Friday, October 9, 2009

Saúde Mental

Todos os anos 15 por cento dos portugueses desenvolvem uma doença psiquiátrica
09.10.2009 - 11h49 Lusa
Todos os anos, 15 por cento dos portugueses desenvolvem uma doença mental. Muitos deles têm de ser tratados nos centros de saúde por falta de capacidade de resposta dos serviços especializados, segundo o coordenador nacional para a saúde mental.


“Há um número tão grande de pessoas com estas perturbações que é impossível os serviços especializados assegurarem a responsabilidade de todas essas situações”, disse Caldas de Almeida em entrevista à Lusa, a propósito do Dia Mundial da Saúde Mental, que se assinala sábado.

Por outro lado, adiantou, há pessoas que têm um acesso mais fácil aos cuidados de saúde primários ou que, que pelas características específicas daqueles serviços, encontram respostas que “são até melhores do que a nível dos serviços especializados”.

Este ano, o Dia Mundial da Saúde Mental é subordinado ao tema “Saúde mental nos cuidados primários: Melhoria do tratamento e promoção da saúde mental”. “É bom que os cuidados de saúde primários tenham uma intervenção significativa no campo da saúde mental e que haja uma articulação efectiva”, defendeu o coordenador do Programa Nacional da Saúde Mental.

Questionado sobre a prevalência das doenças psiquiátricas na população portuguesa, o responsável adiantou que não existe actualmente qualquer estudo epidemiológico sobre o assunto, situação que estará ultrapassada em breve. Segundo Caldas de Almeida, foi iniciado um estudo que dará resultados “dentro de poucos meses”.

“Com os dados que nós temos de estudos mais parcelares e da extrapolação feita a partir de países com características semelhantes, nós sabemos que há seguramente 15 por cento da população portuguesa geral que, em cada ano, tem uma doença mental de qualquer tipo”, sublinhou. A depressão é uma das patologias de maior prevalência em Portugal, mas há outras situações, como os quadros de ansiedade, abusos de álcool, problemas das crianças e adolescentes, entre outras, acrescentou.

Fazendo um balanço da aplicação do Plano Nacional de Saúde Mental, o responsável adiantou que ainda há muito por fazer, mas lembrou que é “um plano até 2016”. “Não estou totalmente satisfeito, porque as carências são muitas, mas acho que no espaço de mais de um ano foram dados passos muito importantes”, sublinhou.

Um dos aspectos mais importantes do plano, segundo o responsável, é “completar a rede de serviços locais de saúde mental com serviços de boa qualidade e com uma capacidade, cada vez maior, de oferecer programas modernos, sobretudo para os doentes mentais graves”. “Já estão aprovados projectos e cativadas verbas para a criação destes serviços locais”, avançou, enumerando alguns serviços que abriram desde o ano passado nos hospitais de Almada, Tomar, Torres Vedras e Caldas da Rainha.

Destacou ainda a importância dos cuidados continuados de saúde mental, com a criação de residências, centros de reabilitação e equipas de intervenção domiciliária. “Foi aprovada no início de Setembro pelo Governo a legislação que regulamenta as condições de funcionamento destas novas estruturas para as quais existe já um plano para ser implementado até 2016”, acrescentou.

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