Tens fé nos futebolistas do reino?
Acreditas no Dinheiro?
Achas possível a revolução?
És adepto da competição?
Achas que a humanidade tem salvação?
Acreditas nos cantores pimba?
Queres tornar-te um homem de negócios?
Militaste na extema esquerda?
Fumaste marijuana?
Acreditaste que eras um deus?
Leste muitos livros?
Acreditas que a salvação está no punk ou no rock n’ roll?
Acreditas nos padres?
Acreditas nos poetas?
Vês televisão?
Fazes teses de doutoramento acerca do fenómeno futebolístico?
Leste Henry Miller?
Acreditas em Deus?
Acreditas na televisão?
Tiveste uma infância feliz?
Alguma vez foste internado?
Eras tímido na adolescência?
Passavas as tardes a ouvir Pink Floyd?
Pensas muito?
Gostas de gajas boas?
TEns depressões longas?
Entras em contradição com as tuas convicções?
Consideras-te pequeno-burguês?
ÉS contra o capitalismo?
Ou já te converteste ao sistema?
Gostaste da escola?
Andaste na faculdade?
Estudavas?
Apaixonas-te facilmente?
Apaixonas-te pelas gajas da televisão?
Anda tudo alienado?
Adaptaste-te à sociedade?
Ias à missa?
Gostas de whisky?
Vais aos sites pornográficos bater punhetas?
Assumes os teus poemas autobiográficos?
ÉS louco?
Algum dia serás famoso?
Tens poder?
Influencias as pessoas?
Gostas de foder?
Tens dinheiro?
Tens trabalho?
Fazes maluquices no palco?
Percebes as pessoas?
Gostas de futebol?
Acreditas na televisão?
Vais às noites de poesia?
Escreves poesia?
Achas-te uma merda?
Achas-te genial?
Tens saudades dos chás da tua avó?
Gostas do Júlio Isidro?
Acreditas nos bêbados?
Acreditas no rock n’ roll?
Vais ao cemitério?
Gostas da terra onde vives?
Queres regressar à infância?
Bebes cerveja?
Apetece-te bombardear tudo?
ÉS uma espécie de rei?
és o messias?
Acreditas em Marx?
Acreditas em Bakunine?
Acreditas no Cavaco?
Tens amigas maradas?
Achas a vida´uma seca?
Tens visões?
Acreditas em Nietzsche?
Acreditas em Artaud?
Acreditas no Pato Donald?
Acreditas no Astérix?
Amas a tua namorada?
Vais candidatar-te ao trono?
és melancólico?
Falas pouco?
As mulheres gostam de ti?
Tens fé nos futebolistas do reino?
Achas bonitas as gajas da televisão?
Queres ter sucesso?
Queres ter dinheiro?
Porque é que tudo gira em torno do dinheiro e do sucesso?
Acreditas no rock n’ roll?
Acreditas em Jesus Cristo?
Acreditas no Ronaldo?
Acreditas na brasileira do café?
Acreditas na “Brasileira”?
Acreditas nas pessoas felizes?
Acreditas nos artistas?
Acreditas no umbigo da gaja da televisão?
Acreditas na revolução?
Acreditas no àlcool?
Acreditas no partido?
Acreditas no Tony Carreira?
Acreditas que estamos vivos?
António Pedro Ribeiro
Sunday, February 28, 2010
Saturday, February 27, 2010
ROCHA
Uma vez mais lembro-me do Rocha. Sempre na vidinha dele o Rocha. Sempre igual a si mesmo, o Rocha. Todos os loucos desaguam à minha mesa mas é do Rocha que me lembro. Deve andar eufórico com a goleada do FCP.
Friday, February 26, 2010
Sunday, February 21, 2010
DISCURSO À NAÇÃO
Discurso de António Pedro Ribeiro, candidato à Presidência da República, poeta, diseur, performer, anarquista a proferir na próxima terça, pelas 22,00h, no Clube Literário do Porto durante a sessão de POESIA DE CHOQUE e na próxima quinta no Art 7 Menor em São João da Madeira pelas 22,30h.
DISCURSO À NAÇÃO
"It's all fucked up!", "Está tudo fodido!", como dizia o Jim Morrison. Nem rei nem rock. O governo na mão de vigaristas, de vendedores da banha da cobra. O homem reduzido ao elementar, aos instintos primários, à mera sobrevivência. Uma terra inóspita de gente deprimida, desesperada. "All the children are insane/waiting for the summer rain". "Todas as crianças atacadas pela loucura/ à espera da chuva de Verão". This is the end. Isto é definitavamente o fim ou talvez o novo começo.
Não me venhas agora dizer que a revolução não está próxima. Não me venhas agora dizer que está tudo morto, que nada há a fazer.
Só a revolução vale a pena. A revolução é a única solução. Afastai de mim o vosso paleio mansinho. Afastai de mim os vossos negócios e a vossa conversa de velhas. Não quero saber de niilismos nem de derrotismos. Não trabalho nem me sacrifico. Só trabalho, só me sacrifico em prol da revolução. E ela está próxima. E ela sorri. Vem ter comigo cada vez mais à medida que te enterras na depressão. Vem ter comigo mais e mais. Vem ter comigo quanto mais me dais este ambiente de pasmaceira. Não há outra saída. Vivemos estes anos todos para chegar aqui. Passamos todos estes infernos para chegar aqui. Somos do mundo. Somos daqui. Estamo-nos a cagar para o além! Queremos o aqui e o agora! Os vindouros que venham a seu tempo. Isto é nosso! Isto é absolutamente nosso! Não há aqui primeiros-ministros, nem Presidentes, nem executivos vigaristas e imbecis. Isto é o Homem, porra! Isto não està à venda nem está cotado na bolsa! Isto és tu, sou eu, é o Homem, porra! Estamos a falar do amor. Estamos a falar da dignidade. Estamos a falar da construção do Homem. Estamos fartos do homem dos bancos, do homem da bolsa, do homem do hipermercado. Tudo isso falhou. Tudo isso está morto. Tudo isso destruiu o homem. Estamos a falar da reconstrução. Estamos a falar do começar de novo. Estamos a falar da criação. Não me venhas com discursos conciliadores nem com porreirismos de pacotilha. Estamos a falar do que vai ser. Estamos a falar do que é.
António Pedro Ribeiro, Vila do conde, pátio, 20.2.2010.
Friday, February 19, 2010
ANTÓNIO FERRA
O call center da minha prima
Prima, a tecla um
para assuntos comerciais de pouca monta,
prima, a tecla dois,
para saber das facturas que lhe debitam desencantos,
prima, a tecla três,
mas, prima, devagar, depois
de medir o que pergunta,
se quer saber se a vida é pr’a pagar
ao fim de cada mês,
na miséria que se junta,
prima, a tecla quatro
em desespero, porque não se sabe
com quem fala,
quem está do outro lado além da voz,
escondida numa sala,
prima, o cansaço pousado
numa mesa de cozinha
sobre copo de tinto a meio,
prima, a tecla cinco, que é minha,
onde vem as instruções
para horas de paleio
e para outros assuntos,
daqueles que causam dor,
prima, a tecla seis,
mas com cuidado
para não ser atendida
por qualquer operador
e veja com quem se mete
o náufrago sem jangada,
que neste mundo anónimo
onde «daqui fala fulana»
prima, a tecla sete
numa cabala montada
Publicada por Inês Ramos em 8:00 AM
Prima, a tecla um
para assuntos comerciais de pouca monta,
prima, a tecla dois,
para saber das facturas que lhe debitam desencantos,
prima, a tecla três,
mas, prima, devagar, depois
de medir o que pergunta,
se quer saber se a vida é pr’a pagar
ao fim de cada mês,
na miséria que se junta,
prima, a tecla quatro
em desespero, porque não se sabe
com quem fala,
quem está do outro lado além da voz,
escondida numa sala,
prima, o cansaço pousado
numa mesa de cozinha
sobre copo de tinto a meio,
prima, a tecla cinco, que é minha,
onde vem as instruções
para horas de paleio
e para outros assuntos,
daqueles que causam dor,
prima, a tecla seis,
mas com cuidado
para não ser atendida
por qualquer operador
e veja com quem se mete
o náufrago sem jangada,
que neste mundo anónimo
onde «daqui fala fulana»
prima, a tecla sete
numa cabala montada
Publicada por Inês Ramos em 8:00 AM
Tuesday, February 16, 2010
Saturday, February 13, 2010
A D. ROSA E A GOTUCHA
A D. Rosa voltou. Tem andado doente a D. Rosa. Tenho uma ternura especial pela D. Rosa. Agora vem cá poucas vezes. A Gotucha também me telefona de vez em quando. Não há outra como a Gotucha.
A MENINA BONITA
DIÁRIO
Estou a perder o pedal. Não há dúvida de que estou a perder o pedal. Hoje nem sequer vou ao Púcaros. Deixo o palco a outros. A semana passada só tive duas intervenções. A Suzana disse os meus poemas novos. Os putos disseram um poema meu do "poeta no Piolho" e vieram ter comigo. A miúda declarou-se minha fã. Não temos motivos para ir abaixo. O bigodes não pára de falar. Acreditamos no Homem. Ainda acreditamos. O pedal vai voltar.
CAIM
Mais um livro. "Caim" de José Saramago. A crueldade de Deus. O Deus do dilúvio, o Deus assassino das crianças de Sodoma. A ironia do Nobel Saramago. Lê-se bem. Grande parte li no metro. Caim e lilith. O deboche.
O POETA NO PIOLHO
Tantas horas passa o poeta no piolho e nada se passa. O homem da frente escreve um poema. Que é feito do gás de quarta-feira? Onde foi parar toda essa energia? Tantas horas passa o poeta no Piolho e nada se passa. Houve gente que se riu a bom rir com o poeta em Setembro passado. Ainda ontem assistimos ao vídeo. Onde está a voz do poeta? Que é feito dessa energia? Será só da falta da cerveja? Será só da falta da menina? O poeta não fala. Perdeu o pio. Está a caminho da depressão.
Wednesday, February 10, 2010
COISAS BRILHANTES
Não estou a escrever coisas brilhantes. Leio o "Caim" de Saramago e não estou a escrever coisas brilhantes. Os carros passam lá fora e eu não escrevo coisas brilhantes. Os casais bebem meias-de-leite e eu não escrevo coisas brilhantes.
Tuesday, February 9, 2010
ESCRITORES MALDITOS NO SHOPPING
Autores malditos em debate no Porto
Literatura
2010-01-29
"A literatura: bênção ou maldição" é o tema do debate que vai reunir amanhã, às 17 horas, no Dolce Vita Porto (piso 2), cinco escritores que fazem da insubmissão e da resistência aos poderes instituídos as linhas-mestras das respectivas obras.
Ao longo de hora e meia, vão estar em análise questões como o contributo da literatura para a consciência crítica de uma nação ou de que forma devem os autores lidar com a crescente interferência do plano económico nas questões literárias.
Humberto Rocha, Raul Simões Pinto, A. Dasilva O., Virgílio Liquito e A. Pedro Ribeiro são os interveniente de um debate no qual está prevista ainda a leitura de escritos de cada um dos autores.
No local, será possível ver uma mostra com exemplares de vários títulos das Edições Mortas, editora emblemática criada e dirigida por A. Dasilva O. que privilegia desde a sua fundação textos fortemente reivindicativos e contestatários.
www.jn.sapo.pt
Literatura
2010-01-29
"A literatura: bênção ou maldição" é o tema do debate que vai reunir amanhã, às 17 horas, no Dolce Vita Porto (piso 2), cinco escritores que fazem da insubmissão e da resistência aos poderes instituídos as linhas-mestras das respectivas obras.
Ao longo de hora e meia, vão estar em análise questões como o contributo da literatura para a consciência crítica de uma nação ou de que forma devem os autores lidar com a crescente interferência do plano económico nas questões literárias.
Humberto Rocha, Raul Simões Pinto, A. Dasilva O., Virgílio Liquito e A. Pedro Ribeiro são os interveniente de um debate no qual está prevista ainda a leitura de escritos de cada um dos autores.
No local, será possível ver uma mostra com exemplares de vários títulos das Edições Mortas, editora emblemática criada e dirigida por A. Dasilva O. que privilegia desde a sua fundação textos fortemente reivindicativos e contestatários.
www.jn.sapo.pt
Sunday, February 7, 2010
HENRY MILLER, "SEXUS"
Saturday, February 6, 2010
Tuesday, February 2, 2010
CHARLES BUKOWSKI
Bukowski
Poema nos meus 43 anos
Terminar sozinho
no tumulo de um quarto
sem cigarro
nem bebida –
careca como uma lâmpada,
barrigudo,
grisalho,
e feliz por ter
um quarto.
... de manhã
eles estão lá fora
ganhando dinheiro:
juízes, carpinteiros,
encanadores, médicos,
jornaleiros, guardas,
barbeiros, lavadores de carros,
dentistas, floristas,
garçonetes, cozinheiras,
motoristas de taxis...
e você se vira
para o lado esquerdo
pra pegar o sol
nas costas
e não
directo nos olhos.
Postado por AZARÃO às 15:32
retirado de http://amarretadoazarao.blogspot.com
Monday, February 1, 2010
DÁ-TE AO POETA
tu que vens de preto
que bebes o bolo e a chávena
que devoras o jornal
e as notícias
vem, querida,
senta-te no meu colo
bebe do meu copo
sê livre
faz a festa
vive
vem,
atravessa os mares
e o gelo
loira
de couro negro
linda
como és
como sabes ser
como te mostras ao mundo
como me fazes escrever
vem
não ligues à conversa
dos sem conversa
lança-te
atira-te
dá-te ao mundo
e ao poeta.
"Motina", 1.2.2010
TÉDIO, ABORRECIMENTO
Tédio, aborrecimento
eis o que me dais!
Desço à cidade, à populaça
e não ouço nada de novo
sempre as mesmas palavras ocas
negócio, mercado, lucro,
trabalho, família
eis as vossas preocupações
eis o que sois
nem uma só palavra
de elevação
até os poetas estão castrados
que pobreza esta!
Onde está o Homem?
Onde está o homem livre
que cria e ri?
Viveis do tédio
viveis da morte
vegetais
não, não sou vosso
sou de graça
sou da Graça
digo o que me apetece
o que me dá na real gana
não me envenenais
com as vossas missas
não me atingis
com as vossas pestes
não sou vosso
não obedeço
não desfaleço
afasto-me da praça
da populaça
sou maldito
acredito
numa outra vida
num outro homem
acredito na liberdade.
GLÓRIA
Ontem estava a contar com a Glória e acabei por sair de mãos a abanar. Foi-se a verbe toda com o Rocha e com as futebolices do Rocha. Deixei passar a minha vez no palco do "Púcaros". Estava aborrecido por causa do rigor, da disciplina, do método da filosofia. No fundo, até acho interessante. Mas confesso que me senti incomodado.
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