Thursday, October 16, 2008

NORTESHOPPING


Depois do médico vim ao "Norteshopping", à catedral do consumo. Venho cá ver as vistas, ou seja, as gajas, se bem que à semana haja pouca gente. Na catedral do consumo escrevo as palavras da loucura. Escrevi isto há anos. Se é loucura ou não, não sei. Mas sinto-me um enviado dos deuses. Um ser que traz o novo mundo, a Idade do Ouro, a era do espírito. Se calhar é mesmo à catedral do consumo que devo vir pregar a Boa Nova. Expulsar, como Cristo, os vendilhões do templo. De facto, devo apelar ao despojamento. Tenho mesmo uma missão. Não vim ao mundo para ter bens e riquezas, embora até possa vir a tê-los. Vim ao mundo pregar a virtude e a justiça. Mas não serei moderado, como Platão e Sócrates apregoavam. Cantarei o caos e o amor. Cantarei a Idade do Ouro, a Era do Espírito de Agostinho da Silva. Mas fá-lo-ei, no palco, de forma caótica, morrisoniana, nietscheana, dionisíaca. Provocarei a audiência, entrarei em choque com a audiência, atearei o fogo. Provocarei fogos como Nero, minha Agripina, escreverei poemas de fogo, cantarei o incêndio. Não procuro a polémica pela polémica. "A estrada do excesso conduz ao palácio da sabedoria", William Blake. Serei excessivo. Não é a provocação pela provocação. É a busca da sabedoria.

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