Tuesday, October 28, 2008

PALAS ATENA


Este exercício de escrever todos os dias. Ontem estava cheio de pedal e hoje já não estou. Podia-me dar para escrever diálogos, romances e ganhava dinheiro. Tornava-me um escritor profissional como Hemingway. Mas não. Só me dá para escrever estas merdas. Vá lá que há uns gajos do sindicato dos professores que mas publicam. Os professores devem estar tão em baixo que até publicam as minhas coisas. Corações ao alto. Nada de desãnimos. Ulisses já está em Ítaca. Escreve algo de sublime. De sublime, meu, de sublime. Não te deixes arrastar para a cama. Bebe copos, conversa com o mundo. Diz algo de sublime. Algo que surpreenda o mundo. Algo que enfeitice as gajas. Algo que mude a face da Terra. Vem ter comigo, deusa. Sai das trevas que te retém há mil anos, vem ter comigo, ilumina os meus passos, faz de mim um rei. Vem amar-me, deusa. Já que as outras não vêm porque me vêem teso, vem tu. Torna-me sublime, irmão dos deuses. Que se foda o quotidiano banal, que se foda a mesquinhice, que se fodam as telenovelas. Esta merda das coisinhas, das conversinhas, dos grupos fechados dá cabo de mim! Como disse no outro dia uma gaja devo começar a pregar para toda a gente. Dá-me forças, como deste a Ulisses, Palas Atena! Acredito em ti mais do que nas gajas do café. Acredito em ti mais do que no café. Acredito em ti mais do que na aldeia. Acredito em ti, Palas Atena. Ajuda-me. Vem ter comigo. O mundo, salvo algumas ocasiões, é uma merda. Não sou menos do que Ulisses. Já fiz muitas viagens, já vi muitos filmes, já enfrentei muitos demónios, já andei vestido de mendigo, dá-me a glória, Palas Atena. É a glória que eu quero, ó deusa. Para mim e para a Humanidade. Há gajas bonitas na televisão. Saí da televisão, sede as minhas bacantes. Ontem estava em glória mas hoje já não estou. Merda! Palas Atena, porque me abandonas? Estarei condenado a sofrer todas as provações?