Tuesday, December 28, 2010
SOU ARGUIDO
Há arguidos no processo do blogue povoaonline
Abílio Nova, advogado e antigo atleta do CDP e António Pedro Ribeiro, que assinou artigos num jornal local foram formalmente constituídos arguidos enquanto suspeitos da autoria do blogue que no anonimato escreveram, ao longo dos últimos anos, sobre várias figuras e instituições da cidade.
14:54 Segunda feira, 29 de Novembro de 2010
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Os suspeitos, Abílio Nova e António Pedro Ribeiro foram, este mês, constituídos arguidos com termo de identidade e residência, no seguimento do despacho de 25 de Outubro passado, emitido pelo juiz de instrução criminal Pedro Miguel Vieira, do Tribunal Judicial da Póvoa de Varzim a que este jornal teve acesso.
O blogue povoaonline, que actuou sempre sob anonimato, foi entre os anos de 2005 e 2008, um difusor de informações e textos, no qual eram de forma sarcástica, caricaturados políticos, jornalistas, presidentes de instituições, associações e figuras públicas da sociedade poveira.
Em 2008, e por determinação do tribunal, o blogue foi encerrado após queixa judicial contra o mesmo, por parte do presidente da câmara, Macedo Vieira e do vice-presidente, Aires Pereira. No entanto, o blogue foi substituído por um novo - povoaoffline - que mereceu igual destino por ordem do tribunal.
Na altura, o encerramento do povoaonline conseguiu um enorme destaque na imprensa nacional, sendo referenciado como um contrapoder à autarquia local.
A determinação pelo tribunal da Póvoa, da constituição de arguidos enquanto suspeitos no processo, de Abílio Nova e António Pedro Ribeiro confirmou-se agora, após muitas dúvidas existentes na cidade, de quem actuaria desta forma e na Internet sob o anonimato.
O que foi escrito
Um tribunal ordenou o encerramento do blogue http://povoaonline.blogspot.com . Entretanto os mesmos autores criaram o blogue http://povoaoffline.blogspot.com .
Que poderá fazer a justiça?
Pela primeira vez em Portugal um blogue foi suspenso na sequência de uma decisão de um tribunal. O blogue Póvoa Online era acusado pelo presidente e vice-presidente da Câmara da Póvoa do Varzim, Macedo Vieira e Aires Pereira, de os difamar.
Segundo a edição de hoje do jornal "Público", a Ordem das Varas Cíveis de Lisboa emitida a 13 de Maio determinava que a Google tinha de impedir de imediato o acesso ao blogue, o que só ocorreu na sexta-feira.
A decisão do tribunal foi colocada na Internet no dia seguinte, no novo site Póvoa Offline, por Tony Vieira, pseudónimo do autor ou autores do blogue.
O Póvoa Online, que existia desde 2005, considerava que "Actualmente (a Póvoa de Varzim) apenas oferece lixo, areia da praia contaminada e um mar poluído, tudo supervisionado por autarcas agarrados ao poder e sustentados por uma teia de corrupção que corrói toda a gestão municipal. Vingou a lei do cimento".
O tribunal considerou que "a maior parte do conteúdo do blogue" consistia em "artigos de opinião" e que os autores criticavam Macedo Vieira e Aires Pereira, não apenas como presidente e vice-presidente da Câmara, mas também como "cidadãos, pais, familiares e amigos".
A sentença considerou também que diversos textos do Póvoa Online não eram feitos como "uma critica construtiva, baseada em factos provados, concretos e objectivos, mas com o objectivo de difundir, junto do público, de forma gratuita, a ideia de que os requerente são corruptos e corruptíveis".
fonte: www.expresso.pt
ESTAIS TODOS FEITOS!
A Prisa formalizou hoje o fim da sua era na emissão de TV em sinal aberto em Espanha, com o fim do canal de notícias CNN+, fruto de um acordo de 11 anos com a norte-americana CNN.
A CNN+ encerra em Espanha ao fim de 11 anos (DR)
A decisão surge após a venda da Cuatro à operadora espanhola Telecinco, propriedade da Mediaset, grupo participado pela italiana Fininvest de Berlusconi. A venda da Cuatro, anunciada em Abril, presumia uma participação de 18,3 por cento da Prisa no capital da Telecinco e a possibilidade manter a presença nos canais de TDT, nomeadamente com esta CNN+. Mas agora a Prisa, que também detém em Portugal a TVI e a Media Capital Rádios, anunciou o fim do canal pela sua inviabilidade. A decisão foi comunicada ontem à Comissão Nacional de Valores Mobiliários espanhola.
Segundo o jornal espanhol ABC o espaço da CNN+ será ocupado, já a partir de dia 30 de Dezembro, pela emissão 24 sobre 24 horas do concurso Big Brother, versão espanhola.
A decisão da Prisa de deixar cair a CNN+ já tinha sido noticiada no início do mês. Mas só ontem foi formalizada com o anúncio
De acordo com o diário El País, a intenção da Prisa é virar-se para um novo canal de notícias em novas plataformas, que sirva o mercado da língua espanhola e o mercado ibérico, com olhos postos em Portugal.
A Prisa sustenta a decisão no facto do canal nunca ter alcançado uma viabilidade económica, apesar de vários modelos de negócio que foram sendo experimentados, e na audiência residual – que oscilou sempre entre os 0,2 e 0,3 por cento e que, com o advento da TDT, atingiu os 0,6, algo que não chegou. Nos últimos três anos, desde que emite em sinal aberto, conta o El País, o canal perdeu 40 milhões de euros.
"berlusconização" à vista?
Os blogues em Espanha criticavam ontem aquilo que chamavam de “berlusconização” da informação em Espanha. Apesar da CNN+ ter sido criticada, nos últimos tempos, por ter introduzido mais programas em grelha, descurando o espaço dado às notícias, Francisco Basterra, jornalista fundador do canal, lembrava ontem o espaço de análise e de debate que o canal representou e uma nova maneira de comunicar que introduziu no jornalismo televisivo em Espanha.
Os canais temáticos de informação em sinal aberto ficam assim reduzidos em Espanha ao canal 24 Horas da RTVE.
O acordo entre a Prisa e a Telecinco prevê também a entrada da Mediaset na plataforma Digital+ (participação de 22 por cento), que inclui mais de 150 canais pagos.
Os jornalistas que integravam a CNN+ em Espanha, e que compartilhavam a redacção com os da Cuatro, passam a trabalhar para a Telecinco, segundo este acordo. A Federação de Associações de Jornalistas de Espanha(FAPE) lamentou já também, em comunicado, a perda de “um espaço de debate e intercâmbio de ideias, reflexão e formação de opinião”, numa sociedade “cada vez mais desamparada perante o poder e uma democracia mais débil”. Nos últimos dois anos Espanha perdeu 3496 postos de trabalho na área do jornalismo.
Monday, December 27, 2010
VIVE L'ANARCHIE!
Pacote suspeito de conter explosivos encontrado na embaixada grega em Roma
27.12.2010 - 11:03 Por PÚBLICO
Uma série de pacotes suspeitos de conterem cargas explosivas foram detectados hoje em Roma, nas embaixadas da Grécia, Dinamarca, Mónaco e Venezuela – mas todos foram já declarados como falsos alarmes à excepção do primeiro.
Polícia e bombeiros em frente à embaixada da Grécia em Roma (Foto: Alessandro Bianchi/Reuters)
Os peritos de minas e armadilhas da polícia italiana desmontaram já a bomba de fragmentação encontrada na embaixada grega, foi confirmado pelas autoridades.
Na semana passada o grupo anarquista Federação Anarquista Informal, próximo dos extremistas gregos, reivindicou os ataques similares feitos contra as embaixadas da Suíça e do Chile, em que ficaram duas pessoas feridas.
Desde então foram registados falsos alarmes também nas missões diplomáticas ucraniana e irlandesa em Roma, com as autoridades a reforçarem a vigilância sobre as entradas de correio nas embaixadas.
Estes ataques são também semelhantes aos efectuados na Grécia no mês passado, por activistas de extrema-esquerda. Naquela altura foram enviados 14 pacotes suspeitos para a chanceler alemã Angela Merkel, o primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi e o Presidente francês Nicolas Sarkozy, e houve também uma explosão em frente à embaixada da Suíça em Atenas.
Sunday, December 26, 2010
DA LEITURA E DAS MULHERES BELAS
Tenho necessidade de ler. Livros, jornais, seja o que for. Se não ler, o meu dia não fica completo. Ler é um acto de amor, alguém o disse. Até sou capaz de amar a Fátima Lopes a brincar com as criancinhas na TV. Contudo, o mundo dela não é o meu. Penso até que já publicou livros. Deve ter escrito dessas lamechices ou desses lugares-comuns que vendem. É claro que não são essas as leituras que me atraem. Talvez a gaja transmita uma certa ternura para lá do "mainstream" que apetece beijar, tal como a Bárbara Guimarães ou a Catarina Furtado. É evidente que, por outro lado, essa coisa de andar a vender os bancos e os sabonetes não me agrada e faz delas umas putas do "mainstream". Mas eu nada tenho contra as putas. Até gosto desse jogo de chamar o homem. De vê-las abrirem-se após o acto sexual. De ouvi-las falar nos filhos e dos homens que não prestam. De ouvi-las falar na vida que as outras mulheres não conhecem. Eu próprio sou uma puta. A puta fina que vai para o palco abrir as pernas. Nas horas em que não sou essa puta, sou o homem que escreve e que se entrega à leitura. Além disso, vou aos bares falar com amigos e com amigas. Ontem o whisky devolveu-me à vida. Estava mentalmente bloqueado e o whisky abriu-me as portas. Há algo na Fátima Lopes que me irrita mas, por outro lado, há outro algo que me atrai. Parece que todas as mulheres que desejo estão ao meu alcance. Olho-as de cima, posso tê-las. Há 5,10 anos não era assim. Eram deusas inacessíveis. Agora estou teso mas olho-as de cima. A todas. Mesmo à Shakira e às beldades dos anúncios. Posso tê-las. Estou ao nível delas. Estão no meu mundo. Olho-as, cobiço-as, como à deusa-cadela da Glória de Lawrence. São minhas irmãs. São minhas. Todas elas. Posso ser insolente como Jesus, como Zaratustra. Posso dizer: eu sou a verdade e a vida. Não tenho que curvar-me diante delas nem de ninguém. Tudo é meu e nada é meu. Virá o dia em que nem sequer usarei dinheiro ou que o dinheiro me cairá do céu. Como as mulheres belas. O paleio da maior parte dos homens é muito limitado. Não satisfaz as mulheres. Eu sou o Verbo. Eu posso ser o Verbo.
Saturday, December 25, 2010
Aos amigos esquecidos, às gentes que carregam a manta, nesta data onde se cantam loas á solidariedade e à caridadezinha…
Um poema de Alexandre O`Neill…
Nunca jantam, quando jantam,
Onde almoçam, quando almoçam.
Condenados, pois claro, à revelia,
O que deixam é um nome nos arquivos
E continuam maus, sornas e vivos.
O aguardente aquece-lhes a casa,
O tabaco fuma-lhes a prosa.
Quando dormem,
Nem formiga os acorda.
Aceitam trabalho aqui,
Mas sobretudo acolá.
É gente de pau e manta,
Ó minha linda,
Gente que pra ti não há.
http://lutapopularonline.blogspot.com
Um poema de Alexandre O`Neill…
Nunca jantam, quando jantam,
Onde almoçam, quando almoçam.
Condenados, pois claro, à revelia,
O que deixam é um nome nos arquivos
E continuam maus, sornas e vivos.
O aguardente aquece-lhes a casa,
O tabaco fuma-lhes a prosa.
Quando dormem,
Nem formiga os acorda.
Aceitam trabalho aqui,
Mas sobretudo acolá.
É gente de pau e manta,
Ó minha linda,
Gente que pra ti não há.
http://lutapopularonline.blogspot.com
TERESA RICOU
"Portugal não está em crise económica, precisa é de valores" - Teresa Ricou
Lisboa, 23 dez (Lusa) - Teresa Ricou considera, do alto da colina lisboeta donde dirige o projeto cultural Chapitô, que Portugal não está em crise. Pr...
"Portugal não está em crise económica, precisa é de valores" - Teresa Ricou
Lisboa, 23 dez (Lusa) - Teresa Ricou considera, do alto da colina lisboeta donde dirige o projeto cultural Chapitô, que Portugal não está em crise. Precisa é de valores sociais e de "políticos que desçam à terra".
A primeira mulher palhaça portuguesa - Tété -, há quase 30 anos à frente de um projeto artístico e social que considera "uma retaguarda cultural e uma vanguarda humanista", defende também que ao país que "cabe todo no Chapitô" falta "um projeto político, social, cultural e de educação" que olhe para os afetos e para além da economia.
"O país não está em crise. Acho que há bastante dinheiro por todo o lado, está é muito mal distribuído. Porque as pessoas mais ricas continuam a ser ricas, as mais pobres continuam a ser pobres. Agora há, realmente, uma crise de valores muito grande", afirmou à Lusa.
E escolheu uma metáfora para explicar melhor: "É preciso fazer uma limpeza deste rio para que os peixinhos continuem a nadar, para que haja um equilíbrio social, que não está a haver", afirmou.
Teresa Ricou considera que faziam falta ao país políticos mais próximos das pessoas, "mais próximos da realidade": "Nós sentimo-nos sós cá em baixo. [Os políticos] preocupam-se mais com a competitividade política dos partidos do que propriamente com o projeto social pelo qual devíamos todos estar a lutar", afirmou.
E, acrescentou, neste "circo político, onde há vários artistas ao mesmo tempo, há uma disputa relativamente pouco clara e pouco interessante entre eles, [que faz com que] a mudança da sociedade não seja feita efetivamente".
"Incomoda-me o discurso que tenho visto agora para as campanhas, um discurso um bocado gratuito: as pessoas falam por falar, dizem por dizer, não tem grande objetividade e coisas concretas. E estão numa guerra de audiências", disse.
A artista disse-se ainda preocupada com futuro da atual "geração de rápido desgaste", com a qual pretende "brincar um bocado, juntando o cheiro a livros aos computadores" para "superar a ditadura dos direitos pela ditadura dos afetos".
Ainda uma palavra sobre o papel do Estado na Cultura, na Educação e no Serviço Social do cenário de hoje: "Acho que o Estado tem que existir, tem que ser um espaço regulador daquilo que fazem as organizações e não pode ser concorrente com elas. Mas acho também que já é altura de as empresas começarem a participar", terminou.
JYF.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/fim.
Lisboa, 23 dez (Lusa) - Teresa Ricou considera, do alto da colina lisboeta donde dirige o projeto cultural Chapitô, que Portugal não está em crise. Pr...
"Portugal não está em crise económica, precisa é de valores" - Teresa Ricou
Lisboa, 23 dez (Lusa) - Teresa Ricou considera, do alto da colina lisboeta donde dirige o projeto cultural Chapitô, que Portugal não está em crise. Precisa é de valores sociais e de "políticos que desçam à terra".
A primeira mulher palhaça portuguesa - Tété -, há quase 30 anos à frente de um projeto artístico e social que considera "uma retaguarda cultural e uma vanguarda humanista", defende também que ao país que "cabe todo no Chapitô" falta "um projeto político, social, cultural e de educação" que olhe para os afetos e para além da economia.
"O país não está em crise. Acho que há bastante dinheiro por todo o lado, está é muito mal distribuído. Porque as pessoas mais ricas continuam a ser ricas, as mais pobres continuam a ser pobres. Agora há, realmente, uma crise de valores muito grande", afirmou à Lusa.
E escolheu uma metáfora para explicar melhor: "É preciso fazer uma limpeza deste rio para que os peixinhos continuem a nadar, para que haja um equilíbrio social, que não está a haver", afirmou.
Teresa Ricou considera que faziam falta ao país políticos mais próximos das pessoas, "mais próximos da realidade": "Nós sentimo-nos sós cá em baixo. [Os políticos] preocupam-se mais com a competitividade política dos partidos do que propriamente com o projeto social pelo qual devíamos todos estar a lutar", afirmou.
E, acrescentou, neste "circo político, onde há vários artistas ao mesmo tempo, há uma disputa relativamente pouco clara e pouco interessante entre eles, [que faz com que] a mudança da sociedade não seja feita efetivamente".
"Incomoda-me o discurso que tenho visto agora para as campanhas, um discurso um bocado gratuito: as pessoas falam por falar, dizem por dizer, não tem grande objetividade e coisas concretas. E estão numa guerra de audiências", disse.
A artista disse-se ainda preocupada com futuro da atual "geração de rápido desgaste", com a qual pretende "brincar um bocado, juntando o cheiro a livros aos computadores" para "superar a ditadura dos direitos pela ditadura dos afetos".
Ainda uma palavra sobre o papel do Estado na Cultura, na Educação e no Serviço Social do cenário de hoje: "Acho que o Estado tem que existir, tem que ser um espaço regulador daquilo que fazem as organizações e não pode ser concorrente com elas. Mas acho também que já é altura de as empresas começarem a participar", terminou.
JYF.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/fim.
SEREIA NA AREIA
sereia na areia
contorce-te
voa no trapézio
faz strip para mim
sereia na areia
come o gelado
deixa o namorado
o biquini rosa
mata-me
acende-me
dá cabo de mim
sereia na areia
no meio das gaivotas
e das risotas
vem até mim
à trip do poeta
ao limbo do asceta
à távola de Artur
à alquimia de Merlin.
Vila do Conde, 6.8.2006
ROTINA NA MOTINA
ROTINA NA MOTINA
Chego triunfal à "Motina"
o bêbado adormece diante do copo
o fadista passeia de boné na cabeça
dá umas voltas
cumprimenta o psicólogo
as mulheres falam dão à língua
são máquinas de falar
nunca mais páram
a rádio passa Bruce Springsteen
"Glory Days"
ouvia isso aos 16 anos
quando era um jovem promissor
bom aluno boas notas
depois percebi que tudo
se resumia a notas e moedas
e cartões multibanco e contas bancárias
depois percebi que quase nada fazia sentido
antes andar bêbado
e adormecer diante do copo
é claro que há sempre as empregadas
a chamar-nos a atenção
mas não deixamos de estar na nossa
quase imunes ao capitalismo
desde que tenhamos uns trocos
para os copos
às vezes há umas gajas que falam connosco
que vêm ter connosco no fim da representação
que pensam que nós somos mais que os outros
só porque dizemos umas coisas
que os outros não dizem
e essas gajas fazem-nos acreditar
que existe qualquer coisa
como quando as crianças olham para nós
e há qualquer coisa de mágico na coisa
isto não é apenas um gajo a escrever
isto não são apenas os croissants a chegar
isto não é apenas o trabalhinho
isto não é sequer o dinheirinho
isto não são apenas as velhas a marchar
para fora da confeitaria
isto não é apenas o pequeno-burguês a mastigar
isto não é apenas a bandeira nacional
espetada na parede
há qualquer coisa!
Não sei se é Deus ou se são os deuses
não sei se é a energia como diz o Henrique
talvez seja o Espírito
o deus em nós de que fala Henry Miller
E pronto! Vem um gajo para a confeitaria
estudar alemão
e saem-nos deuses e espíritos
vem um gajo cantar a rotina
e o bêbado que adormece
diante do copo
e sai-nos a alma
a essência
a explicação de tudo isto
E pronto! Chega uma gaja boa
e lá se vai a essência
ou será sinal que ela vem de vez?
Vilar do Pinheiro, "Motina", 14.12.2008
A. Pedro Ribeiro (ou António Pedro Ribeiro) nasceu no Porto, Portugal, em Maio de 1968.
É autor dos livros de poesia e manifestos "Queimai o Dinheiro" (Corpos Editora, 2009), "Um Poeta a Mijar" (Corpos Editora, 2007), "Saloon" (Edições Mortas, 2007), "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" (Objecto Cardíaco, 2006), "Sexo, Noitadas e Rock n' Roll" (Edições Pirata, 2004) e "Á Mesa do Homem Só. Estórias" (Silêncio da Gaveta, 2001).
Foi fundador da revista "Aguasfurtadas" e colaborou nas revistas "Sinismo" (Faculdade de Letras do Porto), "Do Silêncio dos Poetas", "Bíblia", "Íncubo" e "A Voz de Deus".
Diz poesia publicamente há mais de 20 anos, tendo participado no Festival de Paredes de Coura de 2006 e no Festival de Salvaterra do Minho (Espanha) em 2007.
É licenciado em Sociologia.
E-mail: apedroribeiro@hotmail.com
http://conexaomaringa.blogspot.com
APOIO A MANUEL ALEGRE
APOIO A MANUEL ALEGRE
António Pedro Ribeiro
E depois ainda há o lado místico. Aquilo que não está nos autocarros que passam. Que, em certa medida, me faz apoiar Manuel Alegre, mesmo sabendo que ele aceita a democracia burguesa e eu não. Mas há qualquer coisa na postura do poeta de "Praça da Canção", qualquer coisa na forma de se expressar que nos traz um certo Portugal messiânico, sebastianista, que vem de Camões, de Pessoa, de Agostinho da Silva. Uma certa pátria que eu não rejeito, que está para lá da anarquia e da democracia, a tal que poucos alcançam, talvez até o Quinto Império. Por isso e pelo seu passado anti-fascista apoio Manuel Alegre, mesmo sendo anarquista e anti-capitalista. É claro que também há aquele ódio de estimação contra Cavaco Silva. Um Cavaco agarrado aos mercados que prega a não-vida. Um Cavaco que é a face mais vil da economia. Um Cavaco ligado às fraudes e aos amigos do BPN, como apontou Defensor Moura. Um Cavaco que é preciso derrubar porque não presta.
VINICIUS DE MORAES
Meus amigos, meus irmãos, cegai os olhos da mulher morena
Que os olhos da mulher morena estão me envolvendo
E estão me despertando de noite.
Meus amigos, meus irmãos, cortai os lábios da mulher morena
Eles são maduros e húmidos* e inquietos
E sabem tirar a volúpia de todos os frios.
Meus amigos, meus irmãos,
e vós que amais a poesia da minha alma
Cortai os peitos da mulher morena
Que os peitos da mulher morena sufocam o meu sono
E trazem cores tristes para os meus olhos.
Jovem camponesa que me namoras
quando eu passo nas tardes
Traz-me** para o contacto*** casto de tuas vestes
Salva-me dos braços da mulher morena
Eles são lassos, ficam estendidos imóveis ao longo de mim
São como raízes recendendo resina fresca
São como dois silêncios que me paralisam.
Aventureira do Rio da Vida,
compra o meu corpo da mulher morena
Livra-me do seu ventre como a campina matinal
Livra-me do seu dorso como a água escorrendo fria.
Branca avozinha dos caminhos,
reza para ir embora a mulher morena
Reza para murcharem as pernas da mulher morena
Reza para a velhice roer dentro da mulher morena
Que a mulher morena está encurvando os meus ombros
E está trazendo tosse má para o meu peito.
Meus amigos, meus irmãos,
e vós todos que guardais ainda meus últimos cantos
Dai morte cruel à mulher morena!
Vinicius de Moraes
Saturday, December 18, 2010
DOS FILHOS
“Não entendo como há editoras que me rejeitam. A minha forma de escrever é original. Já o disse. Não sou o melhor seleccionador. Mas não faço outra coisa senão escrever…e ler. Vivo da escrita. Vivo literalmente da escrita. Os meus textos são todos meus filhos. À falta de amigos e de amigas tenho os meus filhos. Uns ficam. Outros são rejeitados. Outros ainda ressuscitam. Mas são todos meus filhos. Amo-os. Nascem de mim. Sou o criador. A mãe que os pare. E o criador é livre e feliz.”
Thursday, December 16, 2010
GATA
Posso escrever numa era revolucionária sem ser sobre a revolução. Posso escrever sobre a D. Rosa que regressou e que conta a vida. Posso escrever sobre a menina da “Motina” que traz os cafés. Poder-lhe-ia dedicar um poema de amor. Posso cantar a liberdade sem falar de sexo. Posso falar uma linguagem não-económica. Posso falar no amor entre o homem e a mulher. Posso escrever com amor. Posso cantar a loira que entra. Posso ser completamente doido na confeitaria. Posso acreditar no novo homem. Posso acreditar no homem que cria e ama. No homem sem dinheiro, sem ganância. Posso ir até ao fim. Posso crer em mim.
OS POBRES QUE PAGUEM A CRISE
Subject: OS POBRES QUE PAGEM A CRISE
.
Os pobres que paguem a crise
No País mais desigual da Europa o salário mínimo não pode ser actualizado para uns miseráveis 500 euros. E nesse mesmo País o Parlamento chumbou a possibilidade dos accionistas da PT pagarem impostos pelos seus dividendos.
Daniel Oliveira (www.expresso.pt)
8:00 Sexta feira, 3 de Dezembro de 2010
O governo recusou na intenção de actualizar o salário mínimo para 500 euros. Parece que as empresas não estão capazes de sustentar tamanha loucura. Iriam, dizem muitos, à falência. Uma má notícia: quem não consegue pagar 500 euros por mês a um trabalhador já faliu. Apenas ninguém o avisou. Porque se a nossa única salvação para conseguir crescer e exportar é dar competitividade às nossas empresas não há como o fazer com trabalhadores semi-escravos. Para isso já existe a China, que consegue pagar ainda menos. Empresas que fecham se pagarem 500 euros (que pura e simplesmente não dá para viver) a um trabalhador não têm futuro. Ponto final.
Este recuo é especialmente grave quando se sabe que somos o país mais desigual da Europa, com salários baixos demasiado baixos e salários altos demasiado altos. Segundo um estudo publicado ontem, os 20% mais ricos ganham 6,1 vezes mais do que os 20% mais pobres. Cerca de um milhão de trabalhadores (com emprego) vivem próximos do limiar de pobreza. Esta desigualdade é mais do que um problema social: é um problema económico. Como podemos nós acrescentar algum valor ao que produzimos se quem produz vive no limiar da sobrevivência?
No mesmo momento em que se recua neste compromisso de dignidade mínima, o Parlamento chumbou uma proposta do PCP que obrigaria os accionistas da PT, dentro dos limites da lei, a pagar, como devem, impostos sobre os dividendos que recebem. Ou seja, a contribuir para o esforço nacional de endireitar as contas públicas.
Conclusão: quem recebe o salário mínimo e vive próximo da miséria apesar de ter emprego tem de compreender que estamos em crise e aceitar mais este sacrifício. Quem recebe os lucros de um negócio - onde, por acaso, o Estado desempenhou um papel central - não pode ser incomodado com obrigações para com a comunidade.
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Os pobres que paguem a crise
No País mais desigual da Europa o salário mínimo não pode ser actualizado para uns miseráveis 500 euros. E nesse mesmo País o Parlamento chumbou a possibilidade dos accionistas da PT pagarem impostos pelos seus dividendos.
Daniel Oliveira (www.expresso.pt)
8:00 Sexta feira, 3 de Dezembro de 2010
O governo recusou na intenção de actualizar o salário mínimo para 500 euros. Parece que as empresas não estão capazes de sustentar tamanha loucura. Iriam, dizem muitos, à falência. Uma má notícia: quem não consegue pagar 500 euros por mês a um trabalhador já faliu. Apenas ninguém o avisou. Porque se a nossa única salvação para conseguir crescer e exportar é dar competitividade às nossas empresas não há como o fazer com trabalhadores semi-escravos. Para isso já existe a China, que consegue pagar ainda menos. Empresas que fecham se pagarem 500 euros (que pura e simplesmente não dá para viver) a um trabalhador não têm futuro. Ponto final.
Este recuo é especialmente grave quando se sabe que somos o país mais desigual da Europa, com salários baixos demasiado baixos e salários altos demasiado altos. Segundo um estudo publicado ontem, os 20% mais ricos ganham 6,1 vezes mais do que os 20% mais pobres. Cerca de um milhão de trabalhadores (com emprego) vivem próximos do limiar de pobreza. Esta desigualdade é mais do que um problema social: é um problema económico. Como podemos nós acrescentar algum valor ao que produzimos se quem produz vive no limiar da sobrevivência?
No mesmo momento em que se recua neste compromisso de dignidade mínima, o Parlamento chumbou uma proposta do PCP que obrigaria os accionistas da PT, dentro dos limites da lei, a pagar, como devem, impostos sobre os dividendos que recebem. Ou seja, a contribuir para o esforço nacional de endireitar as contas públicas.
Conclusão: quem recebe o salário mínimo e vive próximo da miséria apesar de ter emprego tem de compreender que estamos em crise e aceitar mais este sacrifício. Quem recebe os lucros de um negócio - onde, por acaso, o Estado desempenhou um papel central - não pode ser incomodado com obrigações para com a comunidade.
Sunday, December 5, 2010
António Pedro Ribeiro
Poeta e anarquista, é um frequentador de noites de poesia, sem papas na língua nem censura nas palavras. Homem de grandes polémicas e controvérsias, tem percorrido quase todo o Norte a anunciar que vai candidatar-se à Presidência da República e combater comportamentos quase fascistas, para dar maior atenção aos pobres e aos desempregados. É autor de "Um poeta no Piolho", uma colectânia de versos livres de inconformismo e protesto, de que declama poemas como "Se me pagares uma cerveja estás a financiar a Revolução" ou o já célebre "Carta de Amor ao Primeiro Ministro".
www.freezone.pt
Poeta e anarquista, é um frequentador de noites de poesia, sem papas na língua nem censura nas palavras. Homem de grandes polémicas e controvérsias, tem percorrido quase todo o Norte a anunciar que vai candidatar-se à Presidência da República e combater comportamentos quase fascistas, para dar maior atenção aos pobres e aos desempregados. É autor de "Um poeta no Piolho", uma colectânia de versos livres de inconformismo e protesto, de que declama poemas como "Se me pagares uma cerveja estás a financiar a Revolução" ou o já célebre "Carta de Amor ao Primeiro Ministro".
www.freezone.pt
Saturday, December 4, 2010
LAND
Os cronistas do sistema já falam na revolução. O sistema começa a temê-la. É claro que não estamos à espera de maiorias para fazer a revolução. Precisamos de artistas-provocadores e de revolucionários de rua. Até já temos castratofistas como Medina Carreira e outros a nosso favor. Até já se fala na saída do euro. Quanto pior, melhor. As pessoas não vão aguentar tantas perdas de direitos, tanta pobreza. Tudo joga a nosso favor, revolucionários. Agora sim, começa a chegar a nossa hora. Somos nietzscheanos, não vemos os trabalhadores como coitadinhos. Nada há a perder. Há que construir o novo homem. É, sobretudo, uma luta individual mas também colectiva. Precisamos do Bloco e do PCP, apenas isso. Estamos muito para lá deles. Nada temos a perder. EStamos a caminho do "país dos nossos filhos". Acreditamos. Temos uma fé quase religiosa. É isso que nos distingue dos outros. Rimos com as quedas das bolsas e dos mercados. Rimos de nós mesmos. Somos loucos, lunáticos, alucinados, criadores mas também sabemos ser racionais. O país começa a arder. O mundo começa a arder. Dancemos a dança do fim do mundo. Dancemos com Jim Morrison e Henry Miller. Celebremos o caos. Digamos não ao homem direitinho do trabalhinho. Digamos não às normas do estabelecido. Pilhemos os bancos. Celebremos a vida. Dancemos sobre o fogo. ESta é a terra. Este é o reino. O cavaleiro encontrou o Graal. Não mais depressão, minha rainha. VAmos até ao fim. Dança. Vive a noite e o dia. Canta os pássaros da manhã. Isto está mesmo a começar. O capitalismo e os mercados vão cair. This is the land. This is the Kingdom. Não mais mentiras. Afrontemos os cães da polícia. Celebremos Jesus, Buda e Zaratustra. Inundemos as praças. Queimemos o dinheiro, queimemos o mercado. A hora está a chegar. Nunca estivemos tão fortes. Five to one, one to five.
MAR
Foi nos Açores
um rapaz azul
deu-me um poema
sobre o mar
nunca mais verei
o rapaz
nem nunca mais
me levantarei
de madrugada
para escrever
sobre o mar.
um rapaz azul
deu-me um poema
sobre o mar
nunca mais verei
o rapaz
nem nunca mais
me levantarei
de madrugada
para escrever
sobre o mar.
ALICE MACEDO CAMPOS
era bem mais fácil ser uma mulher, penso.
dar de mamar, cuidar da casa, fazer os filhos um a um,
ter os espelhos resplandecentes, o lustro das pratas bem puxado,
um mecanismo de limpeza que, fora e dentro da casa,
no espaço oculto do silêncio, assobiasse o lume sobre as coisas.
esta mulher, penso, é a noite mais alta do mundo.
os homens, quando se põem a caminho,
levam na erecção as mãos vazias, e na boca enorme os olhos cegos do desejo,
loucamente entram nas chamas do corpo da mulher,
e ardem.
alice macedo campos
dar de mamar, cuidar da casa, fazer os filhos um a um,
ter os espelhos resplandecentes, o lustro das pratas bem puxado,
um mecanismo de limpeza que, fora e dentro da casa,
no espaço oculto do silêncio, assobiasse o lume sobre as coisas.
esta mulher, penso, é a noite mais alta do mundo.
os homens, quando se põem a caminho,
levam na erecção as mãos vazias, e na boca enorme os olhos cegos do desejo,
loucamente entram nas chamas do corpo da mulher,
e ardem.
alice macedo campos
REI
REI
Cair no meio da arena
morrer como um touro
em sangue
cair, solene,
como um rei
para cá da escumalha
dos risinhos idiotas
da ignorância.
Cair no meio da arena
morrer como um touro
em sangue
cair, solene,
como um rei
para cá da escumalha
dos risinhos idiotas
da ignorância.
Thursday, December 2, 2010
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