Friday, October 15, 2010

SPABILABOS

O projecto "Spabilados – Teatro Hedonista" nasce das necessidades de renascimento. Morre duas vezes e nasce três. Pois muta, permuta, e elabora-se na metamorfose da densidade e energia. A permanência produz-se nas vísceras termodinâmicas. Comove-se. Posteriormente locomove-se.

É uma serpenteação no visionarismo da expressividade desagrilhoada. Logo, prometeica. Acesa às ignições provenientes das águas primordiais. No caos homérico. Um devir para vontades esclarecidas.

Faz e desfaz enquadramentos cénicos do indivíduo enquanto ele próprio. Cosmopolita na relação com o cosmos. Sapiências de Demócrito, "a pátria de uma alma boa é o mundo inteiro". Reconstrução de si. Escultura plural das simbioses dos pequenos universos. Sinestesia.

Insinua prazeres que se revestem de si mesmos. Fins neles próprios. Andar sem andas. Codificações à artificação no engrandecimento. Quando uma coisa é maior que si mesma. Ciclos não circulares. Espiralizações. Um terceiro eixo.

Assim se conduz pela grelha filosófica, logo universalizável. Hedonista. A potência de existir pela desreligiosidade. Pela despolitização. Os encontros conscienciais com a consciência, o eterno reencontro. Com amores em visitas. Destrezas canhotas. Ou a hexabicicleta de duas rodas de Jarry. E ultrapassar comboios.

Despir os invólucros. Pornologia, ou as artes de pôr a nú. Com posterior invólucro criado numa liberdade irredutível. Ou a reformulação da descoberta. Navegações argonáuticas em rumo. Sem evangelizações. Sem locais físicos externos de chegada. Discursos interiores. Pois parte e chega do corpo. No corpo, como cena de teatralidade do pensamento. Acção e comunicação. Reacção à estupidificação.

Desmaterialização do real e reconstrução onírica. Planos internos visíveis. Do esotérico ao exotérico. Sem plumas. Mas com asas. Anti-platonismo com deambulação da diogénica lanterna. Um Homem com penas não é uma galinha. Nem o contrário. Demónios artaudianos à superfície. Arte arquitectada à conceptualização dionisíaca.

"Pois eu já fui rapaz e fui donzela, fui planta, e ave, e um peixe mudo que sai das ondas." de Purificações, Empódecles de Agrigento

por bruno miguel resende

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