ribeiro diz poemas de Jim Morrison, Ian Curtis, Bob Dylan, Allen Ginsberg, entre outros.

DECLARAÇÃO DE AMOR AO PRIMEIRO-MINISTRO


Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro, A. Pedro Ribeiro
August 1, 2008
Tendo nascido no Porto, em 1968, A. Pedro Ribeiro vive actualmente em Vila do Conde.

Num acto de protesto contra os valores preconizados pela sociedade de consumo, marcada pelo materialismo e pela superficialidade, o autor decide anunciar a sua candidatura à Presidência da república, em 2005, «para abanar consciências e reclamar lugar para a liberdade mais absoluta» (sic).

Antes da publicação da obra supracitada, em Julho de 2005, A. Pedro Ribeiro tinha também publicado o Manifesto dos 37 o qual se torna emblemático por definir os objectivos e o padrão de escrita de A. Pedro Ribeiro.

«Aos 37 anos José Mário Branco escreveu o FMI. Aos 37 anos apetece-me dizer com os situacionistas que nada queremos de um mundo no qual a garantia de não morrer de fome, se troca pelo risco de morrer de tédio (citando Raoul Vaneigem in A Arte de Viver para a Geração Nova).

«Apetece-me dizer com André Breton que a ideia da Revolução é a melhor e a mais eficaz na salvaguarda do indivíduo (in La Révolution Surrealiste nº 4). Apetece-me estar com a subversão. Com a crítica radical à ditadura do consumível, da mercadoria, do quantitativo, do défice. Apetece-me estar do lado da liberdade, da liberdade absoluta, contra a ilusão da liberdade de compra e venda, da sobrevivência, da “sobrevida” que substitui a vida, do quotidiano insuportável, do tédio.

«Apetece-me estar com os poetas malditos. Com Rimbaud, com Baudelaire, com Nietzsche, com Sade, com Lautréamont, a infernizar tudo quanto é direitinho, conforme as normas, castração.

«(…) Apetece-me dizer que acredito na poesia e no amor, como formas subversivas. Que acredito em actos provocatórios, em agitações espontâneas que ridicularizam o instituído, no terrorismo político. Que a criatividade é o último reduto da rebelião.»

As duas epígrafes, que servem de introdução ao livro, denunciam a orientação do conteúdo, onde é exposta a rapacidade de uma classe detentora do poder para a qual o homem figura apenas um agente de produção:

«Os valores do mercado, a rentabilidade, o lucro, a eficácia dominam por todo o lado e substituem tudo o resto. Orientam as decisões dos governos, dirigem o funcionamento das famílias, impõem-se na escola, reinam nos media. Uma pessoa só será admitida para ocupar um lugar na sociedade se estiver apta a produzir e a comprar.»

Subcomandante Marcos EZLN

E também que:

«Estamos num tempo dos relojoeiros. O imperativo económico converte cada homem num cronómetro vivo, com o sinal distintivo no punho.»

Raoul Vaneigem in A Arte de Viver para a Geração Nova

A provocação inteligente e calculada de A. Pedro Ribeiro que, amiúde, o aproxima da ousadia vulcânica de Mário Cesariny ou da deliciosa e oportuna inconveniência de Luiz Pacheco, está presente em quase todos os poemas da obra, sendo estas características especialmente notórias na “Ode ao sacrifício ou Manifesto Autárquico para a Póvoa de Varzim”, onde se destaca um impressionante jogo de ideias, implícitas e explícitas, criado pelo violento contraste entre o discurso judaico-cristão dos primeiros quatro versos a colidir com um discurso frontalmente boémio, nos versos seguintes. Um verdadeiro xadrez de palavras e ideias a formar um autêntico vórtice verbal, cujo ritmo binário acentua o sarcasmo, eternamente presente na voz do Poeta.

A alternância entre o racional e o emocional coloca em evidência a ira de quem enxerga nos detentores de poder o expoente máximo da hipocrisia, de quem pretende fazer passar a mensagem de que se preocupa com as classes mais desfavorecidas, no sentido de conseguir o voto, e cujo verdadeiro rosto se manifesta no cinismo vampírico de quem suga o sangue dos mesmos eleitores – os quais como que formam uma casta à parte – até ficarem exangues, com cintos tão apertados (até ao último furo ou já com furos extras) como os espartilhos usados pelas mulheres até à primeiras décadas do século XX.

Senão vejamos:

O Presidente da República ama-nos
O primeiro-ministro sacrifica-se por nós
Sacrificai-vos vós também
E será vosso o reino dos céus

E continua…

O poeta Ulisses recebe o rendimento mínimo
Paga-me copos
E já não vende poemas nos cafés

…com a voz que denuncia como se calam as vozes dos poetas, com a esmola que lhes sacia o estômago, enquanto que aqueles que não se calam têm de continuar a vender os poemas pelos cafés para não morrer de fome.

O autor prossegue com a voz de trombeta do juízo final ao perseguir o objectivo de derrubar muros e silêncios de conveniências, ao vomitar palavras incómodas e ao acreditar na revelação da contradições de uma sociedade economicista, na qual coexistem fenómenos como o decretar da caça à pornografia na Internet com os lucrativos anúncios de prostituição, consentidos e perfeitamente legalizados na imprensa e na televisão. Em suma, trata-se de colocar a nu a prostituição dos estados e dos media. No lugar da Utopia, onde descrença no futuro prossegue a par da crença na religião da liberdade do Amor e do Prazer.

Pedro Ribeiro, um poeta ainda na semi-obscuridade, mas que já se afigura como o Dionysos da geração dos novos poetas.

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Cláudia Sousa Dias

OLHOS


olhos
olhos cansados
de ler
de escrever
de olhar
olhos que são
a vida
a cor
a luz

olhos.