Sunday, June 14, 2009

(Tradução) Poetae nascuntur - Que maravilhoso é o homem. Não sabendo nada sobre isso, afirma a existência de uma impossibilidade objectiva. Mesmo há pouco tempo, antes da invenção do telefone e telégrafo, os homens teriam afirmado ser impossível na Europa conversar com a América. Agora é possível. Não podemos produzir poetas, por isso, dizemos que é de nascença. Certamente não podemos fazer de uma criança um poeta forçando-o a estudar modelos literários, do mais antigo ao mais moderno. Nem ninguém nos ouvirá na América não importa quão alto gritemos aqui. Para fazer um poeta de um homem, ele não pode ser desenvolvido por caminhos normais. Talvez se deva mantê-lo afastado de livros. Talvez seja seja necessário executar nele uma operação aparentemente perigosa. Fracturar-lhe o crânio ou atirá-lo da janela do quarto andar. Abstenho-me de recomendar estes métodos como um substituto da pedagogia. Não é esse o ponto. Olhemos os grandes homens e os poetas. Excepto John Stuart Mill e alguns outros pensadores positivistas, que tinham pais experientes e mães virtuosas, nenhum dos grandes homens pode orgulhar-se, ou melhor, queixar-se, de uma educação apropriada. Nas suas vidas, quase sempre um papel decisivo foi desempenhado pelo acaso, acidente que a razão tornaria sem sentido, caso a razão pudesse alguma vez desafiar e levantar a sua voz contra o êxito evidente. Algo como uma crânio partido ou uma queda do quarto andar — não de forma metafórica, mas muitas vezes de forma absolutamente literal, comprovou ser o começo, normalmente escondido mas ocasionalmente admitido, da actividade dos génios. Mas repetimos automaticamente: poetae nascuntur, e convencemo-nos profundamente que esta verdade extraordinária é tão alta ele precisa de nenhuma verificação.

Leon Chestov

retirado de http://borntobewilde.blogspot.com

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