Tuesday, December 23, 2008

PARTILHA


De há uns tempos para cá
há uns gajos que vêm ter comigo
que me elogiam
que me oferecem coisas
às vezes um gajo sente-se tão só
tão encerrado nas suas ideias
tão absorto na sua criação
que não se apercebe que vai
espalhando obra pelos tascos
que os seus escritos e ditos
vão deixando rasto
vão percorrendo o seu caminho
rumo à posteridade
e há aqueles gestos límpidos
fraternos integrais
essa partilha sincera
que está muito para lá
da compra e venda.
Estou no café
e a palavra não sai
eu bem puxo pela tola
mas a palavra não sai
poderia falar dos distribuidores de tabaco
que preenchem a paisagem
poderia falar do cliente
que bebe cerveja ao balcão
poderia falar do decote da jornalista
na televisão
poderia falar de uma série de coisas
mas não falo
sou apenas o gajo que escreve
e se eclipsa.

NÃO HÁ GAJAS PARA O POETA


Estou no "Piolho"
e o canto das estudantes incomoda-me
a televisão, para não variar,
transmite futebol
e as estudantes, felizmente,
vão embora
finalmente algum sossego
para o criador criar
uma gaja ficou de vir ter comigo
mas eu atrasei-me
e, se calhar, foi embora
continuo sem sorte nos encontros
peço um fino ao empregado
não há gajas para o poeta
mandaste as estudantes embora
talvez alguma te quisesse
se aguentasses ouvi-la cantar
entretanto chega o gajo chato do costume
a foder-me a prosa.

Monday, December 22, 2008

BEBO E ESCREVO


Estou no bar, bebo e escrevo. Há anos que a situação se repete. Mas não tenho escrito nos bares. As gajas da mesa da frente falam. O bar começa a noite. Pelo menos aqui não tenho de aturar os chatos do costume. Escrevo. Ponto final. EScrevo sem objectivos. Sem pensar em livros nem em noites no Púcaros. Escrevo. A caneta vai avançando. Há malta que entra. As gajas da frente saem. Deixam as chávenas vazias. Sou o gajo só que escreve. A diferença é que já deixei obra. Apetece-me uma gaja. Uma gaja que venha sem eu a conhecer de lado nenhum. Uma gaja doida, passada que venha beber uns copos comigo. Que se esteja a cagar para o facto de eu não ter dinheiro nem trabalho. Que me venha amar ao inferno. QUe venha entre copos e noitadas. Que venha venha ao sabor da música. Que venha dentro da cerveja. Que venha até ao fim. Que venha absolutamente divina. Que venha na passerelle. Que venha no "Deslize". Que venha a deslizar. Que venha para ficar. Sou o poeta que escreve e tem horas para o metro. Sou o poeta que escreve e que tem dúvidas se vai ficar. Sou o poeta que se mete na retrete. Sou o poeta que saúda o Jesualdo. Sou o poeta à frente do cassetete. Sou o poeta Tebaldo. A minha escrita está doente. A minha escrita monta o cavalo e a Maria. A minha escrita vem-se na sacristia. Sou o bêbado que berra e canta na rua. Sou o ser que incomoda o vizinho. Sou o gajo que sobe ao palco e diz blasfémias. Sou o gajo que come a Ifigénia. Sou o mestre que queres conhecer. SOu o gajo que vai desaparecer. Sou a rebeldia que se mistura com os jovens. Sou o vampiro que te chupa o sangue. Sou o gajo que transforma a rotina num acontecimento. Sou o animal que destrói o teu casamento. Sou o monstro que vagueia pela cidade. Sou a tua identidade. Sou o gajo que está ao balcão. Sou o teu irmão. Sou o gajo que olha para as gajas. Sou o gajo que saca a canção.

Sunday, December 21, 2008


Teoricamente 5000 pessoas podem ler os meus escritos. A revista "Um Café" publicou o meu texto "Poetas de Café" e traz uma prosa com referências ao meu livro "Saloon" e às minhas idas ao "Púcaros". Já era suficiente para me sentir nas nuvens. Só que as gajas não aparecem. As gajas não aparecem e eu estou só no "Piolho" a escrever numa sexta á noite. O argumento para o hipotético filme rola. A cerveja também.

Sunday, December 14, 2008

ROTINA NA MOTINA


Chego triunfal à "Motina"
o bêbado adormece diante do copo
o fadista passeia de boné na cabeça
dá umas voltas
cumprimenta o psicólogo
as mulheres falam dão à língua
são máquinas de falar
nunca mais páram
a rádio passa Bruce Springsteen
"Glory Days"
ouvia isso aos 16 anos
quando era um jovem promissor
bom aluno boas notas
depois percebi que tudo
se resumia a notas e moedas
e cartões multibanco e contas bancárias
depois percebi que quase nada fazia sentido
antes andar bêbado
e adormecer diante do copo
é claro que há sempre as empregadas
a chamar-nos a atenção
mas não deixamos de estar na nossa
quase imunes ao capitalismo
desde que tenhamos uns trocos
para os copos
às vezes há umas gajas que falam connosco
que vêm ter connosco no fim da representação
que pensam que nós somos mais que os outros
só porque dizemos umas coisas
que os outros não dizem
e essas gajas fazem-nos acreditar
que existe qualquer coisa
como quando as crianças olham para nós
e há qualquer coisa de mágico na coisa
isto não é apenas um gajo a escrever
isto não são apenas os croissants a chegar
isto não é apenas o trabalhinho
isto não é sequer o dinheirinho
isto não são apenas as velhas a marchar
para fora da confeitaria
isto não é apenas o pequeno-burguês a mastigar
isto não é apenas a bandeira nacional
espetada na parede
há qualquer coisa!
Não sei se é Deus ou se são os deuses
não sei se é a energia como diz o Henrique
talvez seja o Espírito
o deus em nós de que fala Henry Miller

E pronto! Vem um gajo para a confeitaria
estudar alemão
e saem-nos deuses e espíritos
vem um gajo cantar a rotina
e o bêbado que adormece
diante do copo
e sai-nos a alma
a essência
a explicação de tudo isto

E pronto! Chega uma gaja boa
e lá se vai a essência
ou será sinal que ela vem de vez?


Vilar do Pinheiro, "Motina", 14.12.2008

NIETZSCHE, "A GAIA CIÊNCIA"

Que interesse tem um livro que nem sequer nos transporta para lá de todos os livros?

Deves tornar-te no homem que és.

Eu não quero um dia ser outra coisa senão um daqueles seres que dizem sim à vida.

NA MODA


Na moda. Já viste tu? Na moda. O teu blog concorrido. Os teus poemas discutidos na net. Começas a ter alguma responsabilidade, meu caro. Vocês são sociais-democratas, é natural que defendam posições sociais-democratas, é isso que digo aos meus amigos sociais-democratas. O PC e o Bloco têm muito de sociais-democratas. Nós não. Nós somos anti-capitalistas. Nós abominamos o capitalismo, nós entendemos que o capitalismo é o que dizia do cristianismo e de Deus: o capitalismo para nós é a morte. O capitalismo castra, mata as pulsões vitais, a alegria de viver, o prazer, o capitalismo só nos permite viver de quando em quando precariamente, o capitalismo faz a apologia do sacrifício e do trabalho, o capitalismo não deixa o homem ser Homem. O capitalismo, não apenas o capitalismo selvagem. O capitalismo, o mercado na sua essência. Nem os próprios capitalistas são felizes, vivem no medo de ser derrubados.

Saturday, December 13, 2008

LEITE ESTRAGADO


Nos comentários na net há quem diga que eu sou um poeta alucinado. É claro que essas pessoas só conhecem uma das minhas faces. Também tenho o meu lado atinado, bem educado. É claro que, em alturas como esta, este meu lado me irrita e até me apetece desatar aos berros na confeitaria, chamar o gerente e dizer, à Cesariny, que o leite, o café neste caso, está estragado.

O SANTO GRAAL


[editar] A lenda do Cálice Sagrado


Segundo a lenda, José de Arimatéia teria recolhido no 'Cálice usado na Última Ceia (o Cálice Sagrado), o sangue que jorrou de Cristo quando ele recebeu o golpe de misericórdia, dado pelo soldado romano Longinus, usando uma lança, depois da crucificação.

Em outra versão da lenda, teria sido a própria Maria Madalena, segundo a Bíblia a única mulher além de Maria (a mãe de Jesus) presente na crucificação de Jesus, que teria ficado com a guarda do cálice e o teria levado para a França, onde passou o resto de sua vida.

A lenda tornou-se popular na Europa nos séculos XII e XIII por meio dos romances de Chrétien de Troyes, particularmente através do livro "Le Conte du Graal" publicado por volta de 1190, e que conta a busca de Perceval pelo cálice.

Mais tarde, o poeta francês Robert de Boron publicou Roman de L'Estoire du Graal, escrito entre 1200 e 1210, e que tornou-se a versão mais popular da história, e já tem todos os elementos da lenda como a conhecemos hoje.

Na literatura medieval, a procura do Graal representava a tentativa por parte do cavaleiro de alcançar a perfeição. Em torno dele criou-se um complexo conjunto de histórias relacionadas com o reinado de Artur na Inglaterra, e da busca que os cavaleiros da Távola Redonda fizeram para obtê-lo e devolver a paz ao reino. Nas histórias misturam-se elementos cristãos e pagãos relacionados com a cultura Celta.

A presença do Graal na Inglaterra é justificada por ter sido José de Arimatéia o fundador da Igreja inglesa, para onde foi ao sair da Palestina.

Segundo algumas histórias, o Santo Graal teria ficado sob a tutela da Ordem do Templo, também conhecida como Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, instituição militar-religiosa criada para defender as conquistas nas Cruzadas e os peregrinos na Terra Santa. Alguns associam aos templários a irmandade que Wolfram cita em "Parzifal".

Segundo uma das versões da lenda, os Templários teriam levado o cálice para a aldeia francesa de Rennes-Le-Château. Em outra versão, o cálice teria sido levado de Constantinopla para Troyes, na França, onde ele desapareceu durante a Revolução francesa.

Em um país de maioria católica como o Brasil, a figura do Graal é tida, comumente, como a da taça que serviu Jesus durante a Última Ceia e na qual José de Arimatéia teria recolhido o sangue do Salvador crucificado proveniente da ferida no flanco provocada pela lança do centurião romano Longino ("Ao chegarem a Jesus, vendo-O já morto, não Lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados perfurou-Lhe o lado com uma lança e logo saiu sangue e água" - João19:33-34).

A Igreja Católica não dá ao cálice mais do que um valor simbólico e acredita que o Graal não passa de literatura medieval, apesar de reconhecer que alguns personagens possam realmente haver existido. É provável que as origens pagãs do cálice tenham causado descontentamento à Igreja. Em "Os mistérios do Rei Artur", Elizabeth Jenkins ressalta que "no mundo do romance, a história era acrescida de vida e de significado emocional, mas a Igreja, apesar do encorajamento que dava às outras histórias de milagres, a esta não deu nenhum apoio, embora esta lenda seja a mais surpreendente do ponto de vista pictórico. Nas representações de José de Arimatéia em vitrais de igrejas, ele aparece segurando não um cálice, mas dois frascos ou galheteiros". Alguns tomam o cálice de ágata que está na igreja de Valência, na Espanha, como aquele que teria servido Cristo mas, aparentemente, a peça data do século XIV.

Independentemente da veneração popular, esta referência é fundamental para o entendimento do simbolismo do Santo Graal já que, como explica a própria Igreja em relação à ferida causada por Longino, "do peito de Cristo adormecido na cruz, sai a água viva do batismo e o sangue vivo da Eucaristia; deste modo, Ele é o cordeiro Pascal imolado".


[editar] Origem
A etimologia do Santo Graal tem inúmeras procedências, dentre as quais compara-se a San Graal com SanG Real em referência ao imaculado sangue de Cristo coletado em um gradalis - cálice em Latim. Com o brilho resplandecente das pedras sobrenaturais, o Graal, na literatura, às vezes aparece nas mãos de um anjo, às vezes aparece sozinho, movimentando-se por conta própria; porém a experiência de vê-lo só poderia ser conseguida por cavaleiros que se mantivessem castos.

Transportado para a história do Rei Arthur, onde nasce o mito da taça sagrada, encontramos o rei agonizante vendo o declínio do seu reino. Em uma visão, Arthur acredita que só o Graal pode curá-lo e tirar a Bretanha das trevas. Manda então seus cavaleiros em busca do cálice, fato que geraria todas as histórias em torno da Busca do Graal. É interessante notar que a água é uma constante na história de Arthur. É na água que a vida começa, tanto a física como a espiritual. Arthur teria sido concebido ao som das marés, em Tintagel, que fica sob o castelo do Duque da Cornualha; tirou a Bretanha das mãos bárbaras em doze batalhas, cinco das quais às margens de um rio; entregou sua espada, Excalibur, ao espírito das águas e, ao final de sua saga, foi carregado pelas águas para nunca mais morrer. Certo de que sua hora havia chegado, Arthur pede a Bedivere que o leve à praia, onde três fadas (elemento ar) o aguardam em uma barca. "Consola-te e faz quanto possas porque em mim já não existe confiança para confiar. Devo ir ao vale de Avalon para curar a minha grave ferida", diz o rei.

Avalon é a mítica ilha das macieiras onde vivem os heróis e deuses celtas e onde teria sido forjada a primeira espada de Arthur - Caliburnius. Na Cornualha, o nome Avalon - que em galês refere-se à maçã - é relacionado com a festa das maçãs, celebrada durante o equinócio de outono. Acreditam alguns que Avalon é Glastonbury, onde tanto Arthur quanto Guinevere teriam sido enterrados. A abadia de Glastonbury, onde repousaria o casal, é tida também como o lugar de conservação do Graal.


[editar] O mito

Os cavaleiros Galahad, Bors (o filho), e Percival acham o GraalA primeira referência literária ao Graal é "O Conto do Graal", do francês Chrétien de Troyes, em 1190. Todo o mito - e uma série interminável de canções, livros e filmes - sobre o rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda tiveram seu início ali.

Tratava-se de um poema inacabado de 9 mil versos que relata a busca do Graal, da qual Arthur nunca participou diretamente, e que acaba suspensa. Um mito por si só, "O Conto do Graal" é uma obra de ficção baseada em personagens e histórias reais que serve para fortalecer o espírito nacionalista do Reino Unido, unindo a figura de um governante invencível a um símbolo cristão. Mas por que o cálice teria sido levado para a Inglaterra? Do ponto de vista literário, já foi explicado.

Porém há outras histórias muito mais interessantes - e ousadas - para explicar isto. Diz-se que durante sua permanência na Cornualha, Jesus havia recebido em dádiva um cálice de um druida convertido ao cristianismo (isto entendido como "o que era pregado por Cristo"), e por aquele objeto Jesus tinha um carinho especial. Após a crucificação, José de Arimatéia quis levá-lo, santificado pelo sangue de Cristo, ao seu antigo dono, o druida, que era Merlin, traço de união entre a religião celta e a cristã. É na obra de Robert de Boron, José de Arimatéia, que o mito retrocede no templo até chegar a Cristo e à última Ceia. José de Arimatéia (veja box ao final deste artigo) era um judeu muito rico, membro do supremo tribunal hebreu - o Sinédrio. É ele que, como visto nos evangelhos, pede a Pilatos o corpo de Jesus para ser colocado em um sepulcro em suas terras.

Boron conta que certa noite José é ferido na coxa por uma lança (perceba também, sempre presente, as referências às lanças e espadas, símbolos do fogo, tanto nas histórias de Jesus como de Arthur). Em outra versão, a ferida é nos genitais e a razão seria a quebra do voto de castidade. Este fato está totalmente relacionado à traição de Lancelot que seduz Guinevere, esposa de Arthur. Após a batalha entre os dois, a espada de Arthur, Caliburnius, é quebrada - pois é usada para fins mesquinhos - e jogada em um lago onde é recolhida pela Dama do Lago antes que afunde.

Depois lhe é oferecida outra espada, esta sim, Excalibur. Somente uma única vez Boron chama a taça de Graal. Em um inciso, ele deduz que o artefato já tinha uma história e um nome antes de ser usado por Jesus: "eu não ouso contar, nem referir, nem poderia fazê-lo (...) as coisas ditas e feitas pelos grandes sábios. Naquele tempo foram escritas as razões secretas pelas quais o Graal foi designado por este nome".

José de Arimatéia foi, portanto, o primeiro custódio do Graal. O segundo teria sido seu genro, Bron. Algumas seitas sustentam que o ciclo do Graal não estará fechado enquanto não aparecer o terceiro custódio. Esta resposta parece vir com "A Demanda do Graal", de autor desconhecido, que coloca Galahad como único entre os cavaleiros merecedor de se tornar guardião do Graal.


[editar] Outras formas do Graal

[editar] O Graal-pedra
Toda a história é mudada quando contada pelo alemão Wolfram von Eschenbach, quase ao mesmo que Boron. Em "Parzifal", Eschenbach coloca na mão dos Templários a guarda do Graal que não é uma taça, mas sim uma pedra: Sobre uma verde esmeralda. Ela trazia o desejo do Paraíso: era objeto que se chamava o Graal! Para Eschenbach, o Graal era realmente uma pedra preciosa, pedra de luz trazida do céu pelos anjos. Ele imprime ao nome do Graal uma estreita dependência com as força cósmicas. A pedra é chamada Exillis ou Lapis exillis, Lapis ex coelis, que significa "pedra caída do céu".

É a referência à esmeralda na testa de Lúcifer, que representava seu Terceiro Olho. Quando Lúcifer, o anjo de Luz, se rebelou e desceu aos mundos inferiores, a esmeralda partiu-se pois sua visão passou a ser prejudicada. Uma dos três pedaço ficou em sua testa, dando-lhe a visão deformada que foi a única coisa que lhe restou. Outro pedaço caiu ou foi trazido à Terra pelos anjos que permaneceram neutros durante a rebelião. Mais tarde, o Santo Graal teria sido escavado neste pedaço. Compare o Graal-pedra de Eschenbach com a não menos mítica Pedra Filosofal que transformava metais comuns em ouro, homens em reis, iniciados em adeptos; matéria e transmutação, seres humanos e sua transformação. O alemão têm como modelo de fiéis depositários do cálice sagrado os Cavaleiros Templários.

Seria Wolfran von Eschenbach um Templário? Era a época em que Felipe de Plessiez estava à frente da ordem quase centenária. O próprio fato de ser a pedra uma esmeralda se relaciona com a cavalaria. Os cavaleiros em demanda usavam sobre sua armadura a cor verde, sinônimo de vitalidade e esperança. Malcom Godwin, escritor rosacruz, refere-se a Parzifal da seguinte maneira: "Muitos comentadores argumentaram que a história de Parzifal contém, de modo oculto, uma descrição astrológica e alquímica sobre como um indivíduo é transformado de corpo grosseiro em formas mais e mais elevadas".

Nesta obra que é um retrato da Idade Média - feito por quem sabia muito bem sobre o que estava falando - reconhece-se uma verdadeira ordem de cavalaria feminina, na qual se vê Esclarmunda, a virgem guerreira cátara, trazendo o Santo Graal, precedida de 25 segurando tochas, facas de prata e uma mesa talhada em uma esmeralda. Na descrição do autor da cena de Parzifal no castelo do rei-pescador (que, assim como Jesus, saciara a fome de muitas pessoas multiplicando um só peixe) lemos: "Em seguida apareceram duas brancas virgens, a condessa de Tenabroc e uma companheira, trazendo dois candelabros de ouro; depois uma duquesa e uma companheira, trazendo dois pedestais de marfim; essas quatro primeiras usavam vestidos de escarlate castanho; vieram então quatro damas vestidas de veludo verde, trazendo grandes tochas, em seguida outras quatro vestidas de verde (...). "Em seguida vieram as duas princesas precedidas por quatro inocentes donzelas; traziam duas facas de prata sobre uma toalha. Enfim apareceram seis senhoritas, trazendo seis copos diáfanos cheios de bálsamo que produzia uma bela chama, precedendo a Rainha Despontar de Alegria; esta usava um diadema, e trazia sobre uma almofada de achmardi verde (uma esmeralda) o Graal, ‘superior a qualquer ideal terrestre’".

As histórias que fazem parte do chamado "ciclo do Graal" foram redigidas de 1180 até 1230 o que nos inclina a relacioná-las com a repressão sangrenta da heresia cátara. Conta-se que durante o assalto das tropas do rei Filipe II de França à fortaleza de Montsegur, apareceu no alto da muralha uma figura coberta por uma armadura branca que fez os soldados recuarem, temendo ser um guardião do Graal. Alguns historiadores admitem que, prevendo a derrota, os cátaros emparedaram o Graal em algum dos muros dos numerosos subterrâneos de Montsegur e lá ele estaria até hoje.

A "Mesa de Esmeralda" evocada pelas histórias de fundo cátaro relacionam-se de maneira óbvia com outra "mesa": a Tábua de Esmeralda atribuída a Hermes Trimegistos. A partir daí o Graal-pedra cede lugar ao Graal-livro.


[editar] O Graal-livro
O Graal-taça é tido como um episódio místico e o Graal-pedra como a matéria do conhecimento cristalizado em uma substância. Já o Graal-livro é a própria tradição primordial, a mensagem escrita. Em "José de Arimatéia", Robert de Boron diz que "Jesus Cristo ensinou a José de Arimatéia as palavras secretas que ninguém pode contar nem escrever sem ter lido o Grande Livro no qual elas estão consignadas, as palavras que são pronunciadas no momento da consagração do Graal". De fato, em "Le Grand Graal", continuação da obra de Boron por um autor anônimo, o Graal é associado - ou realmente é - um livro escrito por Jesus, o qual a leitura só pode entender - ou iluminar - quem está nas graças de Deus. "As verdades de fé que este contém não podem ser pronunciadas por língua mortal sem que os quatro elementos sejam agitados. Se isso acontecesse realmente, os céus diluviariam, o ar tremeria, a terra afundaria e a água mudaria de cor". O Graal-livro tem um terrível poder.


[editar] Um Graal científico
Em "O Livro da Tradição", no capítulo referente ao Graal, encontramos interessantes referências aos espetaculares fenômenos desencadeados pelas esmeraldas e por outras pedras verdes. Vale a pena reproduzir um trecho que mostra como encarar um assunto de um ponto de vista religioso, místico ou científico, isoladamente é sempre uma maneira pobre de fazer uma leitura. "Uma descoberta muito recente parece confirmar a hipótese de um Graal possuindo uma realidade a um só tempo sobre os planos espiritual e material, servindo o segundo como um suporte para o primeiro. "Segundo fontes precisas e confidenciais das quais não nos é possível indicar a origem, os astronautas americanos da expedição da Apolo XIV teriam descoberto na Lua amostras da pedra verde. "A análise em laboratório revelou estranhas propriedades entre as quais a de provocar, graças a certas emissões de nêutrons, um minicampo antigravitacional. "As mesmas pedras verdes, chamadas ‘pedras de lua’ ou ‘pedras das feiticeiras’, são também encontradas na Escócia (sendo entretanto raras), nas highlands e, segundo a lenda, serviam às feiticeiras para fazer com que elas se deslocassem pelos ares (com que então muitas vezes a realidade supera a ficção!). "As mesmas amostras de rochas verdes estariam engastadas nos alicerces das criptas das catedrais medievais, bem como na abadia do Monte Saint-Michel. A catedral de Colônia desfrutaria dessa particularidade, o que teria feito com que ela se beneficiasse com uma miraculosa proteção por ocasião dos bombardeios terríveis que destruíram a cidade em 1944-45 (o campo de força assim criado teria desviado a trajetória das bombas)".

É lógico que esta explicação física para o Graal não exclui a existência de um Graal espiritual e místico do qual o objeto material seria o reflexo. Ao final, pergunta-se: qual a natureza do Graal? Cálice, pedra ou livro? Sendo o Graal uma realidade nos planos espiritual, material e humano podemos concebê-lo como "um objeto-pedra (esmeralda) em forma de taça servindo como meio de comunicação entre o céu e a terra segundo um processo descrito e explicado por um livro". Somente homens puros (Percival e Galahad são os arquétipos) poderão servir como ponte e tornarem-se detentores do segredo do Graal que abre caminho aos planos superiores da existência. Esta raça pura, filha da "raça solar", é denominada "raça do Arco" - ou do "arco-íris", porque as cores expressas no prisma solar (também chamado lenço de Íris) são a manifestação física dos diferentes poderes que o homem pode despertar através do Graal. Isso possivelmente só será conseguido no final dos tempos, como encontramos no Apocalipse de João (4:2-3): "Logo fui arrebatado em espírito e vi um trono no céu, no qual Alguém estava sentado. O que estava sentado era, na aparência, semelhante à pedra de jaspe e de sardônio; e um arco-íris rodeava o trono, semelhante à esmeralda".

Friday, December 12, 2008

POEMA FONÉTICO DE HUGO BALL


Gadji beri bimba

gadji beri bimba glandridi laula lonni cadori
gadjama gramma berida bimbala glandri galassassa laulitalomini
gadji beri bin blassa glassala laula lonni cadorsu sassala bim
gadjama tuffm i zimzalla binban gligla wowolimai bin beri ban
o katalominai rhinozerossola hopsamen laulitalomini hoooo
gadjama rhinozerossola hopsamen
bluku terullala blaulala loooo

zimzim urullala zimzim urullala zimzim zanzibar zimzalla zam
elifantolim brussala bulomen brussala bulomen tromtata
velo da bang band affalo purzamai affalo purzamai lengado tor
gadjama bimbalo glandridi glassala zingtata pimpalo ögrögöööö
viola laxato viola zimbrabim viola uli paluji malooo

tuffm im zimbrabim negramai bumbalo negramai bumbalo tuffm i zim
gadjama bimbala oo beri gadjama gaga di gadjama affalo pinx
gaga di bumbalo bumbalo gadjamen
gaga di bling blong
gaga blung

Thursday, December 11, 2008

O GRÁFICO E O DO VALE


O Do Vale ri sarcasticamente
das intervenções oportunas do gráfico
que fala com toda a gente
acerca dos garrafões de vinho
que já bebeu na vida
outros gajos falam inglês
e toda a gente se vai entendendo
não há distúrbios como na Grécia
nem gente disposta a pegar fogo ao governo
o que é pena
é que, de um momento para o outro,
isto pode ficar cheio de anarquistas
daqueles que pilham as lojas
e incendeiam carros
o gráfico sorri para mim
e volta a pegar no vinho
e o Do Vale levanta-se
prega ao balcão
conversa com o gráfico
há vida mas não há revolução.

CRIAÇÃO E CASTRAÇÃO


CRIAÇÃO E CASTRAÇÃO

“Por poetas entendo aqui todos os que habitam nas regiões do espírito e da imaginação. É sua missão seduzir-nos, tornar intolerável este limitado mundo que nos aprisiona”, escreveu Henry Miller em “O Tempo dos Assassinos”. Os poetas, os grandes poetas são magos, emissários de um outro mundo, são “caminheiros do céu” que nos falam de coisas que hão-de vir e de coisas há muito passadas.

“O que pertence ao domínio do espírito, do eterno, escapa a toda e qualquer explicação. A linguagem do poeta corre paralelamente à voz interior quando esta se aproxima da infinitude do espírito”, prossegue Miller. Os poetas vêm do Uno Primordial de Nietzsche e de Dionisos, daquela idade áurea perdida em que a vida era, nas palavras de Arthur Rimbaud, “um banquete em que todos os corações se abriam e em que todos os vinhos corriam”. E continua o poeta das “Iluminações”: “Vamos fazer o Natal sobre a Terra…agora, já, estão-me a ouvir? Não queremos esperar por caramelos no céu!”, o que remete para o grito de Jim Morrison : “We Want The World And We WAnt it…Now!” (“When The Music’s Over”).

Criar é uma festa mas pressupõe a descida aos infernos. “Aprendi a minha profissão no inferno”, confessou Léo Ferré. “A estrada que conduz ao Céu passa pelo Inferno”, acrescenta Henry Miller. Mas não há alegria comparável à do criador, do poeta, porque a criação não tem outra finalidade para lá de si própria. E esse poeta é um criador, um xamã, um feiticeiro ébrio que canta, dança e ri, que faz da arte uma festa e que torna absurda a sociedade capitalista e castradora.

Tuesday, December 9, 2008

ENGRAVATADOS

Três engravatados arrastam três gajas bonitas para o café. Estou a ver que é preciso andar engravatado para arrastar gajas bonitas. Nada me move contra os engravatados. Não se deve avaliar as pessoas pela gravata. Simplesmente, não gosto que me imponham regras de conduta.

GUITARRISTA


Guitarrista,
toca a tua ode para mim
dá-me a tua mão no deserto
traz-me mulheres bonitas
no meio do caos futebolístico
fá-las dançar
celebrar os deuses antigos
embriagar-nos de prazer e loucura

Guitarrista,
afasta de mim
o espectro repressivo da razão
dá-me o non-sense, delírios, alucinações
enche a terra de festins loucos
gargalhadas, unicórnios, duendes
veste os mendigos de trajes de gala
enche as taças
faz da vida um banquete permanente.

Na TV passa o Trofense-Braga. Duas terras onde estive. duas terras onde fui feliz e infeliz. Confesso que estou a torcer pelo Braga. Os tempos que lá passei foram mais marcantes. Vim ao "piolho" ter com a A.. Confesso que a A. mexe comigo e entende os meus escritos. Até disse que este último poema- "Nietzsche"- é muito bom. No ecrã o "placard" assinala 0-0. O Eduardo defendeu um penalty e o Braga ataca pela esquerda. As minhas amigas agora pagam-me os finos. Sou, de novo, o escritor underground. A cerveja corre nas veias e dá-me vida. Escrevo longe da D. Rosa. O jogo está renhido. Que importa agora a glória se me sinto sinto bem aqui sozinho? Tenho em muita consideração as opiniões da A.. Vou ficando sem sangue e sem cerveja. 0-0 foi o resultado final. O que importa é que me sinto em cima, depois de dois dias dolorosos. Os treinadores debitam palavras e o alemão agarra-se ao computador. O André já não vem ao "piolho" e o casal ao meu lado namora ao retardador. Acabei a cerveja. O jogo terminou. Já tive a oportunidade de dar à língua, de satisfazer os meus impulsos eróticos por hoje. A Grande Mãe espera por mim.

Saturday, December 6, 2008


Já é crónico. Não me adaptei à vidinha nem faço grande esforço para me adaptar. Emprego, trabalho, mercado, dinheiro- são palavras que pouco me dizem. Vou-me afastando da vidinha á medida que os anos passam. Algumas mulheres, poucos amigos, a criação, a filosofia- eis o que ainda me empurra para a vida. E claro a liberdade, a transgressão- se bem que ultimamente ande pouco pela corda-bamba nietzscheana. Pelo menos não ando no meio do rebanho. Ah! E a música. Alguma música ainda me faz voar.

Thursday, December 4, 2008

Estamos nas mãos de números, de percentagens, de taxas de juro assexuadas que o Banco Central Europeu e os economistas impõem. Ao que desceu a condição humana! Ser controlado por percentagens transcendentes que nada têm de vital. Tudo isto é absurdo. Tudo isto tresanda a morte.
Não sou um número! Não sou uma percentagem! Afastai de mim o mercado! Afastai de mim a peste financeira! Ainda estou vivo. Ainda tenho uma palavra a dizer. Ainda sou um ser humano.

CRIADOR


É a criatividade, a arte que nos faz vizinhos dos deuses. É o gozo de criar que nos eleva, que nos empurra para a vida. O Super-Homem de Nietzsche é o homem que cria. É o homem que dança, que enfrenta os perigos no palco.

O HOMEM LIVRE É AQUELE QUE NÃO FAZ CONTAS

DIVINOS


Á falta de melhor fornicamos a sabedoria. O que é que nos faz correr para o café para continuarmos a nossa tese? O que é que nos faz correr para Nietzsche, para Platão, senão o amor pela sabedoria? É isso! É isso que o vosso dinheiro não paga! É isso que nenhum dinheiro paga. É com a sabedoria que nos sentimos mais fortes, mais soltos, mais livres. E então se juntarmos o amor à sabedoria...tornamo-nos divinos. Criadores divinos.

Monday, December 1, 2008


Olho para a Catarina Furtado na televisão e apetece comê-la. Os gajos dos concursos guerreiam-se por uns trocos. Tudo por uns trocos, muitos ou poucos. A gaja diz que o gajo é muito rápido. Há que saber matar com as palavras. E não me sai mais nada. Não consigo ser diferente por estar na Suíça.