Friday, August 29, 2008

WHISKY


Bebo e ardo
o whisky trepa
desbrava o caminho
que conduz a mim mesmo

Não há volta a dar-lhe
é a droga
a minha droga
é aqui que quero estar
xamã das montanhas
à cata da tribo

Sinal ancestral
a rainha distingue a linguagem dos sonhos
o rugido do leão protege-a das serpentes

as crianças regressam à floresta

and the lion takes the queen

Bravo companheiro da Escócia
desde 1698
meu Deus
meu Senhor
contigo navego os meandros do espírito
contigo me afasto da poesia menor

Lembras-te dos castelos que conquistámos?
Lembras-te dos reinos que foram nossos?

Quanto mais ardes mais te amo,
dama de espadas
as tuas águas trazem o infinito
e fazem de mim um rei

E agora sabei
que não me apetece descer à realidade
útil mesquinha funcional
sabei que o meu deus me puxa para cima
que me eleva até às portas da percepção
e nunca mais me vai deixar cair
o ouro está aqui
no cálice
na estrada que conduz a mim mesmo
na estrada do excesso
e da sabedoria

Ficai entretidos aí em baixo
com o vosso suor e as vossas lágrimas
com as vossas casas e os vossos carros
com as vossas notas e as vossas guerras
com a vossa insignificância
estou a beber com o meu deus.

Chelo, Cabril, Gerês, 23/24.8.2008