Tuesday, March 31, 2009

DAS COUVES


O computador deu o berro. Não posso postar, a não ser fora de casa. A empregada do Pátio atrai-me. Não o posso negar. A Cláudia que me perdoe. Vou pedir outro café. Logo convidaram-me para dizer um poema aqui na Biblioteca de Vila do Conde. Escolhi o "Whisky". Há gajos que se eternizaram aqui no Pátio. Parece que estão sentados nas mesmas cadeiras há 20 anos. Parece que tem a mesma conversa imbecil há 20 anos. Alguns até me chegaram a cumprimentar mas deixaram de o fazer. O Henrique está com o telemóvel desligado. Por onde andará o artista? A gaja tem uns cabelos negros, selvagens. Relincha. Não sei ganhar dinheiro. Dizem que poderia fazer umas performances. Tenho de acreditar nisso. Não sei ganhar dinheiro. Não sei lidar com o dinheiro. Eis a grande verdade. Nietzsche fala em duas castas: a dos que trabalham e a dos que não trabalham. Eu pertenço claramente à segunda. É claro que me mantenho activo. VOu escrevendo estas merdas. Vou dizendo poemas aqui e ali. Vou performeando. Mas o que eu queria realmente escrever eram uns aforismos à Nietzsche. Faço-o a espaços. TEnho de sistematizar. O Ramalho continua a escrever coisas geniais. Mas pouca gente o reconhece. Nunca mais vi a gaja que fala muito. Também não tenho ido ao Pinguim. O outro amigo foi parar ao "Porto Canal". O Rocha nunca mais me falou. Mas a vida lá vai rolando. EStá o Pátio sem o Ramiro. Está o rádio sem o Casimiro. EStá o livro com as páginas trocadas. Está a gaja a distribuir cafés. EStá o café a distribuir gajas. Falta aqui o Henrique. E o gajo que deixou de me cumprimentar. E o Reinaldo que se faz às gajas todas. E as gajas todas que mandam passear o Reinaldo. E o Ramiro que chega ao Pátio. E o Pátio que não vive sem o Ramiro. e o mundo que roda. E o gajo da cabeleira. E a gaja de preto ao balcão. E o Licor Beirão. E a Gotucha que vem na terça. E o puto que carrega as cenouras. E as cenouras atrás do puto. E a Gotucha que reza o terço. E o bebé no berço. E eu que não adormeço. Ainda não bebi gota de àlcool. A caneta desliza. O "Deslize" fechou. Em contrapartida, reabriu a "Brasileira". Já me posso lá sentar e reinar. Vou estar, de novo, em Braga. E vem o Ramiro com as couves. E vem as couves atreladas ao Ramiro.

1 comment:

Claudia Sousa Dias said...

e que grande confusão...

também, depende do ponto de vista...


csd