Friday, February 29, 2008


Tiro o chapéu a este João Pedro George, que meteu mãos a esta tarefa interessante e importantíssima, ainda para mais nos tempos pardacentos que hoje correm. É conhecendo os verdadeiros Poetas que se fizeram Poema que os portugueses podem inspirar-se a criar mais e melhor, a deitar cá para fora tudo o que de bom têm. Vamos lá a queimar essas estatísticas, as ortografias e as cerimónias.

Mas o que de bom há neste João Pedro George é a clareza com que escreve. E com um jeito científico e objectivo que falta a tanta gente douta, indica as suas fontes! Ora, e já Agostinho nos dizia, o que é preciso hoje no mundo é arranjar uma data de geómetras da linguagem para desfazer essas brumas subjectivistas das estátuas universitárias. O que é preciso é analisar ponto por ponto, esquartejar mesmo, com uma precisão cirúrgica, o discurso dos outros e avaliar o que há de verdadeiro e o que há de falso, ultrapassado ou desusado. E não é que o gajo vai mesmo ter com os psiquiatras para explicar o caso?! Não há limitações ou barreiras no caminho que se constrói até ao entendimento completo da psicologia humana. Longe dessas bibliotecas horrorosas e bafientas, ou das cátedras inexpugnáveis, procura-se a verdade. E mais que isto, com a devida vénia, citamos aqui e já um pequeno trecho:

[Sobre o Luiz Pacheco - e tenha-se em atenção que Luiz se escreve com z, captando a rudeza e aspereza que lhe eram tão características, mas também a clareza e franqueza que sempre com as primeiras andavam de mãos dadas]

Não porque quisesse [o Pacheco] ocupar o palco a qualquer preço, mas porque lhe estava no sangue e porque conquistara, há muito, esse direito, essa liberdade de dizer o que lhe dava na gana. Era rude? Era torcido? Era cruel? Talvez. Era inconveniente? Rompia em excessos? Descambava nas indelicadezas? Dava respostas chulas? Melhor! Quando à nossa volta o clima mental é lúgubre e estéril; quando o meio literário em que vegetamos não promove o espírito crítico, antes o comércio escuro e as mútuas mesuras (mas isto é como malhar em ferro frio, quem é que quer saber disso?), abençoado Pacheco! Num ambiente destes, repito, as judiarias e o temperamento belicoso do Luiz tinham um efeito desinfectante. E atirar à cara dos obsoletos literatos locais uns quantos raciocínios sumários, aplicar-lhes algumas dentadas de cobra cascavel, fazendo-lhes sangrar o orgulho, era um dever, mais, era um sinal de civilização.

O Crocodilo Que Voa. Entrevistas a Luiz Pacheco


E vejam lá que, por cima disto tudo, o gajo inda é humilde! Não sabia que ainda havia gente desta em Portugal! E está tudo dito!

Fonte: http://fontedofimdomundo.blogspot.com/2008/02/o-crocodilo-voa.html

1 comment:

Claudia Sousa Dias said...

:-)

viperino...


...como sempre!

Mas a pele da cobra fica-te bem como o caraças...

podes usar os dentes para morder os lobos em pele de cordeiro...


Beijinhosssssss...

...silvantes!

CSD