Wednesday, January 19, 2011


Não devo mesmo nada a ninguém. Até estou em tribunal por afrontar o poder. Incomodo, como já alguém disse. Sou também um pouco jesuânico, na linha do padre Mário. As mulheres falam de mortes, cremações e cemitérios. Não penso na morte. Talvez o meu funeral venha a estar cheio de gente mas isso de nada me adianta. Passa uma ambulância. O autocarro vai para o hospital. A diferença paa com outros poetas e escritores é que eu vivo aquilo que escrevo. Nas sessões públicas em que tenho participado tenho sido provocatório, tenho mesmo apelado à revolta. Não tenho de me arrepender. É claro que não posso limitar-me a ser panfletário. Diz o outro que tenho de dar-me à comunidade. Já tenho dado muito de mim. Trabalhei de borla no partido, no JUP, no palco, na escrita, em muitos lugares. Não devo nada a ninguém. Apesar da timidez e das tendências depressivas, tenho sido o que quero ser. Sou um homem de pensamento em acção, envolvo-me com o mundo.

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