Sunday, January 27, 2008


A poesia pustulenta de Charles Bukowski.
Pedro Vianna · Belém (PA) · 19/2/2007 21:37 · 62 votos · 3 ·
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overponto


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em preparação para a leitura de poesia de hoje a noite, Charles Bukowski está lá fora, vomitando no estacionamento. ele sempre vomita antes das leituras: multidões lhe dão náuseas. e hoje há uma grande multidão. mais de 400 estudantes barulhentos – muitos vindos diretamente do bar mais próximo – espremidos dentro de um auditório anti-séptico. Bukowski sempre atrai uma boa multidão por suas atitudes, bem como por sua poesia. da última vez aqui, ele descolou uma garrafa e secou até o último gole. bêbado demais para ler, ele decidiu entreter os estudantes trocando insultos com eles. o que se transformou num show e tanto.

muitas desses caras hoje no auditório estiveram aqui na última leitura. alguns ficaram desapontadas por sua embriaguês; sentiram-se ofendidos. mas outros ficaram totalmente satisfeitos por entrar em contato com o verdadeiro Bukowski – você sabe, o lendário arruaceiro, o velho pervertido, o bêbado que não dá a mínima e sai por aí procurando porrada. eles viram Bukowski em seu estado natural.

alguns minutos depois Bukowski da uma espiada dos bastidores, tendo terminado seu ritual de aquecimento no estacionamento. pálido e nervoso, ele diz. O.K. vamos acabar logo com isso pra eu pegar meu cheque e cair fora daqui. então ele surge no palco. enquanto o público aplaude, Bukowski pega uma cadeira ao lado de uma pequena mesa no palco. debruçando-se sobre o microfone ele anuncia, eu sou Charles Bukowski, e toma um longo trago da garrafa térmica cheia de vodka com suco de laranja, propondo um brinde a vários estudantes. sorri, meio cínico, meio tímido. eu só trouxe um pouco de vitamina C comigo pra minha saúde...bem, aqui estamos nós, na batalha poética de novo, escute, eu decidi ler todos os poemas sérios primeiro e deixar sair de qualquer jeito então poderemos nos divertir, certo?


a vodka está funcionando; o velho vai levando. Bukowski está em boa forma. ele lê jocosamente as frases bem humoradas, alongando certas sílabas para enfatizá-las com sua voz mortificante, e administrando o rítmo para conseguir as mesmas inflexões que consegue no papel. a despeito de sua professada antipatia por leituras, ele parece estar curtindo, e para fechar sua performance ele surpreende o público lendo um trecho de uma novela inacabada. com um inusitado relato de um encontro com uma gorda, sexualmente faminta de meia idade, ele leva o público à loucura com seu ultrajante exagero. ela pulou sobre mim, e eu me vi embaixo de 160 quilos de algo monstruoso. sua boca estava colada a minha. gotejava cuspe, tinha gosto de cebola e vinho barato, e o esperma de 400 homens. subitamente ela salivou, eu engasguei e empurrei-a... antes que eu pudesse fugir ela já estava novamente em cima. agarrou minhas bolas com as duas mãos. sua boca abriu, sua cabeça baixou, e ela engoliu. ela babou, chupou, sacudiu. e por mais que eu estivesse quase vomitando, meu pau não parava de crescer. então, dando um tremendo puxão nas minhas bolas, quase rasgando meu saco ao meio, ela me forçou a cair no chão. sons asquerosos de sucção ecoavam pelas paredes enquanto meu rádio tocava Mahler. meu saco ficou inchado, vermelho, e coberto de cuspe. se eu gozar, eu pensei, nunca irei me perdoar.

quando ele terminou, a maioria dos estudantes levantou para aplaudi-lo. ele tirou os óculos e deu a multidão um pequeno aceno. agora vamos todos sair daqui e nos embriagar. ele apanhou seus papeis para sair. os aplausos continuavam enquanto ele saía. subitamente ele voltou e foi até o microfone. e por um momento baixou a guarda, e disse. vocês estão cheios de amor rapaziada...

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