Dois intelectuais ateus britânicos querem que o Papa Bento XVI seja detido por "crimes contra a humanidade", quando visitar o Reino Unido, na sequência de acusações de que o chefe da Igreja Católica teria encoberto padres pedófilos.
O chefe da Igreja Católica é acusado de ter protegido padres pedófilos (Tony Gentile/Reuters)
O cientista Richard Dawkins e o autor anglo-americano Christopher Hitchens tencionam recorrer, para isso, à justiça britânica e ao Tribunal Penal Internacional (TPI), de Haia, disse o seu advogado, citado pelo diário "Guardian".
A Justiça britânica pode emitir mandados de captura contra estrangeiros em visita ao Reino Unido. Em Dezembro passado, a ex-ministra israelita dos Negócios Estrangeiros israelita Tzipi Livni anulou uma viagem a Londres após a emissão de um mandado, na sequência de queixa de uma associação pro-palestiniana. Após caso, o Reino Unido prometeu reflectir "com urgência" sobre a sua legislação. Em 1998, o antigo ditador chileno Augusto Pinochet foi preso no Reino Unido na sequência de um pedido da Justiça espanhola.
Ouvido pela AFP, Dapo Akande, especialista em Direito Internacional da Universidade de Oxford, considera, no entanto, que a intenção de deter Bento XVI não tem "qualquer hipótese" de êxito, uma vez que o Papa beneficia de imunidade "enquanto chefe de Estado" reconhecido internacionalmente. O académico recorda que uma tentativa semelhante fracassou há cerca de dois anos nos Estados Unidos.
Opinião diferente é a do advogado dos dois intelectuais, Mark Stephens, segundo o qual a imunidade não se aplica neste caso porque o Vaticano "não é um Estado", uma vez que não cumpre certos critérios, como a existência de uma população.
O Papa "não está acima da lei", disse Christopher Hitchens, citado pela imprensa britânica. "A dissimulação institucionalizada de violação de crianças é um crime em todas as legislações."
Bento XVI tem sido acusado de encobrir padres pedófilos num período anterior à sua escolha para líder da Igreja.
Richard Dawkins e Christopher Hitchens são considerados figuras de proa do "novo ateísmo", que preconiza uma atitude mais crítica da religião.
Quanto a uma eventual queixa no TPI, Adam Roberts, professor de Relações Internacionais de Oxford, considera-a "difícil de imaginar". "Seriam necessárias provas sólidas de que os actos incriminatórios fazem parte de um ataque sistemático e alargado contra uma população civil. É difícil imaginar que o TPI considere os abusos sexuais de padres católicos como esse género de crimes."
Monday, April 12, 2010
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