Thursday, November 6, 2008

VIVO


Tenho de escrever. Para criar, para me manter vivo. Antes que a noite venha. Antes que a morte venha. Platão dizia que só nos deveríamos embriagar depois dos 40, só aí dedicaríamos as festas a Dioniso. Pois, cá estou eu nos 40. Já meio fodido do fígado. Esta noite tive um ataque de falta de ar. Quantos anos mais irei durar? Que se foda! O essencial é manter-me vivo. Que se fodam as preocupações! O que interessa é que a coisa flua, que as ideias nasçam. E entra a D. Rosa. A confeitaria não é a mesma sem a D. Rosa. A noite vai caindo lá fora. A Joana não mostra o cu. Entra um engravatado. Nunca atinei com gravatas. Que se lixe, os homens não se medem pelas gravatas. O Rocha, de vez em quando, usa gravata e é meu amigo. O Rocha é, à falta de melhor, a minha musa. Deixei de me entusiasmar pelas bandas. Há para aí tantas bandas que um gajo não se consegue destacar. (Ai, aquele cu ao balcão faz-me sonhar!) Só se fizer aquelas performances inesquecíveis como a de Paredes de Coura. Só se voltar ao palco.