manifesto anti-normalidade
Eu, António Pedro Ribeiro, 40 anos,
declaro que não sou um número
que não sou uma percentagem
que não sou uma folha do IRS
que não vou com a Maria
que vai com as outras
que rejeito o pensamento único
o homem calculável e colectável
a ideologia dominante
que amo as alturas, os cumes
onde se respira a liberdade
que rejeito o rebanho
a vida normal das pessoas normais
que sigo a via que conduz a mim mesmo
que não quero governar
nem ser governado
que não sou um detergente
nem uma folha de papel higiénico
que não estou na bolsa
nem à venda no mercado
que sou um livre pensador
um indivíduo soberano
que não sou espectador da sociedade-espectáculo
nem mercadoria
que quero as ruas cheias de poesia
que me entedio no dia-a-dia
no quotidiano da rotina
mas que ainda sou capaz de dançar
de cantar
e de me rir
nas vossas caras.
Friday, July 31, 2009
Wednesday, July 29, 2009
MANA CALÓRICA EM PAREDES DE COURA
Lisboa, 29 jul (EFE).- El artista irlandés Patrick Wolf abre hoy la décimoséptima edición del Festival Paredes de Coura (al norte de Portugal), que se celebrará hasta el próximo sábado y en la que la protagonista será la banda escocesa Franz Ferdinand.
En el recinto de la playa fluvial de Tabuao, las bandas Bons Rapazes, Sean Riley and the Slowriders y Strange Boys completan la primera jornada.
Los australianos Temper Tramp actuarán el jueves, seguidos por la banda indie-rock estadounidense The Pains of Being Pure at Heart, los británicos The Horrors y los roqueros Supergrass.
El plato fuerte de la noche será la banda escocesa Franz Ferdinand que presentará así en Portugal su último álbum "Tonight: Franz Ferdinand", que vio la luz a finales de enero de este año.
El viernes el grupo de rock Nine Inch Nails cerrará una noche en la que tocarán los portugueses Mundo Cão, los estadounidenses Portugal, The Man y los Blood Red Shoes Peaches.
Los lusos Foge Foge Bandido abrirán la noche del viernes, en la que también tendrá su lugar la música soul independiente de los españoles The Right Ons, el rock indie de los australianos de Howling Bells y Jarvis Cocker.
La banda de rock sueca The Hives cerrará el festival portugués con sus propuestas enérgicas y eléctricas.
Paredes de Coura ofrecerá durante las cuatro jornadas del festival dos alternativas al escenario principal: "Jazz na relva" (jazz en la hierba) y "Palavras na relva".
Dentro del proyecto "Jazz na relva" actuarán el percusionista y batería Jorge Qaije, Space Ensemble y el trío Manuel d´Oliveira.
En la iniciativa "Palavras na relva" recitarán poesía y prosa los escritores Valter Hugo Mae, Tiago Gomes, Isaac Ferreira y el colectivo Silencio da Gaveta.
El sábado tendrá lugar el proyecto poético-musical Mana Calórica, en el que se mezclan el rock, el punk y el experimentalismo al que dará voz Antonio Pedro Ribeiro.
El Festival de Paredes de Coura, cuya primera edición se celebró en 1993, es uno de los mayores acontecimientos musicales del verano en Portugal. EFE prl/ik
En el recinto de la playa fluvial de Tabuao, las bandas Bons Rapazes, Sean Riley and the Slowriders y Strange Boys completan la primera jornada.
Los australianos Temper Tramp actuarán el jueves, seguidos por la banda indie-rock estadounidense The Pains of Being Pure at Heart, los británicos The Horrors y los roqueros Supergrass.
El plato fuerte de la noche será la banda escocesa Franz Ferdinand que presentará así en Portugal su último álbum "Tonight: Franz Ferdinand", que vio la luz a finales de enero de este año.
El viernes el grupo de rock Nine Inch Nails cerrará una noche en la que tocarán los portugueses Mundo Cão, los estadounidenses Portugal, The Man y los Blood Red Shoes Peaches.
Los lusos Foge Foge Bandido abrirán la noche del viernes, en la que también tendrá su lugar la música soul independiente de los españoles The Right Ons, el rock indie de los australianos de Howling Bells y Jarvis Cocker.
La banda de rock sueca The Hives cerrará el festival portugués con sus propuestas enérgicas y eléctricas.
Paredes de Coura ofrecerá durante las cuatro jornadas del festival dos alternativas al escenario principal: "Jazz na relva" (jazz en la hierba) y "Palavras na relva".
Dentro del proyecto "Jazz na relva" actuarán el percusionista y batería Jorge Qaije, Space Ensemble y el trío Manuel d´Oliveira.
En la iniciativa "Palavras na relva" recitarán poesía y prosa los escritores Valter Hugo Mae, Tiago Gomes, Isaac Ferreira y el colectivo Silencio da Gaveta.
El sábado tendrá lugar el proyecto poético-musical Mana Calórica, en el que se mezclan el rock, el punk y el experimentalismo al que dará voz Antonio Pedro Ribeiro.
El Festival de Paredes de Coura, cuya primera edición se celebró en 1993, es uno de los mayores acontecimientos musicales del verano en Portugal. EFE prl/ik
Monday, July 27, 2009
LAGOS
Friday, July 24, 2009
DIÁRIOS
Diários- é o que eu escrevo
e hoje custa a sair
estou no jardim
com os animais e as plantas
e estou a acabar
"O Olho Cosmológico" de Henry Miller
os pássaros cantam
e eu cofio as barbas
emagreci 11 quilos
e as análises são mais animadoras
do que as anteriores
parece que, por uns tempos,
me tenho de preocupar menos
com a saúde.
Sunday, July 19, 2009
UM PAÍS
UM PAÍS
António Pedro Ribeiro
Um país que opta entre dois castradores como José Sócrates e Manuela Ferreira Leite não é um país. Um país que tem Alberto João Jardim não é um país. Um país em que os ex-revolucionários do Bloco de Esquerda se esquecem que foram revolucionários e se limitam a regulamentar e a gerir o capitalismo não é um país. Um país que tem Belmiro de Azevedo e Dias Loureiro não é um país. Um país de autarcas menores não é um país. Um país com a paranóia da gripe não é um país. Um país de inveja, de intriga, de mercearia não é um país. Um país agarradinho ao dinheiro não é um país. Um país bem comportadinho não é um país. Um país ignorante não é um país. Um país que não lê não é um país. Um país sem alma não é um país. Um país pequeno não é um país. Um país imbecil não é um país. Um país de escravos uns dos outros não é um país. Um país de chefes não é um país.
DESABAFOS
Há gajos que foram postos no mundo
para me foder a cabeça
há gajos que me irritam solenemente
apesar de, por enquanto, ter de aturá-los
só não sei é como não expludo
noutras ocasiões
teria soltado os cães todos
e até me sinto da mesma forma
até me sinto em cima
em paz com os deuses
apesar desta raiva
que me faz escrever
vomitar na folha
o que vem à cabeça
talvez até seja bom não reagir
assim consigo preservar-me
assim situo-me acima das coisas
da mesquinhez
das guerrinhas
também eu me deixo levar nas guerrinhas
também eu digo mal
deste e daquela
nas costas deste e daquela
não posso ser assim
não posso ser igual aos outros
há gajos que dizem mal de tudo e de todos
mas é pura maledicência
não têm qualquer pretensão
de mudar o mundo
nem de mudar o que quer que seja
não sou assim
não cheguei a esse ponto.
para me foder a cabeça
há gajos que me irritam solenemente
apesar de, por enquanto, ter de aturá-los
só não sei é como não expludo
noutras ocasiões
teria soltado os cães todos
e até me sinto da mesma forma
até me sinto em cima
em paz com os deuses
apesar desta raiva
que me faz escrever
vomitar na folha
o que vem à cabeça
talvez até seja bom não reagir
assim consigo preservar-me
assim situo-me acima das coisas
da mesquinhez
das guerrinhas
também eu me deixo levar nas guerrinhas
também eu digo mal
deste e daquela
nas costas deste e daquela
não posso ser assim
não posso ser igual aos outros
há gajos que dizem mal de tudo e de todos
mas é pura maledicência
não têm qualquer pretensão
de mudar o mundo
nem de mudar o que quer que seja
não sou assim
não cheguei a esse ponto.
SOBERBO
Soberbo
magnífico
outra vez
não páro de escrever
mas, desta vez,
cheguei mesmo lá
ao ponto mais alto
ao infinito
o meu pai
vai ficar contente
vou visitá-lo ao cemitério
mesmo sabendo
que ele não está lá
até ouço a voz dele
e não estou a entrar em delírio.
magnífico
outra vez
não páro de escrever
mas, desta vez,
cheguei mesmo lá
ao ponto mais alto
ao infinito
o meu pai
vai ficar contente
vou visitá-lo ao cemitério
mesmo sabendo
que ele não está lá
até ouço a voz dele
e não estou a entrar em delírio.
Friday, July 17, 2009
Wednesday, July 15, 2009
PÚCAROS
Monday, July 13, 2009
E.M. DE MELO E CASTRO
MÚSICA
o poeta é a merda do universo: possui todas as características do dejecto.
Concentra em si a digestão do gesto; a genofagia do êxtase; a plasto_contracção do fluído; a cagoécia espan_torreica do astro; a feno_inflação do susto;
a culo_táctica alviltrante do entre; a conges_tomatia da fúria; a subru_ptura do esfincter;
a tirano contúcia do tesão; a espro_tuberância dos dedos; a ultra_fragância cliotoriana da nuvem; a proto_putática do cio; a venusiana contursão do ingesto; o factócio odor da pituito_gonoraica alga; a fundibular arrogância do ronco;
a inco_butência lacunar do humor; a factoécia consistência da cístole; o infrutífero agosto do genefágio; o estro da alti_contur_bância da bacia;a penis implacência da pes_nínsula;
a fictofinura insinular da inflo_strutura; o oginato fulgor do anão anal; a para_pirotécnica do sobre; a ficta inflogestão do gestual subje_ctinvo; o adjecto fragor do estrondo; a fúricaarragância do cilindro; a exalo ternura da ubstância mole; o facto falância mulhada; o duro durão do melotão; a igno rrância das bactárias; a ultra pante_rroico fulminância; a coiso coisíssima nenhuma.
MÚSICA
A poesia é um gozo
um uso sabido
do erro errado
A poesia é um gozo
e se o não é
a culpa é do vizinho do lado
A poesia é um gozo
de palavras paralelas
daquelas
que não há
A poesia é um gozo
como um osso encravado
A poesia é um gozo
o leitor
deve sentir-se gozado
o poeta é a merda do universo: possui todas as características do dejecto.
Concentra em si a digestão do gesto; a genofagia do êxtase; a plasto_contracção do fluído; a cagoécia espan_torreica do astro; a feno_inflação do susto;
a culo_táctica alviltrante do entre; a conges_tomatia da fúria; a subru_ptura do esfincter;
a tirano contúcia do tesão; a espro_tuberância dos dedos; a ultra_fragância cliotoriana da nuvem; a proto_putática do cio; a venusiana contursão do ingesto; o factócio odor da pituito_gonoraica alga; a fundibular arrogância do ronco;
a inco_butência lacunar do humor; a factoécia consistência da cístole; o infrutífero agosto do genefágio; o estro da alti_contur_bância da bacia;a penis implacência da pes_nínsula;
a fictofinura insinular da inflo_strutura; o oginato fulgor do anão anal; a para_pirotécnica do sobre; a ficta inflogestão do gestual subje_ctinvo; o adjecto fragor do estrondo; a fúricaarragância do cilindro; a exalo ternura da ubstância mole; o facto falância mulhada; o duro durão do melotão; a igno rrância das bactárias; a ultra pante_rroico fulminância; a coiso coisíssima nenhuma.
MÚSICA
A poesia é um gozo
um uso sabido
do erro errado
A poesia é um gozo
e se o não é
a culpa é do vizinho do lado
A poesia é um gozo
de palavras paralelas
daquelas
que não há
A poesia é um gozo
como um osso encravado
A poesia é um gozo
o leitor
deve sentir-se gozado
SOBERBO
Soberbo
magnífico
outra vez
não páro de escrever
mas desta vez
cheguei mesmo lá
ao ponto mais alto
ao infinito
o meu pai
vai ficar contente
vou visitá-lo ao cemitério
mesmo sabendo
que ele não está lá
até ouço a voz dele
e não estou a entrar
em delírio.
magnífico
outra vez
não páro de escrever
mas desta vez
cheguei mesmo lá
ao ponto mais alto
ao infinito
o meu pai
vai ficar contente
vou visitá-lo ao cemitério
mesmo sabendo
que ele não está lá
até ouço a voz dele
e não estou a entrar
em delírio.
FÉ
Dizem que eu tenho fé
que sou um crente
e é verdade
sou messiânico
acredito na queda das bolsas
no fim do capitalismo
na morte
e renascimento do homem
acredito também na bondade
no coração
em algumas das palavras
de Cristo
que também era passado
como Nietzsche
e Morrison
que me deram a volta à cabeça
como agora Henry Miller
está a dar
se não tivesse de pagar
é que era bom
comia e bebia até fartar
como na sexta
em Famalicão
deveria ser sempre assim
e depois ir mandar
uns bitaites
para os debates
e recitar uns poemas
assim deveria ser a vida.
Saturday, July 11, 2009
A DIVINA POSSESSÃO E A ARTE DA ESCRITA
Todo este acto de escrever é uma possessão. Durante escassos minutos, mais raras vezes ao longo de horas, a mente transforma-se. Os dois hemisférios comunicam através de um plasma que faz a ponte entre o racional e o emocional, entre os eus que existem em cada um de nós. Os neurologistas ainda não conseguem explicar com precisão este fenómeno, mas os poetas há muito tempo que o descrevem através de imagens: para William Blake, o momento inspirador arrebata-o como uma possessão demoníaca; James Joyce equiparou-o a uma epifania divina; Hart Crane, como outros autores, chamou-lhe uma visão.
Qualquer que seja a palavra utilizada para descrever esta sensação súbita e arrebatadora, a ideia é sempre a mesma: o escritor deixa de ser ele e passa a ser outro. Um outro sobressaltado ao descobrir uma ideia oculta dentro de si. Esta inspiração é sempre intensa, perturba e exige ser transcrita para o papel tão rapidamente quanto possível. Há o receio de que esse momento mágico – que Sophia Andresen dizia ser uma oferta dos deuses – desapareça. Alguém argumentou que a inspiração é uma lebre em fuga; quando reparamos nela, já só vemos as orelhas.
Um caso bem conhecido é o do escritor Samuel Taylor Coleridge. Em 1796, o poeta inglês tomara dois grãos de ópio, por indicação do médico, e caiu num sono profundo. Quando acordou, sentiu-se inspirado e redigiu febrilmente os primeiros cinquenta e quatro versos daquele que, vinte anos depois, viria a ser o seu poema mais conhecido – Kubla Khan – uma evocação do paraíso perdido de Xanadu. Mas o azar bateu-lhe à porta: um angariador de seguros da cidade próxima de Porlock interrompeu-o, durante uma hora, discursando sobre finanças. A inspiração desapareceu tão subitamente quanto aparecera, e o poema ficou incompleto.
Foram e continuam a ser muitos os autores que recorrem a toda a espécie de expedientes para convocarem a inspiração: alguns ouvem música, outros consomem bebidas alcoólicas, outros passeiam ao final do dia. De longe, o mais original foi o pintor, escritor e publicitário Salvador Dali. Este desejava entrar no mundo mágico do subconsciente onde habitam os sonhos e mistérios, as pulsões recalcadas e os medos, os desejos e os projectos. Conhecedor e estudioso da obra de Freud, Dali sabia que é mais fácil penetrar esse mundo quando a mente está relaxada – ao final do dia, ao acordar, ou antes de adormecer, por exemplo. Como bom catalão, Dali gostava de dormir a sua sesta, mas fazia-o com a excentricidade que todos lhe conhecem. Deitava-se num sofá, com uma colher na mão e um prato no soalho. Quando estava quase a adormecer, os músculos dos dedos descontraíam, a colher caía sobre o prato e acordava-o. Recém-saído dos portões do subconsciente, Dali levantava-se e pintava até perder a noção do tempo.
Qualquer que seja a palavra utilizada para descrever esta sensação súbita e arrebatadora, a ideia é sempre a mesma: o escritor deixa de ser ele e passa a ser outro. Um outro sobressaltado ao descobrir uma ideia oculta dentro de si. Esta inspiração é sempre intensa, perturba e exige ser transcrita para o papel tão rapidamente quanto possível. Há o receio de que esse momento mágico – que Sophia Andresen dizia ser uma oferta dos deuses – desapareça. Alguém argumentou que a inspiração é uma lebre em fuga; quando reparamos nela, já só vemos as orelhas.
Um caso bem conhecido é o do escritor Samuel Taylor Coleridge. Em 1796, o poeta inglês tomara dois grãos de ópio, por indicação do médico, e caiu num sono profundo. Quando acordou, sentiu-se inspirado e redigiu febrilmente os primeiros cinquenta e quatro versos daquele que, vinte anos depois, viria a ser o seu poema mais conhecido – Kubla Khan – uma evocação do paraíso perdido de Xanadu. Mas o azar bateu-lhe à porta: um angariador de seguros da cidade próxima de Porlock interrompeu-o, durante uma hora, discursando sobre finanças. A inspiração desapareceu tão subitamente quanto aparecera, e o poema ficou incompleto.
Foram e continuam a ser muitos os autores que recorrem a toda a espécie de expedientes para convocarem a inspiração: alguns ouvem música, outros consomem bebidas alcoólicas, outros passeiam ao final do dia. De longe, o mais original foi o pintor, escritor e publicitário Salvador Dali. Este desejava entrar no mundo mágico do subconsciente onde habitam os sonhos e mistérios, as pulsões recalcadas e os medos, os desejos e os projectos. Conhecedor e estudioso da obra de Freud, Dali sabia que é mais fácil penetrar esse mundo quando a mente está relaxada – ao final do dia, ao acordar, ou antes de adormecer, por exemplo. Como bom catalão, Dali gostava de dormir a sua sesta, mas fazia-o com a excentricidade que todos lhe conhecem. Deitava-se num sofá, com uma colher na mão e um prato no soalho. Quando estava quase a adormecer, os músculos dos dedos descontraíam, a colher caía sobre o prato e acordava-o. Recém-saído dos portões do subconsciente, Dali levantava-se e pintava até perder a noção do tempo.
O PROFETA POLÍTICO
Serei eu um profeta ou o próprio cristo deverei pregar à multidão não só nos bares e outros espaços como também na rua? Que mensagem lhes transmitirei? A de Deus, a da morte de Deus, a da merda para Deus? Terei de ser bem recibido na casa das pessoas que me darão de comer e de beber e me forneceram novos livros será este o meu destino o de escrever e de proclamar a Boa Nova, o novo mundo, da liberdade e do amor serei capaz de enfrentar a multidão na rua? Será esta a minha missão? Já posso divulgar de porta em porta o meu "Queimai o Dinheiro" é um livro já profético como os poemas "Jesus" e "Madalena" do "Saloon" e umas coisas do "Poeta a Mijar". Misturar misticismo com alucinações. Tenho de ser um criador como Dali. Não vai ser fácil ir para a rua e começar por distribuir panfletos ou fanzines profético-políticos. Sim, é isso que vou fazer. Falta-me é dinheiro. É sempre a mesma coisa. O dinheiro. Mas vou ter de conseguir de qualquer maneira. Preciso de companheiros, de discípulos. Vou misturar a provocação dadá e situacionista com o misticismo.
QUANDO O HOMEM BEBE
Quando o homem bebe
não há mais nada
nem os gritos das crianças
nem os cachorros da dona
quando o homem bebe
há só o copo
e a garrafa
o líquido milagroso
o gás
a espuma
quando o homem bebe
não há mesmo mais nada
nem as conversas dos jovens
nem o homem a ler o jornal
nem sequer o Telejornal
quando o homem bebe
está em comunhão com o sagrado.
"Vip", 11.7.2009
não há mais nada
nem os gritos das crianças
nem os cachorros da dona
quando o homem bebe
há só o copo
e a garrafa
o líquido milagroso
o gás
a espuma
quando o homem bebe
não há mesmo mais nada
nem as conversas dos jovens
nem o homem a ler o jornal
nem sequer o Telejornal
quando o homem bebe
está em comunhão com o sagrado.
"Vip", 11.7.2009
É NOITE
É noite
quase madrugada
e eu sou um homem livre
deambulo pela sala
à procura das palavras
abro o "Nexus"
e o "Olho Cosmológico"
Miller faz-me beber a essência
o ouro, o espírito, o coração
coisas que a gente vulgar
não me consegue fazer sentir
É noite
quase madrugada
não consigo dormir
bebo àgua
é tempo de criar
de arrancar as palavras
do coração
de as cuspir no papel
de ser o último dos românticos
de escrever ao som
dos galos a cantar
É noite
quase madrugada
e eu sou um homem livre
escrevo o que quero
leio o que quero
não pago os livros que trago
da Biblioteca
não tenho trabalho
nem obrigações
e assim estou de bem
comigo próprio
de consciência tranquila.
Friday, July 10, 2009
ENTRE DEUS E A MERDA
Entre a merda e Deus está a poesia. Não que Deus seja superior à merda. Aliás, merda para Deus!, já dizia Rimbaud. Não temos de a classificar em gerações ou em temáticas, a poesia vai a todo o lado. Abarca tudo, desde o homem-cotação bolsista até aos gatos e ao cão que tenho no quintal. Busca o sublime, Deus, a alma mas também pode falar das lixo e do retretes. Está entre Deus e a merda, seja lá Deus o que for, mesmo que Deus seja uma merda como em algumas passagens do Antigo Testamento.
Sunday, July 5, 2009
Nestes dias em que parece
que nada acontece
torna-se difícil escrever qualquer coisa
mas lá vou tentando
os organizadores das conferências esquecem-se de mim
apesar de eu aparecer nos livros
tenho de me habituar a essas rejeições
há outros que me vão chamando
sei, tenho a certeza de que vai chegar a minha hora
não tenho dúvidas
não sei é quando
o mesmo se passa com a revolução
que há-de vir
a revolução total
interior, poética, política, dionisíaca
que há-de vir
não tenho dúvidas
um novo mundo vai nascer
um mundo de amor e liberdade
mas não é o Obama
o Obama é só retórica
o Obama é social-democrata
não acredito no Obama
o próprio Jesus Cristo era conservador
condenava o adultério
e ameaçava arrasar cidades
mas tinha o seu lado revolucionário
estive a ler a Bíblia
estou a estudar a coisa
aliás, essa é outra coisa que faço
estudar
estudo os livros que leio
tomo notas
olho para a gaja do café
lá me vou entretendo
gosto do que faço
ninguém me força
tenho curiosidade
em aprofundar determinados assuntos
procuro o conhecimento
a sabedoria
dentro de certas àreas
não sei as horas
não trouxe telemóvel
não vejo aqui relógio
morte aos relógios!
EScrevi isto há 20 anos
há um ritmo flipado
a que não tenho voltado
não falo com ninguém nestas paragens
há tempos houve uma senhora que me perguntou
se eu tinha tido um cansaço cerebral
as pessoas não se vão sentando
à minha mesa como no "Piolho"
a dona do café é mais velha do que eu
mas atrai-me
as horas vão passando
não tenho pressa
o namoro acabou
tenho de procurar outra
dediquei um poema à J.
ficou muito comovida
mas não me disse mais nada
e se eu oferecesse um poema
à dona do café?
Não seria a primeira vez
a tarde está cinzenta
os jovens conversam
vou voltar ao Henry Miller.
Saturday, July 4, 2009
HÁ ALGUM AMOR?
Friday, July 3, 2009
DO VALE
O Do Vale discursa à nação
e dá gargalhadas sarcásticas
o Do Vale é um personagem
do "Piolho" e da cidade
apesar de estar sempre a falar de Braga
D. António Simões do Vale à presidência!
Isto sem personagens como o Do Vale
é sempre a mesma pasmaceira
fui cumprimentar o Martins
ainda não lhe tinha dado os parabéns
pelos 100 anos
hoje está um dia cinzento
e eu continuo com esta "ocupação"
de escrever versos
há mais de um ano
que escrevo continuamente
o Do Vale calou-se
está numa fase contemplativa
e eu não estou com o pedal de há dias
o café faz-me escrever
mas não é aquela coisa automática
não é a busca do sublime
apesar de o espírito estar aqui
queria escrever alguma coisa com piada
que fizesse rir o pessoal
mas neste momento não sou capaz.
"Piolho"
e dá gargalhadas sarcásticas
o Do Vale é um personagem
do "Piolho" e da cidade
apesar de estar sempre a falar de Braga
D. António Simões do Vale à presidência!
Isto sem personagens como o Do Vale
é sempre a mesma pasmaceira
fui cumprimentar o Martins
ainda não lhe tinha dado os parabéns
pelos 100 anos
hoje está um dia cinzento
e eu continuo com esta "ocupação"
de escrever versos
há mais de um ano
que escrevo continuamente
o Do Vale calou-se
está numa fase contemplativa
e eu não estou com o pedal de há dias
o café faz-me escrever
mas não é aquela coisa automática
não é a busca do sublime
apesar de o espírito estar aqui
queria escrever alguma coisa com piada
que fizesse rir o pessoal
mas neste momento não sou capaz.
"Piolho"
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