Tuesday, September 29, 2009

POEMA À GAJA DA MESA DO FUNDO


29-09-2009
A. PEDRO RIBEIRO.

POEMA À GAJA DA MESA DO FUNDO

Está-me a bater aquela gaja da mesa do fundo
Estás-me a bater, gaja da mesa do fundo!
Olha! Vais lá para fora,
Que pena!
Agora que te ia oferecer o poema
Sabes que às vezes escrevo umas coisas fora do comum
Sabes que às vezes escrevo o que ninguém espera
Mas, olha, paciência
Já estou a olhar para outra
Sabes que me deixei de apaixonar facilmente
Por isso é-me difícil mudar de gaja
Mesmo que esteja sozinho
Vou tendo uma gaja
Sabes, assim para as emergências
A verdade, gaja,
É que fiquei vidrado em ti
Aquelas paixões que vêm de vez em quando
Ah! Afinal ainda sou capaz de me apaixonar
Estás-me a bater, gaja que já não estás
Na mesa do fundo
E venha a cerveja, ó Adriano!
Que isto de criar não é para todos
O poeta está com sede
O mundo assim não avança.

( poema de A. Pedro Ribeiro)

in http://quintasdeleitura.blogspot.com

Sunday, September 27, 2009

OS POETAS NO PIOLHO

Tertúlia de poesia no café universitário do Porto
O emblemático café Piolho, inspiração de poetas portugueses
por Agência Lusa, Publicado em 26 de Setembro de 2009
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Um dos mais emblemáticos cafés da cidade do Porto, o Piolho, foi hoje palco de um encontro de poetas que, entre versos lidos, partilharam experiências e vivências daquele local onde um dia se inspiraram para escrever.

Fernando Morais, João Gesta, Rosa Alice Branco, João Habitualmente, Daniel Maia-Pinto Rodrigues, Teixeira Guedes, Alberto Miranda, José Soares Martins, Filipa Leal, Pedro Ribeiro, João Ulisses e Marta Bernardes juntaram-se hoje à mesma mesa para dissecar o espaço que este ano comemora o seu primeiro centenário.

“O Porto sem o piolho seria uma careca calva. O Piolho é maior que o Porto”, sublinhou o poeta João Habitualmente, para quem aquele espaço é dado mais “à conversa, ao fino e ao tremoço” que propriamente à poesia.

Um sentimento não partilhado pela maioria dos restantes convidados, muitos dos quais leram poemas que escreveram dentro das paredes espelhadas do agora centenário Piolho D’Ouro.

“O poeta está com sede [e] o mundo assim não avança”, leu Pedro Ribeiro, autor de um poema dedicado “à gaja da mesa do fundo”, escrito ali mesmo, no Piolho, no momento em que lhe “ia oferecer um poema” mas “a gaja” foi lá para fora: “que pena!”.

O café tornou-se assim “sala de estar, abrigo das investidas cobardes da polícia fascista e um espaço de fruição e liberdade” onde também se despertava para os primeiros amores, os “beijos ortopédicos e os charrinhos libertadores”, recordou o poeta João Gesta.

De palco de resistência a ponto de encontro, o café “é um lugar emblemático, de cultura e de construção do raciocínio e liberdade”, referiu Daniel Maia-Pinto Rodrigues. Talvez por isso, destacou Teixeira Guedes, “quem frequenta o piolho tem atitude poética”.

Mas o Piolho não é só feito de passados e tempos idos. A comprovar isso estiveram as poetisas Filipa Leal e Marta Bernardes, que contam estórias de presente, de cidades e memórias que a nova geração precisa de criar.

“Ser poeta é ter experiência do indizível e correr atrás do horizonte”, descreveu Marta Bernardes, 26 anos, que defende que “toda a arte encerra um verso” e que “Portugal é, sobretudo, um país de poetas”.

Já a professora e poetisa Rosa Alice Branco, para quem a vida sem Piolho “poderia ter sido muito triste”, acredita que em Portugal “há a mania que este é um País de poetas” e que “não se deve escrever se não houver coisas para dizer”.

Mas “os poetas não são portugueses, são de todo o mundo” frisou João Ulisses, que viu o café contribuir-lhe “um pouco para a cirrose” e para quem ser poeta “é estar contra tudo”.

O encontro de hoje esteve integrado nas comemorações do centenário do Piolho cuja organização tem sido levada a cabo pela Escola Artística Profissional Árvore e pelos responsáveis Raúl Simões Pinto e Sílvia Silva.

Tuesday, September 8, 2009

JOAQUIM CASTRO CALDAS


Ontem o "Pinguim" foi palco de memórias, estórias, poesias em torno do Joaquim Castro Caldas. Foi uma noite mágica. Estiveram lá o João Rios, o Isaque, o Sardinha, a Graça, o Zé Pacheco, o Francisco, o Spranger e outros. O Joaquim não era um gajo qualquer. O Joaquim dizia poesia como quase ninguém, tinha uma escrita genuína. O Joaquim irradiava qualquer coisa que os outros, a grande maioria dos outros, não consegue irradiar. O Joaquim é uma estrela. Uma estrela na verdadeira acepção da palavra. Não uma dessas estrelinhas que andam por aí ao sabor da moda e das revistas cor-de-rosa. O Joaquim é uma estrela. Ainda não teve o reconhecimento que merece. Mas, duma coisa estamos certos, viveu a vida que quis, viveu à sua maneira. Poucos se podem orgulhar dessa merda.

Sunday, September 6, 2009

BEBER, SIMPLESMENTE BEBER


BEBER, SIMPLESMENTE BEBER

Beber
Simplesmente beber
Sem metas
Sem objectivos
De vez em quando
Alguns vêm ter comigo
Falam
Contam a vida
E eu aqui
Agarrado aos livros

Beber
Simplesmente beber
Ouvir as proclamações à nação
Do Do Vale
As gajas que passam
De umbigo à mostra

Beber
Simplesmente beber
Deixar a cerveja correr
Tal como a vida
Olhar as capas das revistas
No quiosque
As gajas boas

Beber
Simplesmente beber
Ir ao fundo
Renascer
Andar à solta
Livre
Sem preconceitos
Como na Idade do Ouro
Como tu gostas.



“Piolho”, 31.8.2009
Personagens de outrora
Atravessam o “Piolho”
O homem bebe, escreve
Permanece na sua
Não espera ninguém
Nem sequer a dama.

Friday, September 4, 2009


Cá estou eu, de novo, no "Piolho"
a tarde está agradável
é Agosto
e eu ainda não fui para Braga
o "Piolho" faz as vezes da "Brasileira"
há gajas que me provocam pela net
e outras que se insinuam à minha frente
há poemas que ficam por acabar
outros que se perdem para sempre.

O POEMA-TROMBETA

Uns fazem ginástica
outros correm na rua
eu limito-me a experimentar
a melhor forma de continuar o poema

e o poema vem
beija-me as faces
entrega-se na relva

o poema-mulher
o poema-fêmea

já nem sequer é meu
é do mundo
anda por aí
de boca em boca

talvez mude o homem
talvez o torne poeta

o poema-explosão
o poema-trombeta

o poema-rebelião
o poema que não quer mais
esta treta.