Sunday, March 15, 2009

EU, SOZINHO, PELA NOITE


Eu, sozinho, pela noite
e as tuas ancas, o teu cu
a gingar
eu, sozinho, pela noite
há tanto tempo que não estava assim
há tanto tempo que não dançava
sou o homem que bebe e naufraga
sou o homem que rasgas as notas em público
sou aquele que detesta o discurso
dos publicitários e dos merceeiros
sou o homem que bebe e não rebenta
e vai noite fora
mesmo sem conhecer ninguém agora
chamo pelo amigo que traz a cerveja
mais, menos, que me importa
o que importa é que tu andas
e que o teu cu me provoca
até já mostras as cuecas em público
sou o homem que bebe
e faz a alegria dos empregados
sou o homem que bebe
e está para lá das tuas conversas
sou o homem que enfrasca
e já saiu da fase depressiva
sou o homem que bebe cerveja
e se está a cagar para o mundo
não me venhas com o discurso da razão
estou farto da razão
quero alucinações todos os dias
sou o gajo que vai ao fundo
não quero saber do vosso apego ao dinheiro
do discurso do marketing e da publicidade
o dinheiro é um absurdo
é trocar pedaços de papel por outras coisas
o dinheiro é o deus que está em todo o lado
e a mim só me apetece rebentar
chegar à mesa redonda e vomitar
não deixar sem resposta os gajos
que me contradizem
eu, sozinho, pela noite
que perda de tempo escrever
ou talvez não
o que importa é a veia
a veia que fantasia
a veia que principia
sou um rei
uma espécie de rei
que vai a baixo
e vai a cima
que fica no fim da avenida
e te abraça
sou um poeta
um poeta sincero
que arde no canto
um poeta sincero
que quer ficar noite fora
para lá dos preconceitos
para lá do sensato
nas mãos do absurdo
as gajas entram

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